A história, escrita pela fictícia Susie HK Brideswell,acontece no Inverno de 1922 e conta a história de um assassinato de contornos misteriosos. O investigador vai ter de perceber quem é o assassino e, não fosse esta a peça em que tudo dá para o torto, no final o assassino seria descoberto sem qualquer inconveniente.
O problema é que, durante a performance,há toda uma série de desgraças hilariantes que acontecem quando menos se espera. Desde portas encravadas, objetos a cair e atores que se esquecem das deixas.
Este é o resumo, do primeiro “replica show”, a acontecer em Portugal, que teve ontem dia 12 de fevereiro, no Auditório dos Oceanos a sua primeira apresentação ao público.
O conceito de “replica show” define-se pela compra da totalidade de um projeto por parte de uma produtora nacional. São, por isso, adquiridos os desenhos de luz, som, cenário e guarda-roupa, o que faz com que a peça seja apresentada nos seus moldes originais e, por isso, coincida com as apresentações de, por exemplo, Londres, Nova Iorque e Madrid.
As únicas alterações possíveis são a tradução do texto para português e o elenco composto por atores nacionais. Para além disso, também a imagem e os cartazes, estão em consonância com o espetáculo original. Como refere Paulo Dias, “eu por exemplo vi em Nova York em Londres e vi em Madrid e realmente as alterações são pouquíssimas porque eles [ingleses] são muito rigorosos com as adaptações. Nosso, são os atores, que são muito bons, a nossa técnica, a construção do cenário e a roupa que foi toda feita em Portugal, embora baseada nos desenhos que nos mandaram.”
Telmo Ramalho que dá corpo ao Max do Núcleo de Teatro da Sociedade Cultural e Recreativa do Sobralinho, que por sua vez vai interpretar o Cecil de “O crime na Mansão Haversham”, explica, que nesta peça, “tudo é estudado, não há margem para improviso, tudo funciona como um relógio suíço… esta é uma peça cientifica, em que toda a ação gera um efeito, previamente definido.”
Para Telmo esta é uma daquelas peças, que o publico vai ter necessidade de ver mais que uma vez, “são tantas as peripécias a acontecer ao mesmo tempo no palco, que as pessoas vão perder sempre um ou outro pormenor” diz o ator a sorrir.
“A peça que dá para o torto” tem tradução e adaptação de Nuno Markl e interpretação de Alexandre Carvalho, Cristóvão Campos, Igor Regalla, Inês Castel-Branco, Joana Pais de Brito, Miguel Thiré, Telmo Mendes e Telmo Ramalho.
Como é habitual nestas situações, a produtora “mãe” envia uma encenadora, neste caso, a Hannah Sharkey, para montar o espetáculo e garantir que os padrões originais são cumpridos.
Frederico Corado o encenador residente, que ficará responsável posteriormente pelo espetáculo, conta-nos “apaixonei-me quando vi a peça em Londres hà quase cinco anos e diverti-me muito e gostava que as pessoas tivessem a mesma sensação que tive. Saí do teatro com dores de barriga de tanto rir … já fora da sala, ainda vinha a rir. Era uma sensação tão boa, que quis dar essa sensação aos outros. E depois acho que é uma história tão bem construída, é tudo tão bom, que quis partilhar essa sensação “.
Galardoada com vários prémios entre os quais o Tony para a melhor Cenografia, o Molière para a Melhor Comédia e o Broadway World Inglaterra para Melhor Novo Espetáculo de Teatro e o WhatsOnStage para a Melhor Nova Comédia “A Peça que dá para o Torto” estreou em Londres há 5 anos e já passou, regressou ou ainda está a passar por mais de 30 países!
Paulo Dias, acredita que este vai ser um grande sucesso, atendendo à recetividade que tem sentido por parte do publico “Num país em que é muito difícil hoje em dia convencer pessoas a virem ao teatro nomeadamente sem saber o que é que vem ver, o facto de termos colocado os bilhetes à venda em outubro e ter começado logo a haver uma grande procura de bilhetes e de informação à volta deste projeto é muito satisfatório e gratificante para nós”.
Com as sessões já esgotadas para as próximas duas semanas “A peça que dá para o torto” ou o “O crime na Mansão Haversham” como lhe queiram chamar, será certamente um recorde de bilheteira, como refere Paulo Dias, diretor da UAU e um dos grandes culpados da chuva de gargalhadas que se vai abater durante os próximos meses sobre o Auditório dos Oceanos do Casino de Lisboa.