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Cem Soldos inundada de Bons Sons

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Cem Soldos inundada de Bons Sons


Quem ficar em casa perde, com certeza, o festival mais cool da música portuguesa.

O segundo dia do Festival Bons Sons amanheceu solarengo, prometendo mais um dia quente. A noite tinha sido bastante animada ao ritmo dos Thunder&Co e Groove Salvation e já era madrugada quando os festivaleiros dispersaram. Uns voltaram para casa ou para alojamentos na região. Outros, aqueles que querem aproveitar os “Bons Sons” até ao último minuto, voltaram às tendas que enchem o parque de campismo, pois a manhã estava quase a chegar e há mais animação a não perder.

Sendo o Bons Sons um festival a pensar na família e porque tradicionalmente as crianças acordam cedo, o primeiro concerto foi-lhes dedicado. “Canções para crianças” no palco, instalado no velho armazém, animou a criançada e deixou os pais um pouco mais libertos para “viver a aldeia”.

Depois do almoço, servido nas tasquinhas improvisadas nas casas dos habitantes de Cem Soldos, Lúcia Vives e João Raposo mostraram-nos a sua afinidade em letras carregadas de imagens fortes e o companheirismo que os une, atuando no Palco MPAGDP (Música Portuguesa A Gostar Dela Própria). No ambiente fresco da Igreja de S. Sebastião, Filipe Valentim, trouxe-nos sons de saxofone, num trabalho de pesquisa a solo.

No coreto, Filipe Sambado, trouxe-nos sons de baterias cavalgantes acompanhadas por percussões tristes, entremeadas por guitarras abafadas em teclados rasgadinhos.

No palco Tarde ao Sol, os Les Saint Armand, fizeram-nos sentir a importância atribuída às palavras nas letras enfeitadas em harmonia.

Juntas no Palco Giacometti, as Senõritas (Mitó e Sandra), partilharam com o publico o gosto por ensaiar, compor e tocar juntas, unindo voz, guitarra, baixo e acordeão em atmosferas, densas, cruas e diretas.
 

Pedro Lucas e Carlos Medeiros juntaram-se no Palco Lopes-Graça, para nos mostrarem a construção de uma nova topografia da música popular portuguesa.

Na Palco da Eira, os Mão Morta, voltaram a tocar temas de Mutantes S.21, álbum que os trouxe para a ribalta e os tornou numa banda de culto. Por isso, muito para além da reposição nostálgica, esta atuação demonstrou a sua capacidade de reinvenção e a fidelização do seu público.

A fazer jus ao nome do Palco Lopes-Graça, Né Ladeiras, partilhou o talento que a aproxima do tradicional ao urbano. A sua voz cristalina fez-nos reviver momentos e avivou-nos memórias.

Voltando ao palco da Eira, escutamos os Throes + The Shine, que levaram o público ao rubro, sabendo criar uma ponte entre o Porto e Luanda, entre a aventura e a vitalidade. Fundem rock e kuduro, mas alargaram os seus horizontes para albergar diversas culturas.

A noite chegou e com ela os pratos partilhados por Zé Nuno, Sam U e Beat Dizorder, todos do projeto Ballroom, que animaram a noite com sons funk, house e techno e que deixaram a pista de dança a ferver.

Os jogos de proximidade, diálogos e partilhas não se esgotam nos projetos musicais. Lander&Jonas no auditório exploram a sua comunicação telepática, enquanto expoente máximo da conexão relacional de um casal, na performance “Cascas d’OvO”.

Por toda a aldeia os festivaleiros encontraram frescura, nos aspersores montados por todo o recinto do festival, nas bisnagas e difusores bombeados pelos voluntários, ou nas bebidas regionais refrescantes, como o mouchão, a sangria da tasca ou a charolinha. Tudo isto não foi bastante para arrefecer a animação do “Bons Sons”.