Terá sido o Infante D Henrique que introduziu o cultivo da cana-de-açúcar na Madeira. Por ser um produto raro e por isso caro, o projeto foi de rápida expansão. O “ouro branco” passou a ser escoado para os mercados europeus passando a proporcionar um enorme desenvolvimento da ilha.
Os mercadores que levavam o açúcar para Bruges e Antuérpia, entre outras cidades da Flandres, regressavam regularmente à Madeira com muitas obras de arte, sobretudo de caráter religioso, entre pintura, escultura, artes decorativas e ourivesaria.
Entre algumas das obras agora patentes ao público, poderá ser vista uma Virgem e o Menino do século XVI, proveniente da Flandres, que segundo os comissários é “a mais importante e emblemática escultura da Madeira, com extraordinária qualidade do entalhe escultórico”. Em destaque estão também o Retábulo dos Reis Magos, de uma oficina de Antuérpia, de 1530, um óleo sobre madeira dourada e policromada, e o tríptico de Jan Provost, da escola flamenga, de 1529, com Nossa Senhora da Misericórdia ao centro, ladeada pelos santos Cristóvão, Paulo, Pedro e Sebastião.
“Esta exposição realiza-se aqui, em Lisboa, porque é aqui que, no fundo, se inicia a grande epopeia marítima dos descobrimentos e é também desta forma e neste palco que reforçamos a nossa abertura ao mundo, apresentando uma Madeira virada para o exterior, que se deseja conhecer e afirmar, nesta ocasião, pela via de 6 séculos de história que se querem partilhados entre todos. É também, e naturalmente, um momento de grande projeção turística para um destino que tem uma oferta cultural inigualável, como se pode constatar através do património único que agora se expõe, neste local emblemático”. É desta forma que a Secretária Regional do Turismo e Cultura, Paula Cabaço, comenta, à margem da Conferência de imprensa realizada esta manhã, no Museu Nacional de Arte Antiga, a antecipação das comemorações dos 600 anos do descobrimento das ilhas do Porto Santo e da Madeira.
Celebrações que, segundo faz questão de referir, “se desejam transversais a toda a sociedade” e potenciadoras das mais diversas iniciativas e ações, “quer dentro quer fora da Região”. E isto porque, conforme sublinha Paula Cabaço, o palco principal destas comemorações será, naturalmente, o arquipélago da Madeira, embora estejam também projetadas ações em Portugal continental e no exterior, concretamente na diáspora madeirense e junto dos países com que de alguma forma se tenham desenvolvido laços históricos e comerciais, ao longo destes 6 séculos de história.
Enaltecendo a qualidade das obras que se encontram expostas, a governante refere que esta recolha “possibilitou a valorização de um património que se encontrava disperso”, vindo permitir não apenas o desenvolvimento de uma investigação técnica e científica especializada como, também, a recuperação e restauro de algumas peças que ilustram este período histórico, “difícil de assegurar noutro enquadramento que não este”.
“Esta é sem duvida uma Exposição de grande importância para a Região, que se espera conhecida por todos os madeirenses e porto-santenses mas, também, pelo país inteiro e pelos nossos visitantes”, conclui.
“As Ilhas do Ouro Branco – Encomenda Artística na Madeira (séculos XV-XVI)” é uma exposição comissariada por Fernando António Baptista Pereira e Francisco Clode de Sousa, que estará patente ao público de amanhã (16) até 18 de março no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.