O melhor de dois mundos: o mar e Serra da Estrela

Sentámo-nos nas escarpas de pernas cruzadas, com respiração fogaz, esperando somente aquele momento em que o mar colide com as rochas na Serra da Estrela

o mar e Serra da Estrela
O melhor de dois mundos: o mar e Serra da Estrela - ©Nuno Adriano

O melhor de dois mundos: o mar e Serra da Estrela

 O “canhão da Estrela” foi novamente carregado, disparando vagas atrás de vagas contra as falésias de granito. Mas elas permanecem imutáveis, resistiram à última era glaciar, quando foram bombardeadas por maciças e pesadas línguas de gelo. Perante tal cenário, negamos o apelo da quietude trazido pelo próprio inverno, fomentador da abstenção de nada fazer e decidimos surfar este mar com o nosso olhar.

Voltámos…

Num artigo anterior, terminámos o mesmo com a frase: “Prometemos voltar, sempre que o vento for de feição…”. Pois esse momento chegou, tais como marinheiros à espera do vento de feição para içar as velas e desejosos de ver a proa cortar as ondas. Chegou esse mesmo momento de subir esta montanha, a última vez em 2021. Todos os argumentos são válidos para estarmos aqui, neste local, sentados, a olhar para aquilo que a natureza faz de melhor: impressionar os comuns mortais, a tal vitamina D para entrar no ano de 2022, em grande.

O exercício da espera.

Quanto mais nos afastamos da terra, mais o oceano de nuvens se afirma. É a figura principal do palco, o centro das atenções. Aqui temos um propósito, um ritmo diferente para apreciar aquilo que nos passa despercebido à frente dos olhos durante os nossos dias stressantes. Após uma caminhada curta, mas vigorante, sentámo-nos nas escarpas de pernas cruzadas, com respiração fogaz, esperando somente aquele momento em que o mar colide com as rochas e o sol se regozija com a sua “golden hour”. O exercício da espera é fácil, pois sabemos de antemão que quando terminar, o espetáculo será de arromba.

Nada amanhã é melhor que hoje.

Com a maré alta, o bailado ritmado das ondas continua e supera as melhores expetativas. Desfrutar da representação da Senhora Mãe Natureza, sabendo que esta actuação não dura uma vida. Por isso, qualquer minuto é crucial para nos abstermos do que pode acontecer no amanhã, quando temos no hoje ainda tanto para ver e viver. No meio do silêncio crepuscular, e antes de darmos inicio ao nosso regresso, soou um comentário em tom de desabafo sincero: “isto é de meter inveja ao 5G”. Todos olharam em silêncio, esperando algum comentário irónico ou contra. Mas não, como seria expectável, com o seu silêncio consentiram a absolutíssima razão!!!

Nota importante: Em alguns dos locais mencionadas aconselha-se a visita com acompanhamento de guia.

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