Actriz de teatro, revista e cinema, tornou-se um ícone da cultura popular portuguesa, com memoráveis participações em filmes como “A canção de Lisboa” (1933) ou “A aldeia da roupa branca” (1939). Marcou o estilo da época com o seu característico look, que até lhe valeu a alcunha “Menina da Franja”.
Assinalando o aniversário do nascimento de Beatriz Costa, disponibilizamos nas plataformas digitais uma edição de 1977: “A Inesquecível Beatriz Costa”. São 12 temas que incluem os clássicos “Grande Marcha de Lisboa”, “O Balãozinho” ou ainda “Marcha de São Vicente”.
Recuperado do arquivo da Valentim de Carvalho fica a transcrição de uma nota à imprensa de 1977, que acompanhou a edição original de “A Inesquecível Beatriz Costa”.
«Beatriz Costa fala por si e felizmente na linguagem dos eleitos, a única que desafia épocas, estilos e modas, o talento. Um talento tão grande que ainda hoje não foi substituído no teatro português, uma força da natureza, esta mulher azougada que é a legenda viva, vivíssima, do nosso teatro ligeiro. Os documentos que fez no ecran são ainda a mais saborosa retrospectiva que se faz do cinema português dos tempos gloriosos em que se trabalhava por amor à arte, com a vantagem, justiça se faça, de poder dispor de talentos como parece não ter voltado a haver para nosso mal. Do teatro, só a recordação, na memória de alguns privilegiados que gozaram esses momentos em que diariamente esta grande actriz representava, esbanjando talento, números que só ela era capaz de criar. De alguns, a parte cantada das rábulas, está aqui, depois de carinhosa e respeitosamente ‘tratada’ pela técnica, que conseguiu extrair, de discos usados, com mais de 40 anos (daí os defeitos que a reprodução acusa que de modo nenhum se sobrepõem ao enorme interesse documental do disco), o clima musical e manter a força telúrica da voz mais indicada para cantar músicas populares. Ninguém voltará a cantar como ela as marchas dos bairros de Lisboa. Ela é a voz que com a autenticidade requerida pela canção rústica canta música urbana. Perfeita simbiose do que é a música de um povo que com ela se identifica verdadeiramente, do campo à cidade, ultrapassando as fronteiras que os puristas entendem estabelecer entre o que devem ser, ou são, segundo eles, as músicas que só podem ser entendidas por camadas distintas de público. Beatriz Costa ignorando essas normas pragmáticas estabelecidas por alguns, deu a todos o enorme prazer de com ela comungar da alegria de cantar para dar felicidade a quem a escuta.»
ALINHAMENTO DO DISCO
1. Grande Marcha de Lisboa
2. A Saloia da Malveira – Da Revista “O Cavaquinho”
3. Fado do 17 – Da Revista “Arre Burro”
4. Marcha de Alfama
5. Marcha de São Vicente
6. O Balãozinho
7. Marcha da Mouraria
8. Cachopa – Da Revista “O Cavaquinho”
9. Marcha do Benfica 1
10. Arre Burro – Da Revista “Arre Burro”
11. O Vinho É Foguete
12. Marcha de Benfica 2