O ciclo “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie” regressa no fim de semana alargado de 31 de outubro a 3 de novembro, com propostas diferenciadas no domínio da música barroca e nova sessão da grande novidade desta edição: os concertos para famílias, gratuitos para crianças e jovens até aos 16 anos, que se apresentam como uma oportunidade de excelência para ‘aproximar’ a música (e os intérpretes) de todos aqueles que se deslocarem ao Palácio Nacional de Queluz.
Na quinta feira, 31 de outubro, a Sala do Trono recebe Angelika Kirchschlager, uma das principais vozes do atual panorama musical internacional. Acompanhada da Orquestra Divino Sospiro, a meio-soprano austríaca irá interpretar algumas das principais cantatas sacras de Johann Sebastian Bach, num concerto que atravessa mais de duas décadas da vida criativa do genial compositor alemão e onde fica patente a relação de Bach com o Transcendente, característica que é indissociável da sua obra.
No dia seguinte, 1 de novembro, oportunidade única para conhecer o virtuosismo do violino barroco por um dos maiores intérpretes mundiais deste repertório: Giuliano Carmignola. Num concerto em que será acompanhado do cravista Riccardo Donni, Carmignola fará uma panorâmica da escola violinística italiana ao longo do século XVIII, com obras de três dos maiores virtuosos que esse século conheceu: Giuseppe Tartini, Pietro Locatelli e Francesco Veracini.
Domingo, 3 de novembro, destaque para o segundo Concerto para Famílias, iniciativa inédita do ciclo “Noites de Queluz” que pretende deste modo aproximar a música de quem a escuta, com entrada gratuita para crianças e jovens até aos 16 anos. Na Sala do Trono irão soar duas das “Quatro Estações” de Vivaldi, em leituras da orquestra Divino Sospiro, sob a direção de Massimo Mazzeo, e com Paolo Perrone como solista no violino, num concerto que contará ainda com os comentários do ator João Reis. Oportunidade única para ouvir de bem perto o “Verão” e o “Outono”, dois dos mais famosos exemplos do concerto da era barroca e peças que há muito adquiriram o estatuto de ‘hits’ da música clássica.
O ciclo “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie” é iniciativa conjunta da Parques de Sintra e do Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal, e conclui a Temporada de Música da Parques de Sintra, que teve em março os “Serões Musicais no Palácio da Pena” e em maio o ciclo ‘Reencontros’, no Palácio Nacional de Sintra.
A 5ª edição do ciclo “Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie” conta com a Antena 2 como ‘media partner’ e tem o apoio do Instituto Italiano de Cultura.
Informações úteis:
Bilhete por concerto: 15€
Bilhete Ciclo (10 concertos): 128€
Concertos para famílias: gratuitos para crianças e jovens até aos 16 anos
Locais de venda: Bilheteiras da Parques de Sintra, FNAC, Worten, El Corte Inglés, Altice Arena, Media Markt, lojas ACP, rede PAGAQUI e Postos de Turismo de Sintra e Cascais.
Online em www.parquesdesintra.pt e em www.blueticket.pt
Espetáculos para M/6
Após o início do espetáculo, só será permitida a entrada no intervalo, e apenas quando este esteja previsto.
Não será devolvido o valor dos bilhetes por falta de comparência ou atraso.
Programação 2019
“Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie” 2019
AGENDA DE CONCERTOS:
17/10 >>> 21:30 >>> Sala do Trono
O APOGEU DO CONCERTO BARROCO
ENSEMBLE ZEFIRO / ALFREDO BERNARDINI (Oboé e Direção)
Como em tantos outros domínios, também no género ‘concerto’ soube Johann Sebastian Bach operar uma síntese, nesse processo criando algo de novo. Isso mesmo o mostram os seis ‘Concerts avec plusieurs instruments’ (assim, em francês, consta no frontispício do manuscrito), que dedicou em 1721 a Christian Ludwig de Brandenburg-Schwedt (1677-1734), meio-irmão do primeiro rei da Prússia. Mais de um século depois (1873), o musicólogo Philipp Spitta, na sua monumental biografia de Bach, haveria de baptizá-los de ‘Brandeburgueses’ e é por esse nome que são desde então conhecidos.
Bernardo Mariano (musicólogo)
24/10 >>> 21:30 >>> Sala da Música
PRELÚDIO A UMA GRANDE FESTA
TRIO GIULIO PLOTINO (violino) / CHRISTOPHE COIN (violoncelo) / PATRICK COHEN (pianoforte)
Um pouco por todo o mundo, as temporadas de música 2019-20 terão em (ainda maior) destaque o nome de Beethoven, por via da passagem, em 2020, dos 250 anos sobre o seu nascimento. Um ano festivo antecipado na 2.ª parte deste concerto, preenchida com o famoso Trio ‘dos Espíritos’, de 1808. A ele se “contrapõe” o conhecido Trio de Haydn com o ‘Finale’ de acentos húngaros. Obras de Mozart e de Viotti permitem admirar, respectivamente, o violino e o violoncelo em diálogo com o pianoforte Clementi do Palácio de Queluz.
Bernardo Mariano (musicólogo)
25/10 >>> 21:30 >>> Sala da Música
UMA COMPOSITORA ENTRE DOIS GIGANTES
CHIAROSCURO QUARTET: ALINA IBRAGIMOVA (violino) / PABLO HERNÁN BENEDÍ (violino) / EMILIE HÖRNLUND (viola) / CLAIRE THIRION (violoncelo)
Secundando o seu irmão Felix no talento para a música, Fanny Mendelssohn (1805-1847) soube, enquanto adulta, enfrentar a repressão sobre a criatividade feminina na música típica do seu tempo e continuar a compor, mesmo após o seu casamento, em 1830, com Wilhelm Hensel. O conjunto da sua obra, porém, só há cerca de meio século viria a ser conhecido e descobriu-se então um quarteto de cordas, único que deixou. Ao lado de Fanny, dois autores que foram decerto as suas grandes referências no género: Haydn e Beethoven.
Bernardo Mariano (musicólogo)
26/10 >>> 21:30 >>> Sala da Música
UM PIANO E TRÊS CORDAS: DIÁLOGOS E DISCUSSÕES
FORTHEPIANO CONSORT: STEFANO BARNESCHI (violino barroco) / ELZBIETA STONOGA (viola barroca) / MARCO TESTORI (violoncelo barroco) / COSTANTINO MASTROPRIMIANO (pianoforte)
A formação designada de quarteto com piano foi uma invenção de Mozart e pode afirmar-se ser ela “filha” das contínuas e geniais explorações no género ‘concerto para piano’ que o compositor empreendeu nos seus primeiros anos em Viena. Admirador das três obras que Mozart viria a deixar nesse formato (duas com cordas, uma com sopros), Beethoven contribuiria também ele para o género com uma espécie de “dois em um”: o seu op. 16, editado em simultâneo como quinteto (sopros+piano) e como quarteto (cordas+piano).
Bernardo Mariano (musicólogo)
27/10 >>> 19:00 >>> Sala do Trono
CONCERTO PARA FAMÍLIAS: CAFÉ PÕE FAMÍLIA EM EBULIÇÃO
LÚCIA RIBEIRO (soprano – Lieschen, a filha) / MIGUEL REIS (tenor – Narrador) / ANDRÉ HENRIQUES (baixo – Schlendrian, o pai) / JOÃO REIS (comentários) / DIVINO SOSPIRO / MASSIMO MAZZEO (violeta e direção)
Ao contrário do que se possa imaginar, a interminável discussão sobre os benefícios e malefícios do café não é nem de longe tema recente. Prova-o esta cantata com quase 300 anos de idade, assinada por um compositor que quase sempre associamos à seriedade: Johann Sebastian Bach, que viveu na Alemanha entre 1685 e 1750. Ora aqui, bem pelo contrário, o “sério” Sr. Bach mostra-se um atento e divertido observador da sociedade do seu tempo, tratando o tema com tanto de incisivo e pícaro quanto de humorístico.
Bernardo Mariano (musicólogo)
31/10 >>> 21:30 >>> Sala do Trono
BACH E A VOZ QUE NOS LEVA A DEUS
ANGELIKA KIRCHSCHLAGER (mezzo-soprano) / PEDRO CASTRO (oboé, oboé d’amore) / LUÍS MARQUES (oboé) / PAOLO PERRONE (violino) / DIVINO SOSPIRO / MASSIMO MAZZEO (direção)
Manifestação da fé pessoal, encomenda de determinada personalidade ou instituição, ou obrigação por inerência de funções. Estes três factores estão na origem da maior parte da música sacra da tradição ocidental. No caso de Bach, a ‘inerência de funções’ foi determinante, mas ele soube impregnar do seu génio musical essa obrigação e fazer de cada uma delas uma afirmação da sua sincera fé luterana, elevando-as ao mais alto grau artístico e expressivo. A ilustrá-lo, neste concerto, uma das grandes ‘mezzos’ do nosso tempo: Angelika Kirchschlager.
Bernardo Mariano (musicólogo)
01/11 >>> 21:30 >>> Sala do Trono
O VIOLINO ENTRE O RIGOR E A FANTASIA
GIULIANO CARMIGNOLA (violino) / RICCARDO DONI (cravo)
Um dos fenómenos mais notáveis da era barroca foi o aperfeiçoamento dos instrumentos de corda, em particular da família dos violinos (violino, violeta e violoncelo) até um nível que permitiu um elevadíssimo grau de virtuosidade na literatura para os mesmos. Este fenómeno, evidente sobretudo no violino e centrado principalmente em Itália, envolveu construtores e compositores e ocorreu em paralelo. Um espectro ilimitado de possibilidades, explorado quer nas formas abertas e mais improvisatórias, quer nos géneros “fixos” que o Barroco foi consagrando.
Bernardo Mariano (musicólogo)
03/11 >>> 19:00 >>> Sala do Trono
CONCERTO PARA FAMÍLIAS: VIVALDI, FAÇA CHUVA OU FAÇA SOL!
PAOLO PERRONE (violino) / JOÃO REIS (comentários) / DIVINO SOSPIRO / MASSIMO MAZZEO (direção)
‘As Quatro Estações’, de Antonio Vivaldi, adquiriram há muito tempo o estatuto de ‘hits’ da música clássica. Elas são também dos primeiros exemplos de ‘música programática’, isto é, com carácter descritivo de algo concreto. Essa faceta é reforçada pela inclusão de pequenos poemas (sonetos) alusivos, pontuando as páginas da partitura.
Nas duas estações que hoje escutaremos, deparamo-nos, no Verão, com a evocação de uma paisagem sob o calor até sobrevir uma violenta tempestade estival; já no Outono, evoca-se a Festa das Vindimas e uma caçada na floresta.
Bernardo Mariano (musicólogo)
09/11 >>> 21:30 >>> Sala da Música
VIENA ENTRE MOZART E BEETHOVEN
STEFANIA NEONATO (pianoforte) / EDUARDA MELO (soprano) / DIVINO SOSPIRO / MASSIMO MAZZEO (direção)
Vindo de Salzburgo, Mozart fará de Viena a sua residência a partir de 1781. Um ano após a sua morte, em 1791, chega à capital imperial, vindo da Renânia, um jovem de 21 anos desejoso de aprender e de triunfar na grande cidade: Ludwig van Beethoven. As obras em programa mostram-nos Mozart a lidar ainda com a tradição salzburguesa da serenata e Beethoven ainda a lidar com a sombra dos concertos para piano… de Mozart. Pelo meio, uma ária com que Mozart presenteou Nancy Storace (a primeira Susanna das ‘Bodas de Fígaro’) quando esta deixou Viena.
Bernardo Mariano (musicólogo)
10/11 >>> 21:30 >>> Sala do Trono
PARIS E A REVOLUÇÃO ILUMINISTA
ORQUESTRA DE CÂMARA PORTUGUESA / PEDRO CARNEIRO (direção)
Capital cultural da Europa de Setecentos, Paris foi o berço do ‘Iluminismo’, corrente que marca um ponto de viragem na civilização europeia. Na música, o Iluminismo está conotado com o chamado ‘estilo clássico’, aí se incluindo as várias correntes que lhe deram origem. Os compositores do presente programa ligam-se ao Iluminismo antes de mais por via da sua vinculação ao estilo clássico, mas também por outro traço: a sua filiação a lojas maçónicas, as quais foram importantes fóruns de disseminação dos ideais iluministas entre as elites sociais e culturais da época.
Bernardo Mariano (musicólogo)
LANÇAMENTO DO II VOLUME DOS “CADERNOS DE QUELUZ”:
10/11 >>> 20:45 >>> Sala do Trono
Prof. Dr. RUI VIEIRA NERY (Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos de Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa)
A DIPLOMACIA E A ARISTOCRACIA COMO PATRONOS DA MÚSICA E DO TEATRO NA EUROPA DO ‘ANCIEN RÉGIME’
No âmbito da sua colaboração com a Parques de Sintra, o Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (DS-CEMSP) organiza, desde 2015, uma conferência anual dedicada ao teatro musical e à música vocal setecentista em Queluz, que incide especialmente na dimensão Europeia da música do sul da Europa. Em associação com o Don Juan Archiv de Viena e com o apoio da Parques de Sintra, as contribuições para essas conferências são editadas na coleção “Cadernos de Queluz”, com a chancela da Hollitzer e integrada na série Specula Spectacula.
O segundo volume dos Cadernos de Queluz aborda a circulação de criações artísticas e de executantes que a rede de relações diplomáticas entre as cortes europeias e as casas aristocráticas da época promovia na Europa setecentista. Os gabinetes dos representantes das várias cortes no estrangeiro eram importantes veículos de informação sobre a vida cultural nos outros países, tendo muitas das estratégias artísticas destinadas a constituir um legado na história das artes, em especial na música e no teatro, sido delineadas com base nessas trocas de informação.