O novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) abriu ao público ontem, dia 5 de outubro e, no retomado feriado nacional, mais de 15 mil pessoas visitaram o edifício projetado pela britânica Amanda Levete.
Pertencente à Fundação EDP, pretende-se que o MAAT seja, segundo António Mexia, presidente do conselho de administração da energética, “uma plataforma de referência no circuito global” e que, “pela sua localização na frente ribeirinha de Belém” proporcione “uma nova forma das pessoas se relacionarem com a cultura, com o património e com a própria cidade”.
A interação entre cultura, comunidade e cidade é também defendida por Amanda Levete, autora do edifício e líder do atelier AL_A, que justifica as linhas orgânicas e a integração do espaço na paisagem devido a “uma luz que é uma particularidade absolutamente notável” e com a qual se pode jogar através de um dos materiais usados na obra: a cerâmica.
“Quisemos homenagear a capacidade artesanal, não tanto num modo de património reinterpretado, mas sobretudo como meio para amplificar a luz”, explica Amanda.
E são 14.936 as placas de cerâmica que cobrem a fachada e a entrada do museu cuja obra inaugural é da artista convidada Dominique Gonzalez-Foerster e da sua instalação Pynchon Park,
A obra, que ocupa os mil metros da Galeria Oval, retrata um recinto que vai sendo percorrido pelo visitante e que a observa até chegar ao final. Aí, pode entrar também no recinto e, numa clausura voluntária que dura sete minutos, fazer parte da peça que combina escultura, som, luz e performance.
Da programação do segundo semestre de 2016 fazem parte também The World of Charles and Ray Eames, a primeira retrospetiva da obra do casal de designers e a exposição A Forma da Forma, a qual faz parte da 4ª Trienal de Arquitetura e que se encontra na Praça do Carvão, lugar de acolhimento para quem visita o Museu da Eletricidade.
Também a Sala das Caldeiras é uma componente de articulação entre o edifício da Central Tejo e o MAAT ao manter a sua componente didática, mas adaptada agora para também receber trabalhos de vídeo e, para Pedro Gadanho, curador no departamento de arquitetura e Design do MoMa (The Museum of Modern Art), em Nova Iorque, entre 2012 e 2015, e agora diretor artístico do MAAT, “há uma coerência na programação. Não dispara em várias direções, mas estabelece diálogos entre os vários espaços expositivo.”
A Sala dos Geradores do Museu da Eletricidade viu ontem casa cheia. Com a fadista Carminho a anteceder a atuação dos Dead Combo, muitos foram os que tiveram que assistir a ambos os concertos através da tela colocada no exterior. Houve ainda ‘live set’ do artista visual japonês Ryoji Ikeda e do nova-iorquino Zebra Katz, e quem preferisse usufruir do terraço, no topo do MAAT e acessível 24 horas por dia, e da vista sobre a ponte 25 de Abril.
A afluência de milhares ao recente espaço público, que integra dois museus e um jardim numa área total de 38 mil metros quadrados, provocou o encerramento da ponte pedonal sobre a linha férrea junto ao Museu dos Coches, em Lisboa, por receio que, com o peso dos visitantes do museu, a mesma cedesse.
Mas, se não fez parte da enchente de ontem, saiba que o MAAT vai ter entrada gratuita até março de 2017, altura em que já estará em pleno funcionamento e a partir da qual o preço do bilhete será de 9 euros.