-Até seis metros de papel: agora desenha-se diante de um monitor com recurso à última tecnologia em 3D, mas há quatro décadas os projetistas reuniam-se à volta de uma enorme mesa para traçar as linhas de um automóvel à escala real. “Fazia-se tudo com papel, régua e compasso na mão e, claro, nada de programas de edição de imagem”, recorda Ángel Lahoz. Nos anos 80, uma das dificuldades era a de projetar diferentes secções do modelo desenhado, umas sobre as outras, no mesmo plano.
-Do lápis de carvão à caneta digital: “Havia um único computador por departamento, para a assistente da direção, e os restantes trabalhavam em mesas cheias de planos e de lápis de cor. Parecia um atelier de artistas”, recorda Lahoz. Hoje, esta imagem foi substituída por tablets interativos e canetas digitais. Os desenhadores podem agora fazer correções instantâneas com um só click, fazendo com que desaparecessem “as mil e uma modificações feitas à custa da borracha de apagar”, acrescentou.
-Duas toneladas de gesso face a 5.000kg de argila: na fase de criação de um novo modelo, os esboços convivem com as reproduções de protótipos em tamanho real. É desta forma que se definem as formas finais. Nos anos 80, para a primeira geração do SEAT Ibiza, utilizava-se o gesso. Em contraste, hoje, recorre-se à argila, um material de mistura de aspeto semelhante ao barro “muito mais moldável”, explica Lahoz. Agora, graças à tecnologia, é também possível alcançar “uma precisão à décima de milímetro”. Este processo, mais manual, é combinado com protótipos virtuais.
-Desenhadores com óculos HD: “Se, quando comecei na SEAT, me tivessem descrito como trabalharíamos hoje, teria dito que estavam a fazer ficção científica”, compara Lahoz. Atualmente, não só é possível desenhar um modelo virtual como também experimentar, em primeira mão, as sensações ao volante. Estas novas ferramentas de trabalho permitem garantir em cerca de 90% a viabilidade dos primeiros esboços.
-O dobro das simulações graças à realidade virtual: a realidade virtual tornou-se, nos últimos anos, um elemento chave em todo o processo de desenvolvimento de um modelo. Outro exemplo é o dos testes de colisão. Para o novo Ibiza foram realizadas 95.000 simulações, duplicando as que foram feitas na geração anterior. Além disso, esta nova tecnologia é capaz de analisar até 3 milhões de elementos de um automóvel, número que não passava dos 5.000 há 30 anos.
-A evolução dos testes ao limite: antes de ser comercializado, os automóveis devem completar uma série de testes em condições extremas. “Os testes mudaram muito ao longo dos anos”, garante Jaume Camps, o engenheiro responsável pelos testes em condições extremas. Há três décadas já se sujeitavam os protótipos a provas dinâmicas no calor, em zonas desérticas, e no frio extremo no Círculo Polar Ártico. A diferença, esclarece Camps, é que hoje há muito mais coisas a testar devido “à incorporação de toda a eletrónica e aos sistemas de ajuda à condução” presentes nos automóveis atuais.
-Uma equipa cheia de engenheiros, multiplicada por cinco: o Centro Técnico da SEAT nasceu em 1975 com 211 engenheiros a trabalhar numa superfície de 130.000 m2. Quatro décadas mais tarde, este hub de conhecimento desenvolve-se num espaço de 200.000 m2 e conta com mais de 1.000 profissionais.