Foi este o anúncio, ontem 21 de março, do presidente da SEAT, Luca de Meo, na apresentação anual de resultados aos meios de comunicação, em Madrid. A SEAT assume um passo em frente na direção da mobilidade elétrica, que incluirá, igualmente, a versão híbrida da nova geração do Leon. E, em paralelo, o construtor continuará a apostar nos veículos a gás natural comprimido (GNC) e com motores de combustão.
Segundo referiu o presidente da SEAT, “podemos estar felizes com os resultados de 2017, mas não devemos estar satisfeitos. Juntos, fechamos um período de consolidação e agora é chegado o momento de enfrentarmos o futuro com a ambição de crescer”.
2017, um ano de recordes
A SEAT completou o exercício de 2017 com sucesso. Depois de alcançar os melhores resultados da história em 2016, em 2017 o lucro depois de impostos chegou aos 281* milhões de euros, mais 21,3% face ao ano anterior (2016: 232), sem contar com o efeito extraordinário da venda da filial VW Finance, S.A. à Volkswagen AG. Por outro lado, o lucro operacional situou-se nos 116 milhões de euros (2016: 143) em consequência de maiores volumes e atividades de investimento com o lançamento de novos produtos com maiores depreciações.
O volume de negócios da SEAT em 2017 alcançou o valor recorde de 9.552 milhões de euros, mais 11,1% em relação ao exercício anterior (2016: 8.597). A aceleração das vendas que levou à entrega de 468.400 veículos, resultando no número mais elevado desde 2001, apontando a SEAT como uma das marcas com maior crescimento na Europa, e um melhor mix na venda de veículos, liderado pelo Ateca, um modelo com maior margem de venda, contribuíram para estes resultados. Desde 2013, a faturação da SEAT aumentou em cerca de 50%.
Nas palavras de Luca de Meo, “2017 foi novamente um ano recorde para a SEAT”. Do ponto de vista das vendas, “os resultados de 2017 são consequência do rendimento equilibrado de todos os modelos. Hoje, temos uma das gamas mais jovens do mercado, em média, com pouco mais de três anos, e que cobre todos os segmentos significativos na Europa com produtos referenciais”. De Meo acrescentou que “em poucos anos, convertemos a SEAT numa marca relevante para uma ampla maioria dos clientes europeus”.
A ofensiva de novos modelos é consequência do maior volume de investimentos desde a construção da fábrica de Martorell, em 1992. O ano passado, a SEAT destinou 962 milhões ao investimento e gastou na investigação e desenvolvimento (I+D) mais 11,6% face a 2016 (862 milhões), isto é, 10,1% do total de volume de negócios da marca. Desde total, 464 milhões de euros destinaram-se integralmente à I+D. Este montante representa cerca de 3% do total de investimento em I+D em Espanha, mantendo a SEAT como a empresa industrial espanhola que mais investe nesta área.
Entre 2013 e 2017, a SEAT destinou mais de 3.300 milhões de euros ao seu futuro, principalmente através da maior ofensiva de produto, bem como ao desenvolvimento de novos serviços que permitirão atingir o objetivo de converter a empresa numa referência em termos de digitalização, conetividade e mobilidade inteligente.
O vice-presidente para finanças, IT e Organização, Holger Kintscher, salientou que “em 2017 melhorámos todos os nossos principais indicadores financeiros. A SEAT continua a investir no seu futuro e isso está a gerar bons resultados. Completámos o maior ciclo de investimento em 25 anos e, graças a este esforço na renovação e ampliação da gama de produtos, alcançámos recordes de faturação, nos lucros depois de impostos e antes de efeitos extraordinários e no cash flow”. Kintscher acrescentou que “a estratégia da SEAT está a funcionar e atingimos o objetivo da rentabilidade. Somos uma empresa sustentável e estamos preparados para enfrentar os desafios do futuro e financiar os nossos planos de crescimento”.
Em 2017, a SEAT também aumentou a capacidade de financiar a sua atividade com recursos próprios. Neste sentido, o cash flow cresceu 24,4% até alcançar um valor recorde de 947 milhões de euros (contra 761 milhões em 2016), que quase triplicou o de 2013, demonstrando a sustentabilidade financeira da empresa. A SEAT dispõe dos recursos necessários para enfrentar a transformação tecnológica do setor automóvel, garantindo a sua estabilidade financeira.
Por outro lado, a SEAT exportou 81,1% do seu volume de negócios em 2017, consolidando-se como a principal empresa industrial exportadora de Espanha, com cerca de 3% do volume total do país. O objetivo da SEAT para os próximos anos é o de aumentar a internacionalização da marca e o de crescer fora da Europa.
Do ponto de vista industrial, a SEAT estreou em 2017 a nova plataforma MQB A0 em Martorell com o lançamento do Ibiza e do Arona. Os dois modelos, juntamente com o Leon e o Audi Q3, que será substituído pelo Audi A1 no segundo semestre de 2018, elevaram a utilização da fábrica de Martorell para 95% da sua capacidade atual. A plataforma MQB A0 traz também estabilidade à unidade fabril, já que garante um alto volume de produção durante os próximos 10 anos.
O aumento da produção, bem como os planos de futuro da empresa, traduziu-se em mais emprego. Em 2017, a fábrica do Grupo SEAT absorveu mais 185 pessoas e este ano já incorporou mais 265. Além disso, e como reconhece o acordo coletivo da SEAT, os empregados receberam 700 euros em pagamento de benefícios pelos resultados obtidos, um valor quase 50% superior ao do ano passado.
Mais marcas, mais mercados, mais automóveis e mais energias
Na sua apresentação sobre os planos do futuro para a companhia, Luca de Meo sublinhou que o crescimento da SEAT assentará em quatro pilares: “mais marcas, mais mercados, mais automóveis e mais energias”. Assim, no primeiro trimestre do ano, a SEAT lançou a CUPRA, nome que sempre foi a expressão máxima de desportivo e que é, a partir de agora, “uma marca para gerar mais receitas, atrair mais clientes, continuar a apostar na competição, integrar de forma mais acessível as tecnologias como a eletrificação, a hibridização, a conetividade ou os assistentes de condução, impulsionando a imagem, a credibilidade e a reputação da SEAT”, explicou Luca de Meo.
A SEAT também criou recentemente a XMOBA, uma nova companhia que terá como principal objetivo identificar, testar, comercializar e investir em projetos que contribuam para impulsionar soluções que melhorem a mobilidade do futuro. XMOBA e CUPRA juntam-se à SEAT Metropolis:Lab Barcelona, o digital-lab inaugurado em 2017 e participado a 100% pela SEAT, e que se integra na rede de IT-Labs do Grupo Volkswagen. As três novas empresas, juntamente com a SEAT, começam a formar “uma holding com uma atividade principal e pequenas empresas sobre o mesmo telhado. A nossa intenção é a de combinar o melhor de uma estrutura corporativa sólida com a agilidade, flexibilidade e velocidade das start-ups”.
Em complemento, Luca de Meo reafirmou a aposta da SEAT em abrir-se para o exterior e construir um ecossistema digital à volta do automóvel. Nesta estratégia, destacam-se as colaborações e acordos com empresas como a Amazon Alexa, Shazam, Waze, Telefónica ou Saba. “Queremos ser um ator importante na revolução do automóvel conectado. E a nossa ambição é a de sermos uma empresa de referência”.
Luca de Meo também apontou a internacionalização da SEAT como outro dos pilares da estratégia. A empresa opera em mais de 80 países, mas apenas 15% das vendas são concretizadas fora da Europa. Neste sentido, as regiões estratégicas de crescimento são o Norte de África, onde a SEAT lidera um projeto do Grupo Volkswagen de montagem de veículos na Argélia, e na América Latina e México, onde a companhia estuda a viabilidade da produção. Além disso, nos últimos meses também se abriram mercados como a Noruega e a Nova Zelândia, o que permite a presença nos cinco continentes. A SEAT também participa na joint venture da Volkswagen Group e JAC, contribuindo com o seu apoio técnico e know how nas áreas de I+D e design.
Para continuar a crescer, a SEAT prosseguirá na ampliação da gama com mais modelos. Luca de Meo anunciou que a “SEAT vai lançar um automóvel novo a cada seis meses até ao ano 2020” e revelou que “2020 será o ano da eletrificação na SEAT com o lançamento de uma versão híbrida Plug-in do Leon, construído na fábrica de Martorell, que terá uma autonomia de pelo menos 50 quilómetros, e do primeiro veículo 100% elétrico da marca, fabricado sobre a plataforma MEB do Grupo Volkswagen”. O primeiro veículo elétrico da SEAT, com as primeiras imagens já mostradas em vídeo, chegará ao mercado com um preço competitivo, contará com uma autonomia de 500 quilómetros e terá os sistemas de conetividade e de infotainment mais avançados do mercado e, pelo menos, o nível 2 na capacidade de condução autónoma.
O presidente da SEAT também reafirmou o compromisso da empresa com os veículos de gás natural comprimido (GNC). “Lideramos o projeto de desenvolvimento técnico dos veículos de GNC dentro do Grupo Volkswagen. Com o Arona TGI, que lançaremos este ano, ficaremos com o único SUV em todo o mundo com propulsão a gás natural”.
(*) A SEAT prepara os seus resultados anuais de acordo com o Plano Geral de Contabilidade Espanhol, sem incluir as subsidiárias. O Grupo Volkswagen aplica normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) e consolida os números da marca SEAT.