Este ano, o cartaz musical oferecido é “muito agregador para todas as idades” sendo que um dos objetivos estabelecidos se prende com a necessidade de “apanhar todos os públicos dos 8 aos 80”.
Desde a Orquestra Sinfónica de Cascais que nos presenteará com temas da Disney, até aos clássicos Xutos e Pontapés e passando por artistas como Amor Electro, Mariza, Expensive Soul, Azeitonas, David Carreira, Sara Tavares e João Pedro Pais a escolha é mais do que muita para agradar aos mais variados gostos e preferências.
A noite de abertura da edição de 2016 das Festas do Mar ficou a cargo de Cherry e dos Amor Electro. Se bem que os segundo são amplamente conhecidos e dispensam apresentações, já a primeira atuação da noite foi com alguma certeza uma novidade para muitos aqueles que se deslocaram até à Baía de Cascais.
A vocalista de Cherry, que também se dá pelo nome de Ana Caldeira é alguém que “adora cantar desde que se lembra dela mesma (…) e que um dia (…) decidiu que se calhar não era uma ideia assim tão disparatada (…) ser cantora profissional, ter vários projetos e fazer disso a sua vida”.
Antes de ter assumido o comando do Projeto Cherry, Ana Caldeira foi parte integrante dos Cherry Jam tendo sido nesse âmbito que, há mais ou menos 2 anos enquanto atuava no Casino do Estoril foi abordada pela Blim Records que a convidou a integrar um novo projeto. Assim, de acordo com a mesma “ele [Rui Ribeiro da Blim Records] já tinha composto um álbum (letras e musica) e (…) perguntou-me se eu queria ser a vocalista desse projecto e eu acabei por aceitar o convite e ficou Cherry precisamente porque não se encontrava um nome melhor saído de Cherry Jam. Era um nome feminino, fresquinho, doce”. Em termos de influências musicais do novo álbum (London Express) e tal como ficou bem expresso no concerto de abertura das Festas do Mar, Ana Caldeira descreve-as como sendo “pop com uns laivos de Jazz à mistura, uns toquezinhos de Soul”. Para além destas, a nível pessoal, que também deixou transparecer na sua atuação, acrescenta que tem “uma influência muito forte da Soul, do R&B, do Gospel (…) e do Blues”. Futuramente Cherry afirma que já estão a trabalhar num novo álbum onde se pode esperar “uma viragem de género a piscar o olho ao Rock, ao Indie e a um pop (…) menos imaculado”.
Sobre o facto de ter dado início às hostilidades Ana Caldeira refere que “estava com uma expectativa enorme e que tem aquela sensação do dever cumprido”. De acordo com Ana Caldeira a atuação foi ainda mais bonita que o esperado dado que, tinha “tanta gente à minha frente, um palco tão grande com uma paisagem lindíssima e depois porque é um festival que já se tornou clássico principalmente na zona de Lisboa”.
Apesar da responsabilidade de integrar um festival que se tem pautado por grandes nomes da música nacional, o concerto de Cherry foi um perfeito início de noite, numa noite que, infelizmente, ficou marcada pela chuva. Cherry apresentou-se confiante ao público de Cascais que apesar de ser pouco aquando do início foi migrando para a zona do palco com o passar das músicas. Certo é que, foi sempre difícil ficar indiferente ao timbre de Ana Caldeira, ao seus laivos de Soul e à sua presença em palco, num concerto que apesar de ser ao ar livre foi marcado por altos níveis de intimismo, nomeadamente aquando do dueto com Miguel Cervini, co-autor do próximo album.
Cherry parece começar a dar os primeiros passos num palco onde nem sempre é fácil vencer. A nós resta-nos esperar para ver e desejar-lhe as maiores felicidades.
A segunda atuação da noite, que ficou a cargo dos Amor Electro, não desiludiu. Atuando com casa cheia (a Baía de Cascais estava cheia desde a zona tendencialmente ocupada pelo público até às proximidades da Fortaleza de Cascais) e jogando num palco que lhes é bastante familiar, os Amor Electro apresentaram-se com um à vontade e uma cumplicidade com o público pouco comum e que com certeza a muitos terá surpreendido.
Entre a apresentação de temas do álbum “(R)evolução” e do álbum “Cai o Carmo e a Trindade” e com uma Marisa Liz especialmente faladora o concerto ficou marcado por momentos de grande emotividade, mas também de animação nomeadamente quando aquela pôs o público a subir e descer oitavas aquando da apresentação do single “Só É Fogo Se Queimar”. Como seria de esperar a participação do público foi bastante entusiasta sendo notório que dos “8 aos 80” se entoavam as músicas que marcaram a carreira dos Amor Electro. No entanto, o momento alto foi patrocinado pelo tributo aos Sétima Legião que, presentes na inconfundível voz de Marisa Liz, deixaram a Baía de Cascais de braços no ar.
Resumindo, a primeira noite das Festas não desiludiu. À parte da chuva e do vento, que nem sempre ofereceram o maior dos confortos, a noite de 19 foi auspiciosa e um bom prenúncio para mais nove dias de festa que promete ser forte. Resta-nos esperar para ver o que acontece.
A segunda noite das Festas do Mar, contou com a presença de For Pete Sake e Maria Gadú. Em mais uma noite de alguma intempérie, a casa estava cheia.
For Pete Sake, uma banda proveniente de Lisboa e com 2 anos de existência, apresentaram-se em Cascais confiantes. Com um novo álbum editado, mostraram ao público que nessa noite se deslocou à Baía de Cascais temas como Got Soul, Stains e House.
Num ambiente de festa, casa cheia, Maria Gadú presenteou-nos com alguns temas do seu novo álbum (Suspiro, O Bloco, Ela, Trovoa, Há, Aquaria, Semi-Voz), assim como um dos seus singles mais aclamados, Shimba.
No seu estilo bem próprio foi capaz de arrecadar aplausos sentidos, regados por vezes por algumas doses de histerismo que com certeza não deixaram a artista indiferente.
Depois de 7 anos de atividade, Maria Gadú continua a dar cartas, nomeadamente deste lado do Atlântico como ficou comprovado pela festa que patrocinou na segunda noite das Festas do Mar.
Apesar da boa reação do público a ambos os espetáculos, a noite ficou marcada por mais um momento emotivo, desta vez protagonizado pelo Presidente da Camara Municipal de Cascais quando este prestou homenagem aos 400 bombeiros das corporações do Concelho que se mantiveram firmes no combate aos incêndios que recentemente assolaram vastas zonas do território nacional.