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Crato recria cortejo nupcial de D. Manuel I com D. Leonor de Castela

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Crato recria cortejo nupcial de D. Manuel I com D. Leonor de Castela
Crato recria cortejo nupcial de D. Manuel I com D. Leonor de Castela - ®DR

 

Na impossibilidade de se utilizarem os espaços do velho castelo da Azinheira e seu paço, onde efetivamente terão ocorrido as bodas de 1518, será o Largo do Município, com a imponência da Varanda do Grão-Prior, que irá acolher as muitas dezenas de atores e figurantes.

Esta recriação histórica do terceiro casamento de D. Manuel I, também conhecido por “O Venturoso” constitui, nas palavras dos organizadores, uma excelente oportunidade para divulgar pormenores históricos de reconhecido interesse mas que são para muitos desconhecidos.

Os cronistas da época, em particular Damião de Góis, numa narrativa cuidada dos esponsais e do seu contexto referem que não seria D. Manuel I a casar com D. Leonor. Esta estava prometida desde tenra idade ao seu filho, ao Príncipe D. João, que viria a herdar a coroa portuguesa. Acontece, no entanto, que o rei, então a pensar em abdicar do título devido a um grande desgosto por ter enviuvado pela segunda vez, acabou por encontrar um novo “alento” ao apreciar numa pintura a noiva que estava prometida ao seu filho. A formosura da infanta de Castela levou-o a renegociar os termos nupciais (mandou um embaixador aos pais da noiva, dizendo que o seu filho não deveria casar por ser manifestamente “parvo”), subindo ele mesmo ao altar e deixando em profunda depressão o filho que, por sua vez, também se apaixonara pelos traços joviais daquela que havia de se tornar sua madrasta.

Seguindo o relato, veio então a noiva desde Saragoça (com entrada por Castelo de Vide), acompanhada de muitos nobres, até ao Crato, onde encontrou o futuro esposo e o ex-futuro noivo. Com estes, partidos de Alcochete veio muita fidalguia, homens de armas e todo um imenso séquito que deu ao momento a pompa devida. Agora, 500 anos volvidos, essa mesma exuberância de trombetas, menestréis com atabales e charamelas poderá ser apreciada no seu máximo esplendor e riqueza.

Este cariz vincadamente político do terceiro casamento de D. Manuel I é, de resto, sublinhado pelo responsável do Museu Municipal do Crato, Alexandre Santos, que chama ainda a atenção para o facto de anos mais tarde, o próprio D. João III ter vindo a contrair matrimónio na vila com D. Catarina, que era… irmã de D. Leonor de Castela.

O que as muitas pessoas aguardadas no Crato para presenciarem a reconstituição histórica poderão contemplar é muito mais do que o casamento propriamente dito. Far-se-ão desfiles por diversas ruas do centro histórico, dando a conhecer hábitos e costumes da época. Até reconstituição de refregas com homens armados com espadas estão previstas. O Crato, que ainda hoje mantém muita da sua monumentalidade de séculos passados, tornar-se-á num imenso palco de História e Cultura. Uma aula viva não só para os figurantes mas também um exemplo do bom aproveitamento dos recursos existentes em prol da comunidade.

O presidente do Município, Joaquim Diogo, espera que o assinalar dos 500 anos do terceiro casamento de D. Manuel I sirva igualmente para ajudar a cimentar a “marca Crato”. “Queremos uma identidade distinta, que nos projete ainda mais a nível nacional e internacional”, disse.

Até ao dia 20 ainda estão abertas as inscrições para todos os que pretendam participar na reconstituição histórica. Essas inscrições não se limitam apenas à população estudantil, mas todos os que de algum modo queiram ser parte integrante de um ato marcante da História de Portugal. O Município garante trajes de época a todos os interessados.

Por todos os motivos descritos, é óbvio que no dia 24, mais do que nunca, existem bastos e bons motivos para visitar o Crato.