Terra de contrastes, a singularidade da localidade da Mina de S.Domingos não deixa indiferente o olhar de quem por ali passa. Ao cenário idílico das águas calmas e límpidas da Tapada Grande, convite aberto a um mergulho nos dias de estio; contrapõe-se a paisagem quase apocalíptica do antigo complexo mineiro: ruínas, restos de maquinaria pesada, uma linha-férrea descativada e zonas áridas, estéreis de qualquer vestígio de vida.
A visita é obrigatória, e uma vez ali, enquanto calcorreia as vielas e os caminhos da antiga rota do minério, aviva a memória viva das gentes que lá trabalharam.
A Mina de S. Domingos é uma aldeia do concelho de Mértola, dista 17 km da sede de concelho e faz parte da freguesia de Corte do Pinto. A Mina já foi, em tempos, um dos mais importantes aglomerados populacionais do concelho, com cerca de 6.000 habitantes, apesar de hoje contar apenas com, aproximadamente, 800 habitantes. A explosão demográfica deu-se com a exploração moderna dos seus recursos minerais, que teve inicio em 1858, através da sociedade inglesa Manson & Barry e se prolongou até ao ano de 1965. A tipologia e malha urbana reflete a forte estratificação social da altura: de uma área habitacional destinada aos quadros superiores, isolada das outras zonas pelo arvoredo e dotada de coreto, jardim e campo de férias; do outro os bairros operários construídos em banda, sem centro, geralmente terminados por equipamentos de uso coletivo, como os fornos de cozer o pão e latrinas.
Em 1854, Nicolau Biava registou a descoberta da mina da Serra de Sancto Domingos e, pouco tempo depois, deu início aos primeiros trabalhos de exploração que só teriam término no ano de 1965. Ao longo de 112 anos de atividade foram retirados do subsolo cerca de 25 milhões de toneladas de minério (principalmente cobre). A exploração da mina pela companhia inglesa Manson & Barry foi acompanhada por um programa de construção de infraestruturas que mudaram para sempre a paisagem bucólica e quase desértica de outrora. Foram criadas de raiz as aldeias da Mina de S. Domingos, Achada do Gamo, Pomarão, Telheiro e Moitinha; construiu-se a linha de caminho de ferro que ligava a Mina ao porto do Pomarão, uma central de energia elétrica, oficinas, represas para armazenamento de águas e vários equipamentos coletivos de apoio social e cultural, num conjunto arquitetónico e industrial de invulgar interesse histórico.