Tentou, tentou e na 8ª etapa, a antepenúltima, Amaro Antunes chegou à tão desejada liderança da Volta a Portugal. Na luta muito particular entre W52-FC Porto e Efapel, desta vez foram os azuis a terem sucesso no ataque ao primeiro andar sendo que, mais uma vez, a fuga decidiu o vencedor na etapa. No topo da Serra do Larouco, esta sexta-feira 13, viu-se mais uma vitória de Kyle Murphy (Rally Cycling), mas a luta pela Camisola Amarela Santander remeteu o triunfo do norte americano para segundo plano.
A tirada, iniciada em Bragança, acabou por se discutir em dois grupos. Na fuga, estiveram ciclistas que não estavam muito atrasados na classificação como Henrique Casimiro (Kelly/Simoldes/UDO) e Tiago Antunes (Tavfer-Measindot-Mortágua), ambos à procura de um top 10 nesta 82ª Volta a Portugal Santander, objetivo que conseguiram na chegada a Montalegre. Subiram à quinta e à decima posição respetivamente.
No pelotão, Efapel e W52-FC Porto jogavam para o primeiro lugar, com a Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel sem desistir de ter Alejandro Marque na luta.
A cerca de 40 quilómetros da meta, na primeira categoria que antecedeu a Serra do Larouco, Rafael Reis, o homem que saiu de amarelo de Bragança confirmou que estes terrenos tão íngremes não são para ele e ficou irremediavelmente para trás. Foi a altura de, nesta etapa da Volta a Portugal, se formar um grupo bem interessante constituído por Amaro Antunes, Joni Brandão e João Rodrigues (W52-FC Porto), António Carvalho, Frederico Figueiredo e Mauricio Moreira (Efapel), Abner González (Movistar) e Alejandro Marque (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel) que contou com a ajuda de Alvaro Trueba. Ou seja, todos os que têm mostrado querer e/ou poder ganhar a Volta estavam lá.
Apesar da aproximação à frente da corrida no Larouco, não era o principal objetivo deste grupo discutir a etapa. A liderança estava à mão, nas vésperas de se subir a Senhora da Graça, com a Volta a terminar domingo, 15 de agosto, em Viseu. Numa Serra do Larouco que este ano presenteou a caravana com muito sol e muito calor, Joni Brandão deu o mote no ataque a dois quilómetros da chegada, o que partiu o grupo. Amaro seguiu com o colega de equipa, enquanto na Efapel, Mauricio Moreira e Frederico Figueiredo não descolaram e Marque não ficou longe.
O algarvio Amaro Antunes passou para a frente da classificação da Volta a Portugal, agora com 14 segundos de vantagem para o espanhol. A corrida termina com um contrarrelógio, pelo que a Senhora da Graça tem importância acrescida para quem não é tão forte nesta especialidade. Frederico Figueiredo ficou a 18 segundos, Moreira a 50 segundos, Casimiro a 57 e Brandão a 58.
“Hoje mostrámos o verdadeiro ADN desta equipa. Foram todos incansáveis em busca da camisola amarela. Amanhã (este sábado, 14 de agosto) será mais uma batalha e em Viseu será outra. Nós como equipa temos as coisas bem definidas e queremos vencer esta Volta a Portugal”, afirmou o novo líder. Sobre as duas tiradas que faltam, afirmou que todas vão ser decisivas. “Tudo faremos para, se possível, alargar a vantagem [na Senhora da Graça]. Em Viseu [contrarrelógio individual] será deixar tudo na estrada.“
Nem sempre as etapas que terminam no Larouco permitem a realização da cerimónia de pódio perto da meta, mas com o bom tempo deste agosto foi possível, desta vez, ver o desfilar das camisolas num cenário fantástico a perder de vista. Afinal é o segundo topo mais alto de Portugal continental. Se Amaro Antunes (W52-FC Porto) se apropriou da Camisola Amarela Santander, Rafael Reis (Efapel), que a largou, teve de contentar-se com a Camisola Verde Rubis Gás, símbolo da liderança por Pontos que já possuía. Bruno Silva (Antarte-Feirense) esteve na fuga a reforçar o estatuto de “Rei da Montanha” e continua a envergar a Camisola Bolinhas Continente. O campeão nacional de Porto Rico, Abner González (Movistar), mantém a Camisola da Juventude Jogos Santa Casa.
Murphy Bisou na Volta
O triunfo de Kyle Murphy, em Montalegre, com 13 segundos de diferença para o espanhol Jose Parra (Kern Pharma) e 25 sobre Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO) confirmou a excelente prova que o norte americano da Rally Cycling está a fazer. “Estou muito feliz! Adoro correr em Portugal. Os adeptos são incríveis. É uma grande corrida, os fãs são fantásticos a apoiar, a gritarem o nosso nome, há boas estradas, bom tempo e também gosto da atitude no pelotão, muito relaxada, ninguém está a discutir, é muito calma e quando é para ir, corremos de forma muito dura”, descreveu um bem-disposto Kyle Murphy, para quem a vitória isolada em Castelo Branco e agora em Montalegre é suficiente “Agora é tempo de relaxar! Estou muito cansado! Espero que possamos voltar no próximo ano e trazer toda a família, ficar no Porto duas semanas antes da corrida, apreciar a comida e depois trazê-la aqui para as montanhas e apreciar a paisagem.”
E agora, a Senhora da Graça
A corrida está emocionante a dois dias do fim e muito há por decidir. A mítica Senhora da Graça, em Mondim de Basto, espera pelos ciclistas este sábado, mas antes, a etapa não será nada fácil. Serão 145,5 quilómetros entre Boticas e Mondim de Basto, com a meta instalada no alto do Monte Farinha. Há cinco contagens de montanha que começam bem cedo: Sabroso de Aguiar (21,1 quilómetros), Torgueda (70,8), Velão (80,5) e antes da Senhora da Graça (primeira categoria), os ciclistas terão de ultrapassar a subida do Barreiro (101,2). As metas volantes estão instaladas em Pedras Salgadas (25,9), Vila Real (58,8) e Mondim Basto (133,8).
DGS atenta à Volta reconhece esforço sanitário e estratégia de testagem
A Direção Geral da Saúde reconheceu esta sexta-feira o esforço que a Podium, responsável pela organização da 82ª Volta a Portugal Santander, tem realizado no sentido de tornar a prova o mais segura possível. Em mensagem enviada aos responsáveis pela Volta, a Comissão Técnica para os Eventos de Massas faz referência às evidências recolhidas e testemunhadas pelas autoridades de saúde territoriais e, por esse motivo, “reconhece o esforço da organização na implementação de melhorias no que concerne à logística e aplicação de medidas sanitárias”.
A estratégia de testagem entre atletas e staff também mereceu reparo positivo. “Os resultados demonstram de forma inequívoca que quando as medidas são aplicadas o risco de transmissão diminui”.