O projeto transfronteiriço CRECEER serviu para aproximar as empresas turísticas e agroalimentares da região raiana de Portugal e Espanha e abriu caminhos para uma colaboração permanente. Esta foi a principal ideia a retirar da apresentação das conclusões do projeto transfronteiriço CRECEER, que aconteceu ontem, no Teatro Municipal da Guarda.
O CRECEER é um projeto transfronteiriço financiado por fundos europeus, que nasceu em 2017 com o objetivo de estabelecer sinergias nas zonas transfronteiriças de Portugal e Espanha, de forma a melhorar a competitividade de pequenas e médias empresas nos setores turístico e agroalimentar gourmet. Os territórios da Beira Baixa e das Beiras e Serra da Estrela, no Centro de Portugal, foram abrangidos pelo programa, assim como outras regiões de fronteira em Portugal e Espanha.
No início da apresentação, Carlos Monteiro, presidente da Câmara Municipal da Guarda, destacou a importância deste projeto “para promover os produtos endógenos”, em particular numa época tão difícil como aquela que atravessamos. “Os produtos endógenos e gourmet têm a capacidade de atrair visitantes ao território”, disse, elogiando a ligação que o CRECEER permitiu entre o turismo e o setor primário.
Filomena Pinheiro, diretora do Departamento de Estratégia e Operações da Turismo Centro de Portugal, apresentou as linhas fortes do projeto, bem como os seus principais parceiros. “Este projeto apareceu-nos como oportunidade para nos envolvermos com o território. Não podemos promover produtos turísticos se eles não existirem e o CRECEER possibilitou a criação de novos produtos. O que precisamos no território é de gente que apresente produtos identitários. Para que eles surjam, tem de haver parceiros comprometidos a apoiar”, salientou. “Com este projeto lançámos as sementes para a criação de produtos turísticos diferenciadores, mas o projeto tem de continuar”, acrescentou.
Luís Tadeu, presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, sublinhou que o CRECEER contribuiu para “intensificar os laços com os nossos vizinhos espanhóis”. “Esta região de fronteira está no centro da Ibéria, entre Madrid e Lisboa, e tem de dar o salto. Temos jovens a querer instalar-se nesta região, mas precisam de um empurrão, de apoios”, frisou.
Seguiu-se a apresentação técnica dos trabalhos realizados nestes quatro anos de projeto CRECEER, feita por Helena Alves, professora na Universidade da Beira Interior, Paulo Gonçalves, do NERGA – Núcleo Empresarial da Região da Guarda, João Amaral, presidente da Associação Artesãos da Serra da Estrela, Cláudia Domingues Soares, presidente da Inovcluster – Associação do Cluster Agroindustrial do Centro, e Mercedes Vicente García, do Departamento de Inovação e Empreendedorismo da Junta de Castela e Leão.
A terminar a sessão, Alexandra Rodrigues, diretora de serviços de Desenvolvimento Regional da CCDRC – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, elogiou os resultados apresentados por este projeto e lançou um desafio. “Este projeto veio no timing certo e aproximou os territórios. Mas tem de ganhar escala e de envolver mais empresas. Tem de crescer e ganhar dimensão”, disse, acrescentado que a CCDRC vai estar atenta à possibilidade de novos financiamentos europeus que permitam a continuidade da iniciativa.
Na conclusão, Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, enalteceu o sucesso que constituiu o projeto CRECEER. Um sucesso assente em três eixos. Em primeiro lugar, “a competitividade”. “Projetos como este estimulam o aumento da competitividade das empresas envolvidas. Sem empresas não há turismo”, sublinhou. Depois, a sustentabilidade. “O problema maior dos territórios de interior não é a desertificação, mas sim o despovoamento. Os equipamentos estão cá, é necessário criar condições para que os territórios sejam sustentáveis”, disse. Por último, a “colaboração”. “Este projeto permitiu um trabalho de fundo de cooperação transfronteiriça. Queremos que continue e o Turismo Centro de Portugal está disponível para novos projetos nesse sentido”, concluiu.