Com um painel de quatro reconhecidos oradores internacionais, incluindo o antigo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Climate Change Leadership Porto Summit 2018está a posicionar a cidade do Porto como centro mundial da apresentação de soluções para fazer face às alterações climáticas. Esta sexta-feira foi marcada pela abertura de um espaço de debate de medidas que impactem as empresas e o meio ambiente de forma mais positiva, e pelos primeiros passos do Porto Protocol, um movimento empresarial e institucional voluntário em prol de uma politica ambiental mais sustentável, aos quais assistiram cerca de duas mil e duzentas pessoas.
“Esta conferência e o Porto Protocol exemplificam o tipo de liderança empresarial que precisamos tão desesperadamente para nos colocar num caminho equilibrado de crescimento ambiental inclusivo [BIGG – sigla do inglês Balanced Inclusive Green Growth], em direção à sustentabilidade global. A minha esperança e expectativa sincera é a de que o Porto Protocol seja subscrito por outras indústrias e apoiantes, de forma a tornar-se uma iniciativa mais abrangente para a ação de combate às alterações climáticas,” apela o co-laureado com o Prémio Nobel da Paz em 2007 e antigo Vice-Presidente do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas da ONU, Mohan Munasinghe.
Também o Presidente da Advanced Leadership Foundation Juan Verde evidenciou a necessidade de envolvimento das entidades no compromisso económico e ambiental: “A economia sustentável não tem apenas sentido sob um ponto de vista ético e moral, antes de mais tem sentido sob um ponto de vista de competitividade e oportunidades de negócio para as empresas. Entendendo isto, entende-se também que hoje há dois tipos de empresas. As que partilham desta perspetiva, e que triunfarão, e as que não o entendem. Estas últimas desaparecerão”.
Também a ex-Diretora-Geral da UNESCO Irina Bokova alertou para a perda de inércia nesta temática. “As alterações climáticas são a maior e mais rápida ameaça ao património mundial. Precisamos de subir o nível de alarme e de pedir maior robustez nos esforços para implementar o Acordo de Paris. Se perdermos todo o património comum da humanidade, vamos perder não apenas as edificações mais antigas, locais de interesse arqueológico e paisagens esculpidas por tradições milenares, mas a nossa identidade histórica e sentimento de pertença para sempre”.
Porto Protocol
No evento, foram dados os primeiros passos do Porto Protocol, um movimento empresarial e institucional voluntário em prol de uma política ambiental mais sustentável. Após este pré-lançamento, pretende-se que o documento seja assinado por empresas da fileira do Vinho durante a Climate Change Leadership Porto – Solutions for the Wine Industry, a 6 e 7 de março de 2019.
“É muito importante o Porto aparecer no mapa das discussões mundiais em torno das questões relacionadas com o ambiente e as alterações climáticas. A presença de personalidades como as que hoje estiveram no Porto define a importância que a cidade possui hoje no panorama internacional. A criação de uma plataforma de boas práticas como é o Porto Protocol, transportando consigo o nome da cidade é, igualmente, um resultado extraordinário desta conferência”, esclarece Rui Moreira, Presidente da Câmara Municipal do Porto, entidade co-organizadora da conferência.
O objetivo último é transformar o Porto Protocol num compromisso escrito, formal e assinado pelas empresas onde estão expressas as suas metas individuais, no âmbito das alterações climáticas. Cada empresa, mediante o seu nível de envolvimento prévio com a temática, definirá quais são os seus compromissos. As empresas devem tratar essa questão como estratégica, para que seja também potencialmente geradora de vantagem competitiva. A assinatura de Porto Protocol não tem custos para as empresas.
“Chegou o momento de as empresas terem um papel de liderança na questão das alterações climáticas. Chegou o momento de se anteciparem e agirem em prol da proteção do ambiente, definindo práticas de sustentabilidade com ganho claros para as empresas e para os consumidores”, referiu o Presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho.
O Porto Protocol contará também com um espaço online, onde se poderá encontrar uma base de dados de estudos de caso sobre o que pode ser feito nesta temática e para o qual as empresas podem contribuir.
“A indústria do vinho sofre diretamente com as alterações climáticas, está por isso muito bem posicionada para liderar o movimento que visa apresentar soluções para contribuírem para um ambiente melhor. A Taylor’s já faz muito mas quer fazer mais e quer aprender com todos, pois todas as indústrias têm soluções que já estão validadas e devem ser partilhadas. Todos somos responsáveis e não podemos perder mais tempo, temos de começar já,” refere o CEO da Taylor’s Port, organizadora do evento e mentora do projeto, Adrian Bridge.
A Climate Change Leadership Porto resulta da iniciativa das seguintes entidades: Taylor’s Port,Câmara Municipal do Porto, Instituto da Vinha e do Vinho, Associação Comercial do Porto, The American College in Spain e Advanced Leadership Foundation, que agilizou a presença do presidente Barack Obama. Em comum, todas têm alto comprometimento com a temática das alterações climáticas. Este grupo trabalha em conjunto há cerca de nove meses e estão já a ser desenvolvidos projetos para os próximos três anos.