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“Estudo em casa”: aula de Ciências Naturais gera indignação de Pedro Fevereiro, Presidente do Centro de Informação de Biotecnologia

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“Estudo em casa”: aula de Ciências Naturais gera indignação de Pedro Fevereiro, Presidente do Centro de Informação de Biotecnologia
“Estudo em casa”: aula de Ciências Naturais gera indignação do Presidente do Centro de Informação de Biotecnologia - ®DR

 

Foi transmitida ontem, dia 13, no programa “Estudo em casa” uma aula de Ciências Naturais, do 7º e 8º ano em que se veiculava matéria, acerca dos “impactes da exploração dos recursos agropecuários”.

Nessa aula de Ciências Naturais, segundo o especialista Pedro Fevereiro, foi transmitida informação errada do ponto de vista científico, que o indignou e o levou a enviar uma carta aberta aos ministros da Educação e da Ciência e ao da Tecnologia e Ensino Superior.

Estudo em casa
Slide da Aula de Ciências Naturais transmitida dia 13 de maio – ®DR

Na carta que abaixo transcrevemos na íntegra, Pedro Fevereiro, solicita a retificação das informações transmitidas na aula de Ciências Naturais e quem sabe os métodos de ensino.

 

A carta

Ao Senhor ministro da Educação, Doutor Tiago Brandão Rodrigues

Ao Senhor ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Professor Manuel Heitor

Exmos. Senhores ministros,

Ontem, 13 de maio, foi apresentado no programa “Estudo em casa”, no canal público de televisão dedicado à Tele Escola, na aula 4 de Ciências Naturais dos 7º e 8º anos, um slide com o título “Impactes da exploração dos recursos agropecuários” (vide anexo).

A informação – ou melhor – a doutrinação veiculada é não só errada do ponto de vista científico – está cientificamente provado que os Organismos Geneticamente Modificados (OGM) não constituem risco, quer para a saúde humana, quer para o ambiente -, como é deturpada, pois os impactes referidos não provêm da exploração dos recursos agropecuários, mas sim de eventuais práticas agrícolas antiquadas.

De facto, a informação transmitida constitui um aviltamento da produção agropecuária e dos produtores portugueses em particular, que se esforçam todos os dias para garantir a sustentabilidade das suas produções e a segurança alimentar. Contrariamente ao que foi dito na referida aula, a agricultura intensiva moderna não utiliza excesso de fertilizantes, pesticidas e herbicidas, tendo exigências semelhantes ao modo de produção integrada. E, também ao invés do que foi proferido, são proibidos os antibióticos e as hormonas de crescimento nas fileiras de produção animal no espaço europeu.

Em vez de comunicar factos corretos e de os explicar com fundamentos científicos, esta forma de doutrinar é vergonhosa para o ensino das ciências em Portugal. Na realidade, os conteúdos das Ciências da Natureza para os 2º e 3º ciclos, mas também, em parte, para o Ensino Secundário, enfermam da perspetiva de que a ciência é uma disciplina para decorar (vulgo “marrar”) e que os alunos devem ser apascentados, sobretudo no que respeita às ciências naturais e do ambiente. Esta realidade é facilmente verificável em vários manuais escolares.

Peço encarecidamente a Vossas Excelências, como cientistas que são, que atendam a esta questão e que atuem no sentido de mudar este paradigma, que envergonha a Educação e a Ciência portuguesas.

 

Com os melhores cumprimentos,

 

Pedro Fevereiro

Biólogo

Presidente do CiB-Centro de Informação de Biotecnologia

1º Bastonário da Ordem dos Biólogos

Ex-membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

Professor Auxiliar com Agregação

 

 

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