Cova da Iria, conhecida por “ Altar do Mundo” recebeu ontem, dia 26, ciclistas vindo das mais variadas zonas do país, que pela 15ª vez se deslocam a Fátima para participarem na cerimónia da ”Bênção dos Ciclistas”.

Este ato de fé, em que todos os anos muitos ciclistas fazem questão de participar para pedir proteção à Virgem, nas suas deslocações em cima das “duas rodas” decorreu com a presença do Bispo Emérito da Diocese de Leiria/Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva.

Num dia sem chuva, manhã cedo, foram muitos os que pedalaram em direção a Fátima. O parque 12, tradicional ponto de encontro, ia sendo invadido pelos ciclistas, familiares e amigos. Uns em trajo de passeio, outros com equipamentos da modalidade e ainda outros, o célebre grupo das “pasteleiras”, que trajados a rigor com os seus fatos domingueiros, usados em tempos idos para irem à missa, sem esquecerem o cabaz com os petiscos para a merenda.

Entre muitos, chamou-nos a atenção uma bicicleta adaptada, com dois ocupantes. Um casal da zona de Cantanhede que por causa de uma doença rara degenerativa que atacou o elemento feminino do casal, impedindo-a de levar a sua vida normal, quer pessoalmente quer profissionalmente, não desistiram e adotaram o lema “ se não consegues sozinha, vamos os dois”. Sendo um verdadeiro exemplo de coragem e de força, continuam a pedalar tendo já sido recebidos pelo Papa Francisco, depois de terem saído de Portugal em direção a Lourdes e daí para Roma, sempre na sua bicicleta adaptada.

A Bênção decorreu na Capela de Sto. Estevão, no Calvário dos Húngaros, perto do local onde aconteceram as Aparições, sendo presidida por D. Serafim, um amante da bicicleta e do ciclismo, que na sua homilia, referiu “o significado simbólico, das duas rodas que é um plural de cada um de nós, é um e outro, que de nós, é hoje e ontem, cada um de nós é passado ou futuro, é este conjunto que não nos deve dar duplicidade, não devemos ser duplos, mas devemos ser plurais”.

Já Carlos Vieira, o presidente da União de Ciclismo de Lisboa, grande impulsionador deste evento, visivelmente satisfeito, disse “Este ano foi uma Bênção de ouro, como D. Serafim disse, foi uma Bênção, o tempo ajudou, embora o período de carnaval, tenha sido um senão. Felizmente estiveram aqui muitas centenas de pessoas, sentiram bem este calor, calor humano, e o dia de sol com que fomos brindados.”

Palavras de Fé, de conforto, de humildade, foram ouvidas com emoção, por todas aquelas pessoas que ali se deslocaram para serem abençoadas e sentirem no coração o tal “algo” inexplicável.

O almoço de confraternização, encerrou a comemoração e como não podia deixar de ser, a Bênção do próximo ano começou de imediato a ser planeada. D. Serafim do alto dos seus 86 anos despediu-se com amizade dizendo “ Hoje terminou a 15ª Bênção, vamos pensar na 16ª edição, e se o São Pedro me deixar vir, mesmo não sendo de bicicleta, mas se estiver cá, mesmo vir a pé é bom, desejo boa viajem a todos, e até 2018”.