Rão Kyao, subiu a noite passada ao palco do Salão Preto e Prata do Casino Estoril, para homenagear o carismático líder indiano Mahatma Gandhi, com a apresentação do seu novo trabalho “Gandhi”, um álbum temático, orgânico, feito para ser experienciado em casa ou ao vivo, tanto podendo agradar aos admiradores fiéis, como abrir portas para uma nova geração que se revê na música e valores que difunde.
“Humanista, ambientalista, homem da espiritualidade, olhando para o local, mas também para o global. Se existe altura em que necessitamos desses valores é hoje. A atenção pelos seres humanos e natureza. Saber olhar para dentro e para o que nos rodeia. O líder indiano Mahatma Gandhi (1869-1948), era isso. Estava à frente do tempo. Continua um futurista. A sua filosofia é aquilo que precisamos para este tempo”, refere Rao Kyao.
A música do compositor e flautista português também tem sido isso. Música que respira tanto universalidade como portugalidade, um convite para mergulharmos em nós próprios para estarmos mais atentos aos outros e ao que nos circunda.
em “ Gandhi ”, o novo trabalho de Rão Kyao, ouvimos temas como ‘Respeito pela natureza’ onde se apela ao sentido ecológico, ‘Deus é amor’ uma reflexão mística que culmina com aquela frase que nos unifica. Em ‘Regresso às origens’ apela-se à autosuficiência e ao espírito de independência e em ‘Paz é o caminho’ recorda-se, como dizia Gandhi, que “não há caminhos para a paz”. A paz é o caminho.”
O tema ‘Misericórdia’ alude ao ponto fundamental da sua sabedoria religiosa, enquanto ‘Sathya Graha’, dá ênfase à filosofia do amor e da não-violência que sempre guiaram Gandhi e que acabaria por conduzir ao afastamento dos ingleses. Um dia o líder negro Martin Luther King afirmou: “Cristo é a mensagem. Gandhi é o método.” salientou Rão Kyao.
Em ‘Marcha do Sal’ evoca-se a caminhada até às salinas, organizada por Gandhi, e que juntou uma multidão em prol do direito ao sal, enquanto o tema ‘Independência’ refere-se ao ano de 1947, o ano da libertação. ‘Vaishnav jan to tene Kahiye je’ tema preferido de Gandhi, sobre as opções da humanidade, tendo-se tornado ao longo dos anos no hino não oficial da Índia.
Se do ponto de vista temático, “Gandhi” é uma obra que respira globalidade, do ponto de vista musical faz-nos viajar até ao Oriente sem que em nenhum momento saiamos das texturas, da identidade e também ritmos de Portugal, com influências tão diversas, do malhão ao fado, numa viagem que é, afinal, ao nosso interior. Música pacificadora, mas ativa e encantatória, como o saber de Gandhi.
As sonoridades deste trabalho, agradaram ao publico, presente no Salão Preto e Prata, que não negou fortes aplausos a este músico português.