O “What’s Next – Innovating Tourism”, evento promovido pelo NEST – Centro de Inovação do Turismo, colocou a inovação na agenda da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2022 com uma programação que antecipou como será o futuro deste setor estratégico para a economia portuguesa.
Na BTL, o “What’s Next – Innovating Tourism” contou com um palco próprio e uma área para startups apresentarem as suas soluções. Os fins de tarde foram dedicados a sessões temáticas fora da BTL para as quais foram convidados oradores fora do setor com o objetivo de alargar o debate sobre o futuro do turismo à sociedade nas suas várias áreas.
Tiago Pitta e Cunha, CEO da Fundação Oceano Azul e Prémio Pessoa 2021, e João Wengrovius Meneses, Secretário-geral do Business Council for Sustainable Development, foram os convidados da primeira sessão, a 14 de janeiro, em que se discutiu porque é que o futuro do turismo é ser sustentável.
O CEO da Fundação Oceano Azul considerou que o século XXI terá como marca a Revolução Ambiental e será o século da sustentabilidade, mas alertou para o risco da delapidação do capital natural, lembrando que biodiversidade marinha e terrestre de Portugal e a gestão dos ecossistemas e conservação da natureza são uma mais-valia turística pela sua preservação.
Para João Wengorovius Meneses, qualquer oferta turística deve apresentar Portugal como destino sustentável e deu como exemplo a Costa Rica, pioneira em transformar o Turismo sustentável num negócio de sucesso.
A 15 de janeiro, a revolução digital juntou Inês Drummond Borges, Chief Transformation Officer da Sonae Sierra, e António Câmara, Chairman do YGroup. Para Inês Borges Drummond, a diferenciação não vem da tecnologia, mas sim da capacidade de pensar na perspetiva do consumidor. António Câmara trouxe à discussão as novas realidades da Web3, nomeadamente os smart contracts que considera decisivos na Internet que se está a desenhar e que vai permitir explorar o mundo real.
Para a sessão seguinte, a 17 de março, o NEST – centro que conta como fundadores a ANA – Aeroportos de Portugal; o Banco BPI; a Brisa; o Google; a Microsoft; o Millennium BCP; a NOS e o Turismo de Portugal -, convidou Maria de Belém Roseira e Germano de Sousa a debater o impacto da Saúde no Turismo. A ex-ministra da Saúde sublinhou que uma saúde de qualidade é fundamental para a marca Portugal, que se pode diferenciar por ser um destino seguro, saudável e pela qualificação e apetência para o Turismo de Natureza.
Germano de Sousa defendeu uma opção de política nacional para promoção do Turismo com saúde, divulgando Portugal como um país saudável e que pode oferecer aos visitantes a segurança de uma boa rede de cuidados de saúde. Está comunicação deveria, na opinião do médico e gestor, ser integrada com uma oferta de serviços e propostas que aliam a o turismo a atividades que promovem a saúde.
A sessão de dia 18 de março juntou no mesmo palco Roberta Medina, empresária e promotora do Rock in Rio, Juliet Kinsman, editora da Condé Nast e especialista em luxo sustentável, e Joana Vasconcelos, artista plástica. O tema em debate foi como a sustentabilidade e a cultura são forças que definem a oferta turística e como se antecipa que cada vez mais sejam decisivas nas escolhas que todos fazemos quando decidimos viajar.
BTL: um palco dedicado à digitalização, às pessoas e à sustentabilidade
O palco What´s Next – Innovating Tourism na FIL contou com uma programação diária entre 16 e 18 de março. Das soluções digitais às novas propostas de oferta turística, da gestão do talento ao turismo inclusivo e à sustentabilidade como trave-mestra do setor.
Estes foram alguns dos temas em destaque:
O pitch de startups – Dos eventos aos analytics, da gestão de receitas às novas propostas de oferta turística e à aplicação das tecnologias aos vários segmentos do turismo, todos os dias subiram ao palco startups para apresentar as suas soluções para o setor.
WOW – um novo distrito cultural em Vila Nova de Gaia que apresenta o melhor da região e o melhor de Portugal. O responsável pelo projeto, Adrian Bridge, lembrou a importância do conteúdo, uma vez que o turismo hoje em dia é muito mais que alojamento, é preciso saber o que se pode fazer durante uma visita.
Tecnologias emergentes ao serviço do turismo – Rute Cardoso, da Microsoft, lembrou que uma boa experiência é aquilo que nos faz voltar e que o metaverse, a realidade aumentada ou a realidade virtual, são exemplos de tecnologias que tornam o Turismo mais imersivo.
5G e dados como fator de crescimento – As novas experiências no turismo, nomeadamente as que envolvem tecnologia, serão muito potenciadas pelo desenvolvimento e expansão da tecnologia 5G, como é explicou Miguel Adrego, líder de equipa em novos negócios e inovação da NOS. Também da NOS, José Maria Garret trouxe à discussão o poder dos analytics, demonstrando como a avaliação de insights e de informação é uma mais-valia em qualquer negócio,
A era da biometria – Grande parte do movimento turístico é realizado através dos aeroportos e Aaron Beeson, Diretor de Inovação da ANA explicou que o objetivo da integração de nova tecnologia, nomeadamente a biometria, é criar um processo transformacional para que a experiência aeroportuária seja completamente livre, através da implementação de sistemas de reconhecimento facial.
Call Turismo – O programa “Call Turism” – realizado em parceria com o Turismo de Portugal e o NEST foi o tema da intervenção de Miguel Barbosa, Diretor de Investimentos da Portugal Ventures., que tem como objetivo investir entre 200 mil e 1 milhão de euros em projetos não tecnológicos e tecnológicos no setor.
Financiamento ao turismo – O financiamento bancário ao setor foi apresentado por Gonçalo Regalado, do Millenium BCP, que enquadrou a forma como os apoios europeus podem chegar às PME. Focando a importância dos próximos 5 anos, salientou a obrigatoriedade do trabalho em consórcio e a alteração das cadeias de valor para a elegibilidade a esses fundos.
Paulo Rodrigues Brito, do BPI, trouxe uma vertente mais específica, a do financiamento sustentável do turismo. Este é também um desígnio do BPI, banco que procura ajudar as empresas nesta fase transitória, na qual existe uma pressão regulamentar que se soma uma pressão no acesso ao capital e dos stakeholders
Liderança transformadora com diversidade, ética e visão – Chitra Stern, da United Lisbon International School e do Martinhal Group, partilhou a sua experiência de trabalho com um ecossistema para a inovação, educação e criatividade, também para o Turismo.
Gerir e reter talento – José Paiva, cofundador e presidente da Landing Jobs, trouxe ao palco o tema do futuro do trabalho. O responsável abordou as mudanças no conceito de escritório, de férias, de casa para os nómadas digitais e as novas definições de regras para a conjugação de férias com o trabalho remoto.
As competências digitais e o trabalho – O trabalho remoto esteve também em foco na intervenção de António Neves, Industry Manager da Google, que analisou a evolução das competências digitais a nível laboral com base em três tendências: trabalho em diferentes lugares, valorização do tempo e as relações interpessoais.
A inovação como fator de transformação cultural – Foi o tema da intervenção de Ana Casaca, Diretora de Inovação da Galp, empresa que na sua estratégia tem como objetivo a descarbonização total até 2050. Uma meta que significa ter um portfólio diferente do atual e obriga a diferentes lentes para olhar para o caminho a percorrer.
Portugal sem barreiras, um turismo inclusivo – A dimensão do mercado potencial é de pessoas com necessidades especiais de acesso é de 15% da população mundial, sendo o segmento de mercado que mais rapidamente vai crescer, nomeadamente os seniores. Nuno Leal, da Acessible Portugal, explicou como a questão da acessibilidade atravessa todos os segmentos turísticos, desde o luxo ao turismo social.
O Futuro da Sustentabilidade está no Turismo – Juliet Kinsman, editora da Condé Nast e consultora de luxo sustentável, centrou-se na emergência climática para argumentar a necessidade de reduzir o uso da água, da energia, de consumir menos carne e menos laticínios e aumentar a importância das economia locais Para a jornalista e consultora, a educação para novos comportamentos será decisiva e o turismo enquanto espaço de encontro de pessoas e culturas tem um papel chave a desempenhar na mudança de paradigma.
O papel das empresas – Margarida Couto, CEO da GRACE, a associação que reúne mais de 200 empresas, apresentou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como a “alma” da sustentabilidade e os ESG o respetivo “corpo”. A sustentabilidade só é possível com inovação, o que, por definição, torna este desafio empresarial.
Liderar a mudança na mobilidade – O CEO da Via Verde, Pedro Mourisca, mostrou como ao longo da história a digitalização tem sido o trabalho realizado para aproximação às pessoas e para modificar comportamentos. A eletrificação da mobilidade e a multimodalidade nos transportes são outros desafios a responder numa perspetiva turística.
Clean & Safe, do passado ao futuro – Leonor Picão, diretora no Turismo de Portugal apresentou o projeto “Clean and Safe”, cujo principal objetivo é fazer de Portugal um destino seguro e sustentável, algo conseguido através da capacitação das empresas do setor para a criação de um destino de confiança para os Turistas, mas também de confiança para os colaboradores destas organizações.
O “What’s Next – Innovating Tourism” foi ainda palco para a apresentação de três projetos com impacto no setor.
. Protocolo de colaboração entre a Nova Medical School, o NEST, o Turismo de Portugal e a ONG Médicos do Mundopara ajudar na resposta à catástrofe humanitária em consequência da Guerra na Ucrânia, numa iniciativa com base no centro de inteligência colaborativa “NEST HaT Lab @ NOVA Medical School”.
. Apresentação do “The Journey”, programa de inovação para a transição digital e transição energética desenvolvido pela Beta I em parceria com o Turismo de Portugal.
. Lançamento da campanha “Desligue” apresentada por Vítor Leal, presidente das Termas de Portugal