A igreja matriz de Santo em Ildefonso foi pequena para receber as muitas pessoas que quiseram assistir ao inicio oficial do festival “Terras sem Sombra”, no passado sábado, dia 11, em Almodôvar .
O concerto de inauguração, intitulado “Da Pacem, Domine: Música Espiritual nas Tradições do Barroco e do Flamenco”, contou com Arcángel “uma das grandes vozes andaluzas da atualidade” e um dos grupos de grande referencia na musica antiga, a “Accademia del Piacere”, sob a direção do maestro Fahmi Alghai, que os críticos referem “como um dos mais brilhantes e prestigiados jovens intérpretes de viola da gamba no mundo”. Para acompanhar este talentoso maestro e interprete, da viola de gamba, juntaram-se Rami Alghai e Johanna Rose, ambos em viola de gamba, Javier Núñez no órgão positivo, na precursão o famoso Pedro Estebam, considerado um dos melhores percussionistas do mundo e o “exímio guitarrista e vulto famoso do flamenco” Dani de Morón.
O tempo passou num ápice e quando chegou o final, todos queriam ouvir mais. O publico que se manteve sempre muito atento, não se coibiu de aplaudir entusiasticamente de pé, estes artistas fabulosos que nos proporcionaram momentos de rara beleza.
No final do concerto Arcángel, que se confessa um grande admirador de Portugal, mostrava-se visivelmente emocionado e feliz. “Não há diferenças entre os públicos (português e espanhol) são pessoas que vêm de coração aberto e para sentir” e foi, na realidade, isso que aconteceu na igreja de Santo em Ildefonso. Muito aplaudido, este notável interprete do flamenco que acha existirem fortes ligações entre o flamenco e o fado, referiu o desejo de voltar a atuar em Lisboa onde já esteve há cerca de três anos.
Apesar da noite invernosa, o ambiente dentro da igreja, estava muito acolhedor fazendo-nos sentir como que em casa. Tal facto deveu-se aos inúmeros aquecedores, espalhados pelo espaço, preocupação duma organização que tem vindo a demonstrar nada deixar ao acaso.
O “Terras sem sombra” começou num fim de semana com muita chuva e frio, mas que não conseguiram esfriar o ânimo dos presentes, os quais munidos de impermeáveis e chapéus de chuva, se meteram ao caminho pelas ruelas antigas, para visitar o convento franciscano de “Nossa Senhora da Conceição”, o museu da “Escrita do Sudoeste” e a antiga “Cadeia”, na companhia de José António Falcão que nos foi prendendo a atenção com ‘histórias e detalhes’ acerca do interessante património de Almodôvar.
A este tema e também a outros igualmente relevantes, como a biodiversidade, a que este festival dá grande atenção, voltaremos oportunamente.