Descobrimos alguns dos tesouros que esta região tem para oferecer e concluímos que a Serra, não é só neve.
Começamos por Seia, a maior cidade da sub-região da Serra da Estrela e segunda maior cidade do Distrito da Guarda.
No nosso mapa tínhamos assinalado, alguns pontos que não queríamos, nem podíamos deixar de visitar. Começamos por um dos considerados um ex-libris da cidade de Seia.
O Museu do Pão, com mais de 3.500 m2 de área coberta é um dos maiores museus do pão de todo o mundo que recolhe, preserva e exibe objetos e o património do pão português nas suas vertentes: etnográfica, política, social, histórica, religiosa e artística, para além de ter um excelente restaurante.
Composto por quatro salas temáticas, a visita começa, pela exposição que nos mostra, o Ciclo do Pão, onde podemos ver através de catorze painéis ilustrados, de alfaias e de utensílios como era moída a farinha e feito o pão, através de bonecos em tamanho natural, num passado tão perto e, contudo, já tão distante.
Objetos em cerâmica, prata, vidro e outros materiais, arte sacra, madeira, azulejos, postais antigos, diplomas, calendários e muito mais estão expostos na sala dedicada à Arte do Pão, enquanto que na sala do Pão Político, social e Religioso, é narrada a história do pão desde 1640 até 1974. Aqui, também se pode aprender a simbologia do pão na religião cristã e na judaica, religiões que atribuem ao pão uma conotação sagrada.
Finalmente, para deleite dos miúdos, a Sala Temática dedicada aos mais pequenos. Ali onde a parte didática se mistura com a magia, os miúdos, acompanhados por uma monitora, ficam a conhecer de uma forma lúdica o ciclo do pão, mexer na farinha e fazer o seu próprio pão que depois levarão para casa!
No fim da visita e porque o estomago também precisa de ser alimentado nada melhor que uma merecida refeição, no restaurante do museu, onde se podem degustar excelentes pratos tradicionais da região e várias qualidades de pão.
Do Museu do Pão, partimos à descoberta do CISE (centro interpretativo da Serra da Estrela) que tem por missão sintetizar e divulgar conhecimentos sobre os processos naturais (fauna e flora) sociais e económicos que condicionam a vida nesta montanha.
Em pleno centro da cidade de Seia, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) apresenta um conjunto de equipamentos didáticos e científicos relacionados com a área ambiental. Este espaço apresenta ainda uma exposição permanente, que com recurso às novas tecnologias e à realidade virtual, é possível viajar por toda a serra da Estrela.
Para além das áreas de estudo laboratorial, o CISE promove também iniciativas temáticas ao ar livre e exposições temporárias orientadas para várias temáticas. A própria Quinta do Carvalhal, onde está situado este Centro Interpretativo, com a sua diversidade biogenética e percurso pedagógico ambiental convida a momentos de lazer, por entre azevinhos, medronheiros, carvalhos e cedros.
Outro dos museus, cuja visita é obrigatória é o Museu Natural da Eletricidade de Seia, instalado a 6 km da cidade de Seia, e a 800 m de altitude.
A antiga Central da Senhora do Desterro, uma das mais antigas centrais hidroelétricas de Portugal, foi fruto da iniciativa de um grupo de industriais locais, que viram nas características hídricas da serra da Estrela um potencial energético que designaram por hulha branca.
Esta foi a primeira central de Aproveitamento Hidroelétrico, inaugurada a 26 de dezembro de 1909, que marcou o início da atividade da Empresa Hidroelétrica da Serra da Estrela (EHESE) e permitiu que, nessa data, a energia elétrica chegasse a Seia pela primeira vez.
Com ampliações sucessivas, a central da Senhora do Desterro, manteve-se em atividade até 1994 e, através de uma parceria entre a EDP e o Município de Seia, abriu ao público no dia 11 de abril de 2011 transformada num espaço museológico, que remonta, aos primórdios da exploração da energia elétrica em Portugal.
O jantar estava programado para o restaurante do Hotel, Abrigo da Montanha, situado no Sabugueiro, última localidade antes da Torre da Serra da Estrela
O restaurante, muito acolhedor e fiel à excelente gastronomia local, presenteou-nos com iguarias clássicas da Serra da Estrela como a tradicional chanfana e o cabrito ao arroz de carqueja. Também à sobremesa os sabores serranos estiveram presentes no queijo e nos frutos da montanha.
De São Romão veio o Rancho folclórico “Os pastores de São Romão” para abrilhantarem o serão, com cantigas e danças populares da região, muitas delas fruto de pesquisa e recolha, por parte dos elementos do rancho.
Foi em maio de 1978, que pela primeira vez em São Romão, se falou do Rancho “Os Pastores”.
E foi a partir desse dia que começam a surgir os primeiros testemunhos vivos das pessoas mais idosas que ensinaram, com saudade, aos mais jovens, as histórias, orações e lendas mostrando ainda como se dançava e cantava.
Entre as várias atividades do Rancho Folclórico “Os Pastores de São Romão”, inclui-se a recolha e a pesquisa de ensinamentos de etnografia da região, sob o lema ‘Recolher para divulgar’.
A noite já ia avançada, quando chegamos ao Hotel. Cansados fisicamente, mas com a sensação de termos aprendido muito sobre a história desta região.
O dia seguinte seria certamente, diferente mas igualmente intenso.