Da Europa – Viena – à América – Nova York, as vidas e obras de Egon Schiele e Jean-Michel Basquiat são fascinantes pela sua efemeridade e intensidade. Ambos morreram com 28 anos. Em menos de uma década, eles tornaram-se grandes figuras na arte do seu século. Estão ligados pelo seu destino e pela sua sorte, a de um efémero conjunto de trabalhos, cujo impacto e permanência os colocam entre os melhores.

A sua formidável produção pode ser explicada pela sua paixão pela vida que hoje, no século 21, fez deles autênticos “ícones” para as novas gerações. A necessidade vital da arte é o elemento principal em ambos.

A – Egon Schiele (1890-1918)

A exposição reúne cerca de 120 obras – desenhos, guaches e pinturas – em mais de 600m2, nas galerias ao nível da escadaria de água (Galeria 1). É organizado cronologicamente através de quatro salas, seguindo o conceito de linha e o seu desenvolvimento no trabalho do artista.

Os quatro capítulos da exposição são intitulados:
A Linha Ornamental (1908-1909); A Linha Existencial do Expressionismo (1910-1911), O Equilíbrio Físico da Linha Combinada na Alvorada da Primeira Guerra Mundial (1912-1914) e a Linha Amputada e Fragmentada durante os Anos da Guerra (1915-1918).

Como a primeira monografia de Schiele em Paris durante 25 anos, a exposição inclui obras do mais alto nível, como “Auto-retrato com uma lanterna chinesa” (1912), empréstimo do Leopold Museum (Viena), “Mulher grávida e a morte” ”(1911), da galeria Národní (Polônia),“ Retrato da Esposa do Artista Sentada, Segurando a Perna Direita ”(1917) da Morgan Library & Museum (Nova Iorque),“ Standing Nude with Blue Sheet ”(1914) ) do Germanisches Nationalmuseum, Nuremberg, “Seated Male Nude” (1910) da Neue Galerie New York, e “Self-Portrait” (1912) da National Gallery of Art, Washington.

O trabalho de Egon Schiele é indissociável do espírito vienense do início do século XX. Em apenas alguns anos, seu desenho surgiu como um dos picos do expressionismo. Antes de ser abatido pela gripe espanhola em 1918, o artista havia criado cerca de trezentas pinturas e milhares de desenhos ao longo de dez anos

B – Jean-Michel Basquiat (1960-1988)

O trabalho de Jean-Michel Basquiat, um dos pintores mais importantes do século 20, encontra-se espalhado por quatro andares do edifício Frank Gehry. A exposição cobre toda a carreira do pintor, de 1980 a 1988, centrado em 120 obras determinantes. Com as Cabeças de 1981-1982, reunidos pela primeira vez aqui, e a apresentação de diversas colaborações entre Basquiat e Warhol, a exposição inclui obras inéditas na Europa, obras essenciais como Obnoxious Liberals (1982), In Italian (1983) e Riding with Death (1988), bem como pinturas que foram raramente vistas desde as suas primeiras exposições durante a vida do artista, como Offensive Orange (1982), sem título (Boxer) (1982) e Sem título (Yellow Tar and Feathers ) (1982).

Em tenra idade, Jean-Michel Basquiat deixou a escola e fez seu primeiro estúdio nas ruas de Nova York. Muito rapidamente, a sua pintura alcançou um grande sucesso, que o artista tanto procurou e a que se sentiu submetido. A sua obra remete-nos à erupção da modernidade, aos expressionistas, mas as suas filiações são numerosas. A acuidade do seu olhar, as suas visitas a museus e a leitura de vários livros deram-lhe uma verdadeira noção de cultura. No entanto, o seu olhar foi direcionado: a ausência de artistas negros sendo dolorosamente evidente, o artista impôs a necessidade de retratar a cultura africana e afro-americana e revolta-se em igual medida no seu trabalho. A morte de Basquiat em 1988 interrompeu um conjunto de trabalhos muito prolífico, realizado em menos de uma década, com mais de mil pinturas e ainda mais desenhos.