“O curioso desta peça é, para além da comédia, ter um enredo em forma de ‘thrilller’. Há muita cena de humor mas há também muito suspense”, começou por explicar Fernando Gomes, encenador da peça, que assegura tratar-se de “uma história muito curiosa que tem um final absolutamente inesperado”.
O guião foi escrito originalmente em 1994 pelo escritor e dramaturgo inglês Alan Ayckbourn e foi traduzido e adaptado por Fernando Villas-Boas. Já em palco Gabriela Barros, Jorge Corrula, Manuela Couto, Ruben Madureira, Sérgio Praia e Sissi Martins dão vida às personagens que se vão cruzando nas diferentes épocas.
A dar vida a Ricardo está Sérgio Praia que abre um pouco do véu sobre a personagem que interpreta.
“O Ricardo tem 75 anos, está no fim da vida, sabe que vai morrer e arrepende-se de ter compactuado com o seu empregado no assassinato das duas mulheres que ele teve. Chama uma prostituta à suite do hotel para lhe poder assinar uma confissão”, descreveu não poupando elogios ao papel que lhe foi atribuído e ao encenador da peça.
“Eu sempre gostei de fazer de velho porque nos faz talvez pensar de como seremos daqui a uns tempos, se eu chegar até lá, não é? Mas é giro a nível de construção de personagem e eu tenho essa felicidade de atravessar várias épocas. Isto tudo claro com a grande ajuda do Fernando Gomes, o encenador, que sem ele não alcançaríamos nem metade”.
Ricardo não está sozinho, conta com um sócio, o Julião. Quem dá vida a esta personagem é Ruben Madureira que sublinha o gosto em contracenar com um ator de quem era fã.
“Está a ser um privilégio para mim esta partilha que nós [o próprio, junto com Sérgio Praia] estamos a ter em palco. Está a ser maravilhoso para mim, já o admirava há muito tempo enquanto ator agora percebendo que ele é um ser humano extraordinário ainda mais cativado fiquei por ele”.
A dividir o tempo entre a novela que estreia segunda-feira na SIC, ‘Vidas Opostas’, e esta peça, encontra-se Jorge Corrula que já se encontrava fora do teatro há quatro anos “para se dedicar à vida pessoal”.
“Eu comecei ensaios [teatro] e gravações [novela] na mesma semana, sensivelmente em fevereiro, e vamos estrear exactamente na mesma semana”, lembrou, referindo-se à coincidência das datas. Quanto à personagem que interpreta na peça, o marido de Paula Lobo Antunes é Arnaldo Meireles.
“É o segurança do hotel que à ‘bom segurança’ português acha que é ele que controla tudo. Há coisas caricatas a acontecer que ele não vai controlar nem vai perceber o que está a acontecer, que é o facto de haver uma porta comunicante que faz relação com o presente, passado e futuro”.
Também a dividir o tempo entre a televisão, em ‘Donos Disto Tudo’, na RTP, e o teatro está Gabriela Barros que garante estar “muito feliz” no papel que representa.
“É uma pessoa com um coração maravilhoso, muito alegre, muito crédula, muito querida a ajudar o mundo e coitada … vê-se sempre envolta no meio dos problemas dos outros e tenta resolver à maneira dela”.
Também a juntar-se a este elenco de luxo encontra-se Sissi Martins que garante que “quem gosta do filme ‘Regresso ao Futuro’ vai se divertir muito”.
A atriz vai dar a vida a Jéssica que em plena noite de núpcias vai receber uma visita inesperada. “No quarto de hotel Renata, que se diz a segunda mulher do meu marido, vem me trazer uma noticia um bocado trágica da minha segunda vida, vem me alertar e eu vou ter que tomar uma decisão”, revelou, acrescentando que o “mais divertido é o publico estar até ao fim na dúvida”.
Não estreante nessa peça é Manuela Couto.
“Fiz esta peça há 20 anos, mas fazia outra personagem. Fiz no Teatro da Comuna. Tinha outro nome, era: ‘Portas Comunicantes’ e fiz a personagem que a Gabriela Barros está a fazer”, contou a atriz que agora dá vida a uma nova personagem, a segunda mulher de Ricardo, na altura personagem interpretada por Cucha Carvalheiro. Um desafio que não deixa margem para dúvidas: “para mim é duplamente interessante”.
‘Suite 647’ estreia já na próxima segunda-feira, em Lisboa, mas o elenco vai viajar, não no tempo, mas para o Porto, mais propriamente para o Teatro Sá da Bandeira, para estrear a peça no dia 13 de Setembro.