A Sé Catedral da Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha foi palco de uma inédita cimeira sobre Turismo Sustentável em destinos culturais não massificados, nos dias 15 e 16 de novembro do ano passado. Marcaram presença, além da Secretária de Estado do Turismo, Ana Godinho, e do Secretário de Estado da Valorização do Interior, João Paulo Catarino, vários oradores de todo o mundo, que partilharam as suas considerações nos painéis da “International Summit: Cultural Sustainable Destinations without Borders”.
A partir das conclusões destes debates e, na qualidade de promotora da cimeira, a Associação de Desenvolvimento Turístico das Aldeias Históricas de Portugal, em conjunto com o Instituto de Turismo Responsável, prepararam uma “Declaração sobre Destinos Culturais Sustentáveis Sem Fronteiras”. Um documento que foi partilhado com as Secretarias de Estado do Turismo e Valorização do Interior, com o Turismo de Portugal e com a UNESCO, mas com o pedido expresso de também o fazerem chegar a outros organismos nacionais e internacionais que, de forma direta ou indirecta, se relacionem com as áreas do turismo, desenvolvimento e sustentabilidade.
Uma Declaração tem como objetivo sensibilizar e unir as mais diversas entidades ligadas ao turismo para a importância da sustentabilidade, em destinos culturais não massificados, como é o caso das Aldeias Históricas de Portugal – recentemente distinguidas, pelo Instituto de Turismo Responsável, com o certificado BIOSPHERE DESTINATION.
Assim, esta Declaração vem lembrar, por exemplo, que “a sustentabilidade no turismo não é uma opção ou atributo de uma determinada marca, mas sim o alicerce incontestável e central de estratégias de desenvolvimentos sustentáveis de destinos alternativos”, e que, por isso, “a atividade turística nestes destinos deve atuar como um aliado na conservação das suas paisagens naturais e como garantia da preservação do património cultural tangível e intangível e da sua autenticidade, reconhecendo-os como valores turísticos essenciais”. Ou seja, a sustentabilidade nos destinos culturais não massificados é uma necessidade intrínseca ao seu desenvolvimento e uma garantia para o seu futuro.
A Declaração recorda, ainda, que os destinos culturais não massificados oferecem experiências únicas, graças à autenticidade. Assim, comprova-se a necessidade da preservação do património cultural, natural e imaterial, para que estes destinos conservem, sempre, a essência que os distingue e que os torna, em termos turísticos, tão interessantes e atrativos.
Uma Declaração que defende, também, que os destinos culturais não massificados são lugares onde o turismo deve tornar-se “um vetor para capacitar as comunidades locais, reforçando o orgulho de pertencer à região e aos valores, e não uma indústria padronizada e exógena para o destino”, respeitando assim a cultura e as tradições das gentes locais.
Deste modo, o turismo deve “utilizar os bens e serviços locais de cada destino alternativo para que possa aumentar os laços com a comunidade, melhorar a economia local e minimizar as fugas, fazendo um contributo significativo para melhorar a qualidade de vida da população de cada destino, e, ao mesmo tempo, preservar os principais ativos ambientais de que o destino alternativo depende”. Isto é, o turismo nestes locais deve contribuir, em primeira instância, para quem habita nestes lugares.
Sem esquecer o aumento de poluição que um acréscimo anormal de população pode gerar, nestes lugares, a Declaração refere que “o turismo nos destinos alternativos deve fornecer soluções inovadoras para que se tornem mais eficientes em termos de recursos, no contexto de uma economia circular, evitando a geração de resíduos, aumentando a eficácia e reduzindo o consumo e a poluição em geral, particularmente a poluição que afeta habitats e ecossistemas críticos”.
Entre outras considerações e conclusões resultantes da cimeira realizada na Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha, a Declaração inclui algumas recomendações, como a necessidade de garantir o envolvimento das comunidades locais na gestão do turismo em destinos alternativos de forma sustentável, responsável e inclusiva e satisfazendo as aspirações das comunidades na salvaguarda e transmissão do seu património e valores culturais tangíveis e intangíveis; promover uma cultura de respeito entre os turistas e as comunidades locais, as suas identidades, modos de vida e crenças ao visitar locais e destinos para fins de turismo sustentável e cultural; criar métodos de promoção do cárater interligado do valor natural, cultural e social das paisagens culturais/destinos alternativos através do turismo sustentável; sensibilizar para a necessidade de criar medidas de gestão específicas com vista a um turismo responsável e sustentável, de modo a que os destinos alternativos não se destinem a um processo de gentrificação que coloque em risco a identidade do local e os interesses da comunidade local.
O documento integra, ainda, uma nota, dirigida aos destinos turísticos alternativos, autoridades locais e todas as partes interessadas com competências no setor do turismo nessas regiões, para: colocarem em prática os princípios e recomendações estabelecidos na Declaração e apoiar a sua maior disseminação, mas também darem os seus contributos para a consolidação do conceito “destino turístico alternativo”. Na realidade, o conceito bem definido (despojado de subjetividade e de múltiplas interpretações) é determinante para o desenvolvimento de políticas públicas completamente ajustadas a estes territórios.
De lembrar, ainda, que podem ser consultadas mais informações sobre a cimeira “International Summit: Cultural Sustainable Destinations without Borders”, que aconteceu na Aldeia Histórica de Idanha-a-Velha, no site https://www.responsibletourisminstitute.com/en/event/aldeias, onde também está disponível a “Declaração sobre Destinos Culturais Sustentáveis Sem Fronteiras.”
A Declaração também foi remetida aos participantes que se inscreveram na Cimeira.
A cimeira “International Summit: Cultural Sustainable Destinations without Borders” foi financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através dos programas Centro 2020 (Programa Operacional Regional do Centro), via Portugal 2020, bem como do Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE).