No centro histórico da baixa portuense, um abandonado armazém de ferro do século XIX foi transformado num boutique hotel de luxo, dando lugar ao Armazém Luxury Housing, um local de experiências, onde cada quarto tece a sua própria narrativa.
Com arquitetura de Luís Sobral e Carlos Miguel Campos, esta reconstrução privilegiou a harmonia de cores, utilizando o betão, o ferro e a madeira que contrastam com a delicadeza dos tecidos, com traços suaves e cheios de personalidade.
Neste edifício singular, a decoração é original, numa mistura equilibrada entre o irreverente, o clássico e o moderno. Desde camas feitas de betão, troncos antigos e até com escadas na lateral, ao cofre que pesa toneladas transformado num bar, o objetivo foi cumprido: criar um espaço especial e merecedor da beleza e encanto da invicta.
Fernanda Gramaxo, CEO do Armazém Luxury Housing, refere que “para além de todos os destroços, escadas partidas e pó, percebi que este era o local onde iriamos criar algo que, até hoje, não existe igual no Porto. Aqui temos recebido os mais variados hóspedes de diferentes países e áreas, como arquitetos, artistas, músicos e todos aqueles que têm a sensibilidade e vontade de querer ficar num local diferente e especial”.
Com 9 quartos e três apartamentos, neste boutique hotel de luxo, onde antes se armazenava ferro, hoje constroem-se emoções, histórias, sorrisos e memórias.
Sobre a Arqueologia do boutique hotel de luxo, Armazém Luxury Housing:
O número 74 do Largo de São Domingos, no Porto, era no século XIX um armazém de ferro, prova disto é a rampa existente por onde os vagões de ferro se deslocavam.
No momento da intervenção, o edifício era composto por seis pisos e encontrava-se devoluto e em mau estado de conservação. A sua fachada tardoz confinava com um saguão que permitia tanto a iluminação como a ventilação dos dois pisos da cave.
O alçado principal voltado para um dos mais ilustres largos da cidade, era constituído por uma fachada em cantaria de granito com rés do chão, três andares e loja, levantada esta última em 1908. Nesta altura o rés do chão era condicionado a uso comercial, retirando qualquer acesso complementar desde a rua à habitação nos andares superiores.
Durante o trabalho arqueológico, foram descobertas produções cerâmicas da época Moderna (dos séculos XVI e XVII), “Louça Dourada” de Espanha, “Louça Majólica” italiana e um fragmento de uma caneca de cerveja de origem alemã datável de antes de 1581 já que no brasão existente ainda não se contemplam as armas de Portugal.
Entre o conjunto exumado destacam-se peças de produção nacional e internacional de grande qualidade, remetendo-nos para um ambiente requintado e muito acima dos padrões sociais médios da época.