2019 assinala os 25 anos de existência do Teatro Oficina e, nos dias 13 e 14 de dezembro, Arquivo Público faz emergir em palco, de forma original e inédita, muitas das produções que construíram o trajeto da companhia de teatro de Guimarães, que ao longo dos últimos 25 anos tem sido um dos principais motores e promotores da prática teatral na região. A partir de um baú recheado de memórias e experiências oferecidas pelos espetadores que ao longo de mais de duas décadas têm acompanhado as criações da companhia, Arquivo Público desvela a história e o caminho percorrido pelo Teatro Oficina desde o seu nascimento. Após a estreia absoluta no passado mês de março com as várias apresentações esgotadas, eis que surgem duas novas oportunidades para mergulharmos juntos nesta reveladora encenação da autoria de Manuela Ferreira: sexta-feira 13 e sábado 14, sempre às 21h30, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG).
O que produz o teatro na vida das pessoas? Quais as consequências de um espetáculo de teatro? Que importância e alcance tem o ato de recordar no teatro e nas artes efémeras? Como aceder a este património íntimo? Como se constrói memória no teatro? Como partilhá-la? Estas são interrogações e o mote de Manuela Ferreira para a criação de Arquivo Público. E assim A Oficina mergulhou no arquivo da sua companhia de teatro e das memórias do passado uma nova criação emergiu. Para marcar o momento presente e continuar a desenhar o futuro, seguindo o caminho da liberdade criativa, inclusão e coesão que a arte nos abre a cada novo passo.
Esta instalação-performance surge da pretensão de investigar o Arquivo (do) Público do Teatro Oficina. Escavar esse material submerso, armazenado num lugar incerto da memória, foi a tarefa realizada em conjunto com um grupo de elementos do público de diferentes gerações que tem acompanhado o Teatro Oficina ao longo destes 25 anos. De que matéria são feitas as memórias do público? Onde moram estas memórias? Como se despertam e transformam? Como se partilham? Com base nestas indagações se procuraram (e descobriram) as imagens, os sons, as ausências, as palavras, tempos e espaços que testemunham uma experiência e produção estéticas – emoções inesperadas, personagens inesquecíveis, espetáculos que se ama e outros que se odeia, momentos da vida que cruzam as vidas do palco, a primeira ida ao teatro, imagens que impressionam e ficam agarradas e que voltam sempre, que continuam no tempo.
Aqui os arquivos da companhia de teatro de Guimarães são vistos da perspetiva do público. “Tratar o efeito que os vestígios das várias experiências provocam, implica permitir descontinuidades, ausências e livres associações. Não se trata, portanto, de um movimento no sentido de sistematizar, reproduzir ou classificar, mas antes um exercício estético que interpreta e transforma estes reservatórios de experiências em novas formas de expressão, sentidos e ficções.”, elucida a autora. Este reservatório de experiências é a matéria dialogante, numa performance para dois atores que emprestam o corpo e a voz à polifonia das múltiplas vozes que partilham estas e outras memórias. Manuela Ferreira é a responsável pela encenação, texto e conceção plástica desta criação interpretada por Carlos A. Correia e Luísa Oliveira.
Duas plateias em forma de bancada, dispostas frente a frente (com os atores no intervalo entre), desenham o espaço cénico de forma a tornar consciente a presença do público que é parte integrante e protagonista do jogo teatral. Um dispositivo que desenha uma relação não hierárquica entre público e atores, amadores e profissionais, receção e produção, reforçando uma dramaturgia partilhada. A estreia desta criação aconteceu no passado mês de março com várias sessões esgotadas e é agora tempo para mergulharmos (novamente) neste Arquivo Público, na sexta 13 e sábado 14, às 21h30, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). Esta instalação-performance é aberta a maires de 12 anos e os bilhetes têm o custo de 5 euros ou 3,5 euros com desconto.
Na mesma semana, o Teatro Oficina apresenta igualmente as performances Do Avesso e Ponto de Fuga. Já no próximo domingo, 8 de dezembro, pelas 17h00, a magia começa fora do palco e seremos surpreendidos com um aparente mundo ao contrário que nos levará aos lugares mais secretos e improváveis do Centro Cultural Vila Flor (CCVF). Em Do Avesso – com encenação e dramaturgia de Manuela Ferreira e interpretação de Mário Alberto Pereira, Rita Morais e Tiago Porteiro – o público explora este espaço acompanhado por um grupo inusitado, investigando o que não se vê, o que não está em cena, revelando armazéns, elevadores e outras passagens (quase) secretas, que abrigam memórias e preservam saberes das pessoas que preenchem o quotidiano de uma sala de espetáculos. No dia 15 de dezembro, às 17h00, o Teatro Oficina surge na forma de Ponto de Fuga, uma imprevisível e misteriosa visita ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), um museu com o mundo lá dentro. Nesta visita performativa com autoria de Nuno Preto e realizada na companhia dos intérpretes Ángela Diaz Quintela e Gil Mac, o visitante é a personagem principal e o que absorve é aquilo que o transforma. Do Avesso e Ponto de Fuga são dirigidas a maiores de 12 anos e o público pode participar nestas expedições repletas de ingredientes inesperados por um custo de 2 euros.
Os respetivos bilhetes estão disponíveis nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), Casa da Memória de Guimarães (CDMG) e Loja Oficina (LO), bem como nas lojas Fnac e online em www.ccvf.pt e oficina.bol.pt.