Uma das prioridades do Terras Sem Sombra, é a valorização dos recursos naturais nomeadamente dos concelhos integrantes do festival. Por isso em cada município, associa-se uma ação de voluntariado para a salvaguarda da biodiversidade com a participação, ombro a ombro, dos artistas, do público e das comunidades que o Festival percorre.
No Município de Almodôvar fomos desafiados, a subir a serra do Mu (ou serra do Caldeirão, como também é conhecida), onde em 2004 um fogo de enormes proporções destruiu cerca de 30 mil hectares. Depois disso, tem-se vindo a assistir a um aumento gradual da prevenção de incêndios florestais, com a reflorestação de recursos silvestres até aí pouco explorados, mas também com a colocação de torres de vigia.
Abrangendo uma vasta área que engloba diversas freguesias, tais como, S. Barnabé, Santa Clara a Nova, Santa Cruz e Gomes Aires, todas elas plenas de riquezas, naturais, com uma flora, densa e fechada, constitui-se de uma paisagem mediterrânica, onde quem domina é a esteva, o medronheiro, o sobreiro, a azinheira, a urze, o rosmaninho entre outros. A sua fauna é igualmente rica integrando espécies raras, tais como o lince ibérico, a águia de Bonelli, o javali, o saca-rabos, as lontras.
Acompanhados de alguns especialistas na matéria, fomos convidados a plantar alguns medronheiros e sobreiros, na herdade do Campo do Jogo da Bola, cujo proprietário, nos acolheu com a jovialidade dos seus 84 anos, passados na serra, que diz ser a sua casa. “Todos os dias para aqui venho cavar e tratar da terra” .
Mas o tempo não perdoa e os mais novos há muito que partiram e os mais velhos também vão partindo aos poucos. Mas os que teimam em ficar, produzem alguns dos melhores produtos regionais, entre os quais, o queijo de cabra e ovelha, o pão caseiro, os enchidos e a tão apreciada aguardente de medronho.
Embora São Pedro não se tivesse mostrado muito simpático, enviando uns aguaceiros de quando em quando, pudemos inspirar o ar fresco da manhã, na serra que se renova dia a dia, fruto da paixão dos técnicos e a prevenção dos Sapadores Florestais, que se dedicam de corpo e alma a este trabalho.
“Do espiritual na arte – Identidades e práticas musicais na Europa dos séculos XVI-XX” é o tema do Festival Terras Sem Sombra que teve inicio em 11 de fevereiro e irá encerrar a 1 de julho. O festival decorre nos municípios de Almodôvar, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do Alentejo, Odemira, Serpa, Castro Verde e Beja.
Toda a programação do Festival “Terras Sem Sombra” poderá ser consultada detalhadamente aqui.