A Festa durou três dias, mas desde junho que os vários voluntários preparavam a 40ª edição do evento que, para além de concertos, teve também teatro, cinema, desporto, debates e gastronomia nacional e estrangeira.
Com uma oferta tão extensa num recinto ainda maior este ano (o espaço da recém-adquirida Quinta do Cabo da Marinha juntou-se ao da Quinta da Atalaia, num total de mais de 200.000 m2), a aplicação móvel criada para a iniciativa, com o mapa do recinto e a pesquisa pelos diversos horários e eventos programados, facilitava a escolha dos programas a explorar.
O discurso na sexta-feira, dia 2, de Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, deu como aberto o evento que reúne no mesmo espaço não só militantes e simpatizantes do partido, mas também aqueles que, segundo o cantor Agir, “vêm aqui para rever amigos com quem não têm oportunidade de estar durante o resto do ano”.
Para quem, como o cantor Jorge Palma, é presença assídua no evento, a Festa “é muito especial e são tantas e tantas as recordações que tenho disto. Já toquei tantas vezes nos vários palcos, acampei, fiz trinta por uma linha. Fiz uma festa da Festa!”. Este ano, o palco foi dividido com Sérgio Godinho com quem tem percorrido o país depois de, há dois anos, Palma lhe ter feito “um pedido de namoro que está a correr lindamente porque é sempre um gozo tocarmos juntos”.
Paulo de Carvalho também é um repetente nas atuações da iniciativa, mas este ano houve uma novidade, como nos explicou o cantor:
“Estou aqui quase todos os anos, mas este ano há uma novidade que é juntar duas gerações de músicos e o convite que os Xutos me fizeram é muito honroso para mim, eles também me confessaram que o é para eles, o que é bom porque se junta a fome com a vontade de comer. É uma alegria acrescida estar com eles quando a Festa faz 40 anos. Tive oportunidade de ver um vídeo, que nem conhecia, eu a cantar na primeira Festa. Era tão novinho..”, desabafa.
Aos Xutos e Pontapés, para quem vir ao Avante é “como vir a uma festa de anos, cantar os parabéns”, coube a tarefa de encerrar o ano de aniversário do evento, num concerto em que um recinto a abarrotar cantou êxitos intemporais como “Ai se ele cai”, “Para ti, Maria”, “Contentores” e o incontornável “Minha Casinha”, tema final da atuação da banda.
Para o vocalista Tim, estes 40 anos “são uma comemoração especial, há muita gente que trabalha aqui e estes quarenta anos refletem os milhares de pessoas que ajudaram com que a Festa fosse a Festa. Antigamente, as pessoas não tinham oportunidade de ver nem música, nem literatura nem nada e a Festa teve sempre esse condão, de as pessoas fazerem um esforço genuíno para terem aquilo que querem e que gostam” e continuou, defendendo que, a presença política “já está muito resumida, não é como antigamente e as pessoas vêm à Festa para se encontrarem, conviverem e para ver e porque é uma coisa que se faz na vida: vir ao Avante.”
Foram muitos os que desfilaram nos vários palcos nos três dias do Avante de 2016 e que este ano também teve direito a uma roda gigante, como o fado de Ana Moura que bisou no palco 25 de Abril e fez parceria com Marta Ren, Kátia Guerreiro, Cristina Branco, Aldina Duarte, os saudosos Peste & Sida, Carlão, Sam the Kid e Sara Tavares e os Jafumega, entre tantos outros, mas todos concordam num ponto: não há Festa como a do Avante.