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Momentos únicos nos Bons Sons, em Cem Soldos

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Momentos únicos nos Bons Sons, em Cem Soldos


A música percorreu as ruas e entrou nas casas. “AGORA, AQUI” foi umas das surpresas mais bem guardadas do festival, com artistas a entrarem casa adentro e fazerem pequenos instantâneos acústicos para quem conseguiu, ou calhou ver.

Ontem, domingo (13), a manhã começou com a já habitual “musica para crianças”. Alguns pais aproveitam para proporcionar às crianças, (algo impensável fazer nas cidades, mas que em Cem Soldos é perfeitamente normal) um passeio de burro pela aldeia. Também é de manhã que se aproveita para visitar as tendinhas onde se vende artesanato e objetos que irão servir para mais tarde recordar este festival.

A tarde iniciou-se com a atuação dos Moços da Vila, que no Palco MPAGDP, fazendo jus ao nome entoaram orgulhosamente o “Cante Alentejano”, reconhecido pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade desde 2014.

Já no Palco Giocometti, instalado no coreto da praça de São Pedro, Joana Barra Vaz, mostrou-nos porque foi aclamada pela crítica logo no seu primeiro registo de longa duração. Joana embala-nos entre o folk e a eletrónica e leva-nos no ritmo das canções que traz na ponta da língua.

No Palco Tarde ao Sol, uma proposta diferente com Sonoscopia a apresentar “Phobos, orquestra robótica disfuncional” – um conjunto de pequenos geradores automáticos de música que formam uma orquestra de dispositivos estranhos com comportamento aleatório.

Voltando ao Giacometti, a voz rouca e a guitarra de Captain Boy (o alter ego de Pedro Ribeiro) contam-nos as histórias das suas aventuras a bordo de um barco imaginário. Mas logo a seguir somos chamados pelos sons que vêm da Igreja de S. Sebastião. Mais um espetáculo que tinha tanto de sonoro como de visual. Eram os Sampladélicos que com uma performance a partir das gravações de práticas musicais e ambientes sonoros nos dão a conhecer sonoridades pouco habituais.

Paulo Bragança, foi sem duvida um dos regressos mais aguardados. Este interprete excecional do fado, foi fiel à imagem irreverente que caracteriza a sua maneira de sentir a musica. De volta a Portugal, no Palco Lopes-Graça, Paulo Bragança deu um espetáculo que superou as espectativas do publico presente no “Bons Sons”.

Samuel Úria, presença assídua em vários palcos do país e no BONS SONS, reservou para si o Palco Eira, para alem de durante a tarde, ter surpreendido os transeuntes de uma das ruas da aldeia, ao aparecer à janela de uma casa para fazer um micro-espetaculo. Este prolífico cantautor, desafiou o publico para o acompanhar nas suas mensagens e letras cheias de conteúdo para decifrar.

Corria o ano de 1978 e com a conquista espacial no horizonte, José Cid, uns passos à frente do seu tempo edita o visionário álbum “10.000 anos depois entre Vénus e Marte,” uma obra de génio do rock, que ganhou estatuto de álbum de culto tanto em Portugal como além-fronteiras. Foram os quase 40 anos deste álbum, que celebramos no Palco Lopes-Graça, com José Cid, seu compositor e interprete original.

 

Os Orelha Negra prosseguem o seu ritmado e envolvente reencontro com um público sempre ao rubro. Reabre-se o Palco Eira para os receber e às suas canções. A plateia foi ao rubro com os medleys surpreendentes a que a banda já nos habituou.

A noite terminou no Palco Aguardela com Puto Anderson e DJ NinOo, dois dos membros da Firma do Txiga, produtores inventivos, DJs realizados e uma das crews mais jovens e pujantes a produzir música de dança eletrónica autóctone da Grande Lisboa, na companhia de K30.

No Auditório, Carlota Lagido apresenta Jungle Reed ou Der Elgnuj, um argumento ornitológico, que conta com a participação de diversas pessoas, que transmitirem à autora uma ideia, que foi posteriormente transformada em algo seu, do seu corpo, com um tempo e características diferentes, fazendo o todo da composição coreográfica.

Sem pré-aviso, aconteceram concertos instantâneos que decorreram ao longo das tardes do festival. Em qualquer ponto do recinto, mesmo dentro das casas, os artistas do cartaz podem emergir com um micro-espetáculo tão acústico como irrepetível. Quem estava, estava e viu, quem não estava, perdeu sem duvida momentos únicos.