Quando comparado com Espanha ou Itália, países relativamente próximos, Portugal parece ter um número significativamente menor de casos de coronavírus tanto ao nível dos infetados como o de mortos.
Além dos “poucos casos”, como refere um canal de televisão belga RTBF, a evolução parece estar a ser “lenta” mas positiva, segundo referiu esta terça-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Uma das razões apontadas é mais uma vez a localização geográfica do território nacional, que abona a favor dos portugueses uma vez que apenas existe uma fronteira terrestre com outro país, Espanha, o que facilita o controlo das entradas e saídas de Portugal.
Também as medidas restritas tomadas logo no início do surto, quando apenas se contabilizavam 100 casos de infetados e a “autodisciplina dos portugueses” pode ter contribuído para manter o número de casos controlados.
“Fecharam-se nas suas casas de campo, pararam de ir a cafés, bares e restaurantes e tiraram as crianças das escolas. Muitas foram fechadas devido à falta de alunos mesmo antes da proibição, o mesmo aconteceu com as lojas devido à falta de clientes”, descreve a mesma fonte.
De acordo com o canal belga, “o primeiro-ministro socialista António Costa entendeu logo que quanto mais durasse a crise da saúde, mais dramático seria o impacto no turismo, um setor essencial para a economia portuguesa. Portanto, optou por tomar medidas radicais, numa fase inicial, para sair da situação de contenção o mais rápido possível e reiniciar o turismo o mais rápido possível”.
A estabilidade política, também contribuiu para a tomada de medidas urgentes, uma vez que era bem conhecido do Governo a fragilidade do sistema de saúde nacional.
“Há um aspeto político, uma permanência. A esquerda está no poder desde 2015, já em Espanha, nos últimos 5 anos, ocorreram 4 eleições gerais”, sublinha a RTBF
A generosidade portuguesa também é destacada nesta análise: “O governo [português] tomou a decisão de estender os direitos na saúde aos imigrantes. Enquanto que em Espanha, o partido populista de direita Vox exigiu que os imigrantes indocumentados pagassem do próprio bolso os serviços de saúde”.
“Portugal aceitou em quase consenso a concessão de direitos a todos os seus imigrantes no processo de regularização. Os imigrantes podem beneficiar do sistema de saúde gratuito. Também podem solicitar o subsídio especial para os trabalhadores que precisam ficar em casa para cuidar de seus filhos ou pais. Em suma, isso confere os mesmos direitos que os portugueses e assim todos se protegerão do Covid-19”.
Uma última nota positiva para o reforço das medidas de contenção no período da Páscoa e manutenção do Estado de Emergência até pelo menos 17 de abril, que tornam esta crise mais controlável.
Fonte: CMJornal