Já são conhecidas as 22 marchas que vão desfilar na Avenida da Liberdade no próximo dia 12 de junho. Os bairros da Mouraria, Marvila, Carnide, São Vicente, Santa Engrácia, Olivais e Madragoa foram os últimos a passar pelo Meo Arena. A ponte sobre o Tejo e o aniversário de Rafael Bordalo Pinheiro são os dois motes para a festa deste ano.
“Depois pasmámos ao ver erguer aquela ponte de atravessar o rio que ali já nos estava quase a dizer que não sabia se queria ainda ser rio ou já ser mar”. A canção da Pontaria, vencedora do Concurso Grande Marcha de Lisboa, homenageia a ponte sobre o Tejo, hoje Ponte 25 de Abril, que celebra o seu 50º aniversário. Se a ponte é Tejo, Tejo é Lisboa e, por isso, este é um dos temas para as marchas populares de 2016.
“Lixo não é no mar, não é no chão, não é nos rios. O lixo tem o seu lugar” alertam os marchantes dos Olivais. A necessidade de preservar o rio Tejo foi o tema trazido pela marcha do bairro. “Olivais da Cor do Mar” é um tema que preza pela originalidade e que, acima de tudo, quer apelar à consciencialização, refere o diretor Carlos Santos: “Nós, no nosso bairro, somos virados para o mar, mas o rio Tejo, por ser tão importante para a cidade e para o país, não deve ser esquecido”.
Também Carnide traz o rio com o tema “Mergulho no Tejo e dou-te um Beijo”. Remonta aos anos 20 e os marchantes trajam a rigor com fatos de banho de época. “Os nossos fatos enquadram-se perfeitamente no tema, são bonitos e têm tudo o que uma marcha popular pede”, diz um marchante. Francisco Branquinho, responsável pela imagem da marcha, acredita que o grupo se destaca “pela diferença, originalidade e colorido” dos seus figurinos.
A marcha do bairro da Madragoa apresenta-se com o tema “Cada Saída para o Mar, Cada História Para Contar”. E é nas histórias de alto mar que chegam a terra pela voz dos pescadores que se inspirou a marcha: “cada saída dos pescadores é diferente e existem sempre histórias para contar”, explica o responsável. “Fazemos também um tributo à figura mais típica de Lisboa que é a Varina, porque a maior parte das varinas era da Madragoa”, explica João Catarino, marchante.
A par com o Tejo e com a ponte, este ano, há ainda outro tema predominante nas marchas populares: Rafael Bordalo Pinheiro. No ano em que se assinalam os 170 anos do nascimento do artista português, a Câmara Municipal não quis ficar indiferente à sua vida e obra.
“Não podia ser um tema mais popular, mais português, que tem a ver com a nossa cultura e com as nossas raízes que é uma coisa em que acredito e que defendo muito” afirma a atriz Melânia Gomes, madrinha da marcha de São Vicente que escolheu o tema “Rafael Augusto Bordalo Pinheiro” para 2016.
Também a marcha de Santa Engrácia deixa o seu tributo ao artista. “Queremos participar e continuar a participar nesta festa e sendo Bordalo uma figura tão importante para nós, achámos que seria um bom tema para a marcha. Acho que está uma marcha bonita”, afirma Carlos Perdiz, o diretor.
“Um tostão para o Santo António” é o tema escolhido para representar o bairro de Marvila, uma sátira ao dia-a-dia dos portugueses: “É um tema que está na voz do povo. Com a crise toda a gente fala do tostão e por isso faz sentido”, explica Marco Silva, responsável pela marcha.
O popular também é fado e, por isso, a Mouraria traz a guitarra portuguesa para a marcha. “A mouraria é fado e nós quisemos trazer as desgarradas, as casas de fado e, claro, a Severa”, explica a ensaiadora Sofia Silva.
Realizou-se no passado domingo o último dia de exibições da Marchas Populares de Lisboa de 2016, no Meo Arena. Para a organização, o balanço geral é bastante positivo:
“Este ano voltámos a ter muito interesse de todos os bairros. Tentamos chegar a todos mas não conseguimos. Tem de haver um sorteio, mas é muito gratificante ver esta entrega”, explica a Joana Gomes Cardoso. A presidente do conselho de administração da EGEAC destaca o “rejuvenescimento das marchas, pois há cada vez mais jovens envolvidos” nas representações dos seus bairros.
“Penso que os resultados sejam amplamente positivos. Penso que foi um dos melhores anos de sempre que tivemos aqui na Meo Arena”, diz Pedro Moreira, “agora é Avenida da Liberdade.”
Cerca de 18 mil pessoas assistiram às apresentações das Marchas Populares de Lisboa de 2016, que aconteceram durante o passado fim de semana. As marchas vão voltar a desfilar pela última vez, na noite de 12 de junho, na Avenida da Liberdade.