Portugal conquistou a segunda medalha dos Campeonatos da Europa Sub 23 na final masculina dos 3 000 metros obstáculos, através de Etson Barros, que foi segundo classificado com um recorde pessoal de 8.38,00 minutos, e já no final deste último dia de competição do europeus sub – 23, foi a vez de Leandro Ramos assegurar para Portugal a medalha de prata no lançamento do dardo com a marca de 80,61 metros.
Etson Barros, que há dois anos foi medalha de bronze na mesma prova nos Europeus Sub-20, já tinha impressionado na meia-final, sendo segundo classificado, retirando logo aí a lição para a forma como correria a final de hoje (11 de julho) em Tallinn, na Estónia.
“Entrei na corrida com vontade de ser eu a mandar no ritmo”, confidenciou o atleta no final da prova, satisfeito com o resultado alcançado. “Na meia-final fui atrás deles, ou muito rápido ou muito lento, e fui- me desgastando. Para hoje a tática era correr ao meu ritmo, ir para a frente, se fosse preciso, manter um ritmo em que me sentisse confortável, só não o fazendo se visse alguém vir para a frente fazer isso. Foi o que aconteceu”, referiu, revelando ainda que “as últimas três voltas foram muito difíceis. Foi sofrer e rezar para que a medalha não fugisse. Na última volta então, foi mesmo correr pela vida e agradeço ao meu treinador [Paulo Murta] preparar-me para este desfecho”.
Uma tática que deu resultado, com a conquista da medalha de prata por parte do algarvio que representa o Sport Lisboa e Benfica, que também incluía o apoio ao outro português presente, Simão Bastos, que terminou em 9º com 9.48, 38 minutos, perto do seu recorde pessoal. «Ainda estivemos juntos no grupo da frente, vim sempre a controlar se ele estava no grupo, mas quando se deu a mudança de velocidade, a três voltas do fim, deixei de o ver mais”.
A outra medalha, conseguida por Leandro Ramos, entra para a história do atletismo português como a primeira de sempre alcançada no lançamento do dardo em qualquer escalão! E até foi uma prova atribulada. Leandro abriu com a marca de 73,88, segundo ele “para garantir o apuramento para os oito primeiros classificados para ter mais três lançamentos”, e no segundo ensaio chegou aos 80,18 metros, que o trouxeram para a liderança. Contudo, na queda que teve no setor, Leandro apoiou-se com as mãos em cima da linha lateral e viu o seu ensaio ser anulado mais tarde. Logo depois viu o sueco Topias Laine (um dos favoritos) alcançar um recorde pessoal a 81,67 metros. Poderia pensar-se que o concurso estaria tremido, mas Leandro Ramos lançou a 78,95 metros no terceiro ensaio, para chegar ao segundo posto de onde não saiu mais. Ao quarto ensaio tirou as dúvidas ao alcançar os 80,61 metros!
“Estou satisfeito com esta minha medalha. Quando se ganha uma medalha não se pode ficar a pensar que correu mal isto ou aquilo. Foi um momento muito bonito e está feito”, disse o atleta que conquistou a primeira medalha no lançamento do dardo para Portugal.
Para o atleta do Sport Lisboa e Benfica, treinado por Carlos Tribuna, a competição foi encarada também como “uma diversão. Isto é desporto. Já conheço os meus adversários de outras provas, sei que são muito bons competidores, e quem ganhou foi melhor. O espírito entre todos era esse, de diversão em ver quem conseguia chegar mais longe e eu estive bem. Estou muito satisfeito”.
Mais para a frente, a prova teve um “colapso”, com uma falha de eletricidade que levou a desligar todos os sistemas eletrónicos e até a transmissão! Atraso na partida dos 5 000 metros femininos, que tinha a presença de três atletas portuguesas, entre elas Mariana Machado, medalha de prata nos Europeus Sub- 20 há dois anos. Contudo, a atleta do Sporting Clube de Braga não estava nos seus dias habituais e desistiu mesmo. Ficaram em ação as atletas Lia Lemos, do Maia Atlético Clube, e Sara Duarte, da Associação Cultural e Desportiva de São João, que terminaram em 9º (com 16.13,2 minutos – devido à falha eletrónica estes resultados são manuais, mas regulamentares) e 12o (com 16.35,6) lugar, respetivamente.
Para Lia Lemos, esta participação nos europeus de sub 23, foi uma estreia para tomar o pulso à competição (“posso voltar daqui a dois anos com mais experiência”), enquanto Sara Duarte salientou a sua época no geral, com recordes pessoais e presenças nesta competição em 5 000 e 10 000 metros.
No decorrer o concurso do lançamento do dardo masculino realizava-se a prova de 1 500 metros que finalizava o decatlo masculino, onde Edgar Campré e Manuel Dias se apresentavam a dar boa conta de si até ao lançamento do dardo. Nessa prova Campré, que registava 14,63 segundos nos 110 metros barreiras, um lançamento de 43,01 metros no disco, a passagem de 4,60 metros no salto com vara, lançou a 44,10 metros, aquém do que conseguira no seu decatlo recorde, em maio. A partir daí era dar o melhor de si nos 1 500 metros.
Ao invés, Manuel Dias vinha a produzir um bom segundo dia para ele, melhorando em todas as provas conseguindo os parciais de 15,35 segundos (110 m barreiras), 39,54 metros (disco), 4,60 metros (na vara) e 49,62 metros no dardo. Nos 1 500 metros ainda deu um sinal de si, ao andar na frente, mas terminou em 4.31,49 minutos, enquanto Campré terminava em 4.51,59 minutos. No final, Campré foi 13o classificado, com 7422 pontos, a 30 pontos do seu recorde (cimentando o seu segundo lugar de sempre nos sub-23, atrás de Mário Aníbal, recordista nacional com 7570 pontos), enquanto o tomarense terminou com 7400 pontos, um recorde pessoal que o deixa como terceiro português de sempre nos sub- 23 e quinto melhor português absoluto de sempre.
Portugal fecha assim estes Europeus de Sub – 23 com três medalhas conquistadas, duas de prata (Etson Barros, 3000 m obstáculos, e Leandro Ramos, lançamento do dardo) e uma de bronze (Isaac Nader, nos 1500 metros), mais um lugar de finalista (Emanuel Sousa, 5º no lançamento do disco) e dez dos atletas presentes nos europeus de sub 23 bateram os seus recordes pessoais.