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Festas do Mar 2016 – Brissos e os Conselheiros da Estrada e João Pedro Pais, animam a Baia de Cascais

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Festas do Mar 2016 – Brissos e os Conselheiros da Estrada e João Pedro Pais, animam a Baia de Cascais


Numa noite de Verão, o primeiro domingo das Festas do Mar contou com a presença de Brissos e os Conselheiros da Estrada e do já conhecido João Pedro Pais que não desapontou o público que se manteve firme desde as primeiras linhas até ao forte de Cascais.

No seu estilo muito próprio e com a sua voz inconfundível que foi cimentando ao longo de quase 20 anos de carreira, João Pedro Pais foi capaz de arrecadar vários aplausos sentidos e coros altamente afinados. A cumplicidade entre artista e público foi mais ou menos uma constante, tendo mesmo o público chegado a incentivar João Pedro Pais a tirar os pés do chão. A proposta encontrou boa recetividade e foi logo retribuída.

Numa atuação que percorreu a carreira do cantor, o momento mais efusivo da noite foi patrocinado por um dos seus singles mais aclamados, “Não há ninguém como tu”, chegando-se neste momento a ensaiar um coro a 2 vozes.

Mais ou menos a meio do espetáculo entrou em palco, por convite de João Pedro Pais, NEEV, artista de 21 anos e natural de Cascais. Bastante aplaudido e com uma voz pouco comum e numa série de oitavas abaixo do que aquilo que seria de esperar, NEEV é dotado de uma voz que, estranhamente, é capaz de entusiasmar os ouvintes mais céticos. Foi sem dúvida um dos momentos altos da noite.

Apesar da grande atuação de João Pedro Pais, a surpresa deste terceiro dia de Festa ficou reservada para Brissos e os Conselheiros de Estrada.

Num concerto que prezou pelo Blues, pelo Rock e algum Pop, com riffs e solos de guitarra a fazerem lembrar tempos idos da música portuguesa, infelizmente a animação montada em palco, seja pela musica, seja pela dialética que Paulo Brissos tentou estabelecer, dificilmente (e infelizmente) encontrou muita recetividade por parte dos curiosos que se foram juntando perto do palco.

Com clara influência de Rui Veloso (não tivesse este tema tido a participação do mesmo) “Zé-ninguém”, a fazer lembrar o Chico Fininho, foi finalmente capaz de entusiasmar alguns daqueles que já por lá se encontravam e outros que por lá se foram juntando.

Apesar do pouco tempo que tiveram em palco, Brissos e os Companheiros de Estrada tiveram ainda tempo para chamar dois convidados. Esta tendência para promoverem parcerias com outros artistas (Rui Veloso, Alexandre Frazão, Luís Ferreira, Ruben ”El Pavoni”, Pedro Vidal, Raffa Noise são alguns dos nomes que participaram no último álbum) deve-se ao facto de Paulo Brissos gostar de “abordar outros caminhos”, sendo neste sentido que o mesmo afirma que este “é um trabalho muito democrático na medida em que convidamos muita gente e tem um pouco de todos nós”.

Primeiramente, subiu ao palco aquela que abriu as hostilidades nas Festas do Mar 2016, Cherry, que juntamente com Paulo Brissos interpretou um tema de 98, “Serás tu”, talvez naquele que terá sido o momento mais intimista de todo o concerto.

Já quase no final foi a vez de Raffa Noise dar um ar da sua graça, e a sonoridade migrar para o hip-hop num registo mais interventivo e provocador (à imagem de “Huguito”). Num momento a fazer lembrar as antigas atuações de Da Weasel, a energia foi contagiante. Foi sem dúvida um momento inesperado, num concerto em que, pela prestação, energia e qualidade sonora demonstrada em palco, a banda merecia da plateia presente. Raffa Noise “é um rapper da nova geração e é uma pessoa com um talento enorme que escreve muito bem e que tem um vozeirão”. De acordo com Paulo Brissos a parceria entre os dois teve início dado que era vontade geral “abordar um bocadinho a cena do hip-hop”.

 E porque nem só o desporto vive do futebol, antes do final do concerto e, aquando do tema “Magenta”, houve ainda tempo para Paulo Brissos homenagear os desportistas portugueses que neste mês que agora termina representaram Portugal nos Jogos Olímpicos.

Paulo Brissos, um artista que conta já com 5 álbuns lançados a solo iniciou a sua carreira em 93, tendo agora decidido alargar o projeto à restante banda porque para si “os dois caminhos fazem sentido”. No entanto é preciso notar que esta mudança no alinhamento é quase apenas ao nível do nome adotado agora, na medida em que como o mesmo afirma, “basicamente era o que já fazíamos porque eles são a banda que me acompanha há algum tempo”. A única diferença que se pode notar entre este novo projeto e o projeto de Paulo Brissos a solo, prende-se com o facto de que neste álbum que agora editaram, tiveram “a participação de todos”. De acordo com o cantor, o nome escolhido (Conselheiros de Estrada) pretende refletir um pouco a filosofia do grupo, ou seja, “como o teor dos temas que abordamos são um pouco na caricatura e na sátira da nossa realidade social, política, achámos que Conselheiros de Estrada era um nome engraçado, porque faz uma sátira aos “Conselheiros de Estado”. Apesar desta componente mais social e política que pode ser percebida em alguns dos temas (“Huguito”, “Está um frio que não se pode”), o grupo não se considera interventivo na medida em que “não tentamos mudar nada; apenas brincamos um pouco com a realidade que às vezes parece ser um pouco triste ou perigosa”.

Ao nível da recetividade do álbum lançado em Março deste ano, Paulo Brissos acredita que “este tipo de música funcione melhor vindo de baixo, vindo do público”. De acordo com o mesmo foi isso mesmo que tentaram fazer na sua atuação em Cascais; “mostrar um pouco o nosso trabalho e fazer com que as pessoas tenham curiosidade e voltem a ver e a ouvir”. No final da entrevista, Paulo Brissos não deixa de tecer uma crítica ao mercado musical nacional, referindo que “não se pode dizer que tenhamos uma indústria propriamente dita e não temos estrada, não temos aquele circuito que é ideal para as bandas se movimentarem e crescerem”. Sendo assim, aquilo que sobra é “ir fazendo com aquilo que a cepa dá”. E que bem que o parecem conseguir fazer.