Na 47ª edição da ModaLisboa foram 30 os criadores que, durante três dias, mostraram o que se vai usar na Primavera/Verão de 2017.
Mas, mais do que mostrar tendências, grande parte dos designers utiliza as suas criações para passar alguma mensagem.
Tó Romano, fundador da agência Central Models, disse que o que definia Nuno Gama era o espetáculo. Para o estilista, a completar 30 anos de carreira, “o espetáculo faz parte da minha obrigação e, de certa forma, da expetativa que as pessoas têm de mim. As pessoas saíram de casa para vir ver o nosso trabalho e querem levar alguma coisa daí e é isso que tentamos fazer: surpreender, fazer uma coleção excelente e tudo que faça as pessoas dizer “ainda bem que saí de casa e estive aqui hoje”.
Nesta coleção, aproveitei essa boleia, talvez de uma forma abusiva, para os pôr a pensar em coisas que eu acho que são importantes. Foi essa a intenção declarada, que todos saíssemos daqui hoje a pensar se realmente há assim tanta coisa que nos divide ou se não há coisas bem mais positivas que nos unam” e defende que ” cada um de nós deve ter a sua missão e deve saber levar a sua palavra ao mundo e aproveitar as formas que tem para o fazer. A minha é esta”.
Também Nadir Tati, estilista angolana formada em Criminologia, algo que revelou usar “muito a moda na criminologia e vice-versa. Não há diferenças muito grandes porque sou uma mulher do mundo e consigo separar uma série de coisas”, desvendou a intenção da sua coleção:
“Esta é uma coleção muito moderna e muito jovem. “Caminhos da Alma” fala exatamente sobre o caminho difícil que os jovens, não só os angolanos, têm enfrentado e que precisam de estabilidade, de paz e que sejam criadas as condições de trabalho para poderem melhorar e para que, de fato, saia aquilo que chamo o talento dentro de nós.
É muito importante estar aqui hoje e poder passar essa mensagem, através de uma coleção principalmente em tons pretos por causa do clima e do momento que se está a viver e a sentir nos dias de hoje e, por isso, tentar puxar e motivar valores, cultura, tradições e África. Era importante que qualquer pessoa naquela sala sentisse que aquela coleção era para si.”
Tati mostrou-se honrada pela participação, pela quarta vez, na ModaLisboa e Nuno Gama, que este ano fez 50 anos, falou-nos do que ainda falta fazer:
“Ainda me falta fazer tanta coisa. É uma das coisas que maior felicidade traz nos 50 anos. É pensarmos nesse número, mas percebermos que ainda está ali tanta coisa para ser feita. Não se torna redutor, pelo contrário. É aprendizagem, é sabedoria, é maturidade e é tudo o resto que ainda não fizemos e ainda podemos fazer com tudo o que adquirimos com o tempo.”.
Quando questionado para quando o regresso à moda feminina, o estilista, sorrindo, lançou um misterioso “Um dia destes..”