“O estudo dos grandes incêndios de 2017”, em especial os acontecidos em Portugal, constata “a chegada de uma tipologia de incêndios de sexta geração”, em que a “intensidade libertada permite dominar a meteorologia da área envolvente, criando condições de tempestade e propagação extremas”, refere o relatório “Cooperação Transfronteiriça na prevenção e extinção de incêndios florestais no Eixo Atlântico”.
Segundo o documento, “em Portugal, os incêndios de outubro de 2017, chegaram aos 14.000 hectares. Esta situação converte-os em incêndios letais para a população, para os serviços de defesa contra incêndios, para as infraestruturas e para os interesses da sociedade em geral”.
O relatório refere “que o episódio ocorrido entre 14 e 16 de outubro de 2017 na fachada atlântica, de Portugal até à Cantábria, poderia ter evoluído para uma situação complexa de incêndios de quinta geração na Galiza ou nas Astúrias, tal como aconteceu em Portugal”, que teve em Pedrogão Grande o primeiro incêndio qualificável como de sexta geração na Europa, situação que se veio a repetir em outubro do mesmo ano.
É “um sério aviso de que não podemos deixar de ter em conta o facto de em termos de passado não termos este tipo de incêndios, para termos os dois maiores da Europa no mesmo ano e na mesma zona”, salientando ainda o documento “não deve ser ignorado o facto de se terem vindo a registar, em zonas interiores de Portugal e da Galiza, alguns episódios de incêndios de terceira geração. É aqui que os incêndios de sexta geração encontram o seu potencial, materializado em 2017”.
Pode-se ler no documento que “o pior incêndio da história da Europa não ocorre em 2017 em condições de ‘risco extremo’, mas em condições de ‘risco muito elevado’, o que confirma claramente a teoria do combustível, que as alterações climáticas estão a acelerar”, concluindo que “se tem gerido a emergência dos incêndios florestais” e não a paisagem.
“Dentro da classificação dinâmica de gerações de incêndios, é possível afirmar que a situação da zona atlântica está a entrar plenamente numa dinâmica própria de zonas de grandes incêndios, mais concretamente situada entre a terceira e a quarta gerações de incêndios” onde “o problema de natureza para passa a ser uma emergência de proteção civil”, salienta o relatório.
O documento foi elaborado pelo Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, organismo que agrega 38 municípios portugueses e galegos.