Sete fadistas juntaram-se ontem, 21 de junho, a José Manuel Neto à guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença (viola de fado) e Daniel Pinto (Didi) na viola baixo, numa homenagem a Carlos Zel.
Celeste Rodrigues, irmã da mítica Amália, foi a primeira fadista a pisar o palco do Salão Preto e Prata, no Casino Estoril, num ambiente a meia luz, como que nos transportando para uma típica casa de fados.
Seguiram-se Ricardo Ribeiro, que também cantou três temas, e Gisela João. A fadista de Barcelos surgiu-nos sentada e descontraída, terminando a sua atuação com a “Casa da Mariquinhas”, acompanhada por um público que, timidamente, batia palmas.
A Branca Zel, viúva de Carlos Zel, coube a tarefa de anunciar cada artista, como vem sendo habitual, e, depois de Camané, foi a vez de Raquel Tavares prestar a sua homenagem.
A cantora lisboeta referiu que teve a sorte “de conhecer o Carlos e, apesar de não termos muita coisa em comum, havia uma que era referência e inspiração para os dois: Dona Beatriz da Conceição”, afirma, enquanto, numa voz embargada indica aos presentes que o xaile que lhe cobre as costas pertencia à Dona Bia, como era conhecida.
“Orgulhoso por participar mais uma vez” , afirma Carlos do Carmo, que reune um consensual aplauso e desafia o público, que acede, a cantar consigo o último fado da noite: “Lisboa, Menina e Moça”.
A 15ª Grande Gala do Fado terminou com o agradecimento sentido de Branca Zel a todos os que estiveram presentes.
Lili Caneças teve “o prazer de conhecer o Carlos Zel, era ele ainda muito novinho, estava ainda a começar no fado e acompanhei sempre a carreira dele”, tendo participado “por brincadeira” em algumas das Quartas-Feiras do Fado que “o Carlos introduziu aqui no Casino”.
“É uma grande honra para mim estar aqui, acho que estive cá as quinze vezes, não falhei nem uma e acredito que o Carlos, que nos deixou prematuramente, está lá em cima a cantar o fado”.
Júlio Isidro não esteve em todas as galas, mas esclarece que “esta tem um significado muito especial porque começa com uma senhora que é eterna e acaba com um senhor que está a caminhar para a eternidade, em vida, felizmente, um e outro”, referindo que “as pessoas virem aqui com o propósito de evocar o Carlos Zel, vêm evocar o que há de melhor neste Património Mundial da Humanidade que é o fado”.
“É muito bom, às vezes, sermos público, normalmente estou do lado de lá e adorei a gala”. Quem o diz é a cantora Alexandra que nutre por Ricardo Ribeiro “um carinho especial porque começou a cantar na minha casa”, mas “são todos óptimos fadistas, não podia deixar de gostar”.
“Eu sou uma cantora que canta fado, mas sei apreciar toda esta gente que canta muito bem e estou muito feliz porque o fado continua a divulgar o nosso país”.
Para a cantora, que também já participou numa edição anterior, podia haver mais variedade “nos fadistas escolhidos porque há muita gente a cantar muito bem o fado”.
Carlos Zel, nascido em 1950, dedicou trinta anos da sua vida ao fado, tendo falecido em 2002, aos 51 anos de idade.