Cinco navios, 240 tripulantes e um único objetivo: chegar às Molucas, umas ilhas onde abundam as especiarias, que na época se vendiam a preço de ouro. A conhecida como Expedição Magalhães-Elcano partiu de Sevilha em agosto de 1519 sem saber que representaria um marco na história ao descobrir o Estreito de Magalhães, atravessar o Oceano Pacífico e realizar a primeira volta ao mundo. No âmbito do V Centenário deste acontecimento, a Fundação “la Caixa“, através do programa EduCaixa, promove visitas de conteúdo histórico a bordo do veleiro ÍBERO III (Jongert 20DS 1980), numa perspetiva pedagógica.
Após a passagem por Sanlúcar de Barrameda e Sevilha, o veleiro lançou amarras em Lisboa, onde permanecerá à disposição dos estudantes até 18 de setembro. Em seguida, o veleiro fará escala em Valência (de 28 de setembro a 2 de outubro) e Barcelona (de 5 a 10 de outubro), a fim de oferecer visitas pedagógicas a jovens do ensino básico e secundário, com número restrito de alunos por turno, de acordo com as recomendações de saúde de cada país. Prevê-se a participação de mais de 3000 alunos nas atividades realizadas nas cinco escalas.
A ação de divulgação itinerante, organizada pelo historiador e jornalista Ramón Jiménez Fraile, tem por objetivo dar a conhecer a expedição ao público escolar de duas maneiras: por um lado, mostrar as técnicas náuticas do século XVI e examinar mais aprofundadamente a aventura de explorar o mundo, e, por outro, enfatizar os valores da navegação, aplicáveis a qualquer âmbito: liderança, trabalho em equipa, cooperação e responsabilidade, além de respeito pelos companheiros e predisposição para ajudar em qualquer circunstância. Assim, os monitores utilizarão material educativo para explicar aos alunos o contexto histórico da expedição, a rota da mesma e as causas que a motivaram.
Xavier Bertolín, diretor da Área de Ação Comercial e Educativa da Fundação “la Caixa” assinalou na apresentação desta iniciativa pedagógica que “constitui uma oportunidade única para examinar o significado histórico de uma das aventuras mais emocionantes da Humanidade”.
A história que mudou o mundo
Liderada pelo navegador português Fernão de Magalhães, a expedição pretendia abrir uma nova rota para chegar às “lhas das Especiarias” navegando para ocidente, respeitando o Tratado de Tordesilhas através do qual Portugal e Espanha tinham dividido o mundo em dois hemisférios. Além de 139 espanhóis, a expedição incluía 31 portugueses, 26 italianos, 19 franceses, 9 gregos, 5 flamengos, 4 alemães, 2 irlandeses e 1 inglês.
Fernão de Magalhães perdeu a vida após realizar a primeira travessia do Oceano Pacífico, num combate com nativos nas Filipinas. Depois de chegar ao Arquipélago das Molucas, o basco Juan Sebastián Elcano assumiu o comando do navio que regressou a Sanlúcar de Barrameda três anos após a partida, tendo realizado a primeira volta ao mundo.
Conforme explica o organizador da ação de divulgação, Ramón Jiménez Fraile, “as técnicas da época não permitiram demonstrar de forma inequívoca que as Molucas se encontravam no hemisfério espanhol (de facto, não se encontravam), mas o imperador Carlos V reivindicou o feito como espanhol. A venda das especiarias que Elcano trouxe das Molucas permitiu suportar os custos da expedição, que contou com o importante financiamento de Cristóbal de Haro, comerciante de Burgos”.
A Expedição Magalhães-Elcano demonstrou a esfericidade da Terra e foi a primeira a provar a imensidão do Oceano Pacífico, que cobre cerca de um terço do Planeta. Graças a esta expedição, a Humanidade obteve uma visão correta da Terra, dando-se início ao processo económico e cultural da Globalização.