Um stand amplo, no Pavilhão 3, da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa –atraía os visitantes com uma simbólica pilha de lenha de sobreiro, mas acima de tudo pela presença fresca e alegre de três jovens que davam a degustar as iguarias daquela Vila raiana.
Conhecida como Vila Madeiro, situa-se a 50 quilómetros de Castelo Branco, estando repleta de tradição e vasto património cultural. À semelhança do que acontece no interior do nosso País, Penamacor debate-se com a desertificação populacional, nomeadamente o ‘abandono da terra’ pelos jovens.
Para combater esse abandono, a escola Ribeiro Sanches, com perto de 400 alunos, (desde o pré-escolar ao secundário) abriu uma área profissional e apostaram em oferecer aos jovens de Penamacor alternativas profissionais para os fixar à terra, uma vez que o objetivo da maior parte deles é sair “dizem que em Penamacor não há nada. É mentira! Penamacor tem muita coisa” diz-nos Luis Almeida, o professor que veio com eles até á BTL e continua “ é verdade que falta o divertimento noturno, bares, discotecas, etc, que os jovens tanto gostam, mas tem outras coisas muito bonitas!”.
Nesse sentido e porque os cursos profissionais são abertos de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos, este ano letivo foi formada uma turma de “cozinha e restauração”. O chef escolhido para lecionar foi Rui Cerveira, professor na escola Superior de Seia e responsável pela cozinha da “Casa da Esquila”, galardoada com o CERTIFICADO DE EXCELÊNCIA TRIPADVISOR 2016.
Mas Catarina Santo, de 17 anos, aluna do 3º. Ano de “Cozinha e Restauração”, é taxativa quando nos diz que “quando terminar aqui o curso, vou seguir para Gestão Hoteleira e depois quero viajar, ver o mundo. Aprender e ganhar experiencia. Talvez volte para Penamacor, mas não sei… é ainda muito cedo para dizer”.
O Municipio de Penamacor, tornou-se um dos parceiros principais deste projeto, chamando estes alunos para eventos promovidos pela edilidade. ”As custas são bipartidas. A escola fornece a mão-de-obra e a Câmara os produtos”, diz-nos Luís Almeida, acrescentando “acreditamos que estamos a formar pessoas, que possam ajudar a restauração em Penamacor a evoluir. Desenvolvemos receitas com produtos da terra, como por exemplo o ‘geobiscoito’ e o ‘pastel de aranhas’ ”, acrescentando “não vamos produzir nem comercializar estes produtos, apenas queremos que quem o fizer, refira o agrupamento da escola Ribeiro Sanches como responsável pela criação destas receitas”.
Todas as terças e quintas-feiras, os professores e funcionários da escola, provam iguarias feitas pelos alunos, em que predominam os produtos da região (enchidos, borrego, queijos, etc.). Já a carne vem do Sabugal, que conjuntamente com Penamacor e Almeida, vai participar da Carta Europeia do Turismo Sustentável “Gata-Malcata”.
Nesta Carta Europeia estes três concelhos, vão estar presentes com vários produtos da região, que cada restaurante pode utilizar na confeção dos pratos mais tradicionais de cada terra. Em Penamacor os restaurantes que aderirem (neste momento e porque o projeto ainda está numa fase embrionária), para além dos pratos tradicionais da terra, terão a indicação dos pratos tradicionais do Sabugal e de Almeida, mas quem pretender degustar esses menus, terá de se deslocar aos restaurantes desses concelhos, aproveitando para visitar a região e o seu património.
Com o mesmo objetivo, também o Presidente da Câmara Municipal de Penamacor, António Luís Beites Soares, veio à BTL, divulgar e promover o extraordinário património cultural e natural, potenciado por excelentes unidades de alojamento, algumas inseridas no meio da natureza, que se pretende conjugar com as tradições ancestrais, como aquela que mais destaque tem dado a Penamacor: O “Madeiro”.
Penamacor tornou-se assim a “Vila Madeiro” que todos os anos leva muitas pessoas à vila, durante o mês de dezembro, já que o madeiro, é cortado na noite de 7 para 8 de dezembro, sendo aceso a 23 e ficando a arder até ao dia de Natal.
No verão e porque o tempo a isso convida, realiza-se a feira “Terra do Lince”, que promove essencialmente a natureza, os espaços verdes e as praias fluviais.
Recentemente iniciou-se um projeto gastronómico, com base no enchido tradicional da raça bísaro beiroa, que já tem produtores certificados a produzir e a vender, embora ainda em pequena escala. Estes produtores foram buscar o saber e a tradição das pessoas mais velhas para que este enchido tenha o sabor dos tempos antigos. Toda esta produção é escoada pelo comercio local mas que segundo o Presidente da Camara “ Ainda não temos escala de mercado, mas esperamos chegar a ter quantidade suficiente para exportar e dar a provar ao mundo estes produtos maravilhosos”.
Segundo o autarca, Penamacor tem mostrado uma grande dinâmica na vertente do agro-alimentar, graças a varias empresas sediadas no município, que fizeram com que Penamacor fosse o concelho que no triénio 2013/2015, mais subiu no mercado da exportação agro-alimentar. Também a Ibersaco, não sendo desse ramo tem levado o nome de Penamacor a todos os cantos do mundo, fruto da exportação de todos os tipos de sacos de ráfia e polipropileno. “Estou convicto que nos próximos anos esta empresa irá ajudar muito o concelho, já que estou convicto que irá criar um número considerável de postos de trabalho”, acrescentou Luís Beites.
Penamacor, concelho raiano, maioritariamente rural, para além da historia, cultura e património, tem uma vasta gama de produtos de inconfundível excelência disputados internacionalmente. Da azeitona ao azeite, passando pelo mel, pelos queijos e enchidos, muito existe para mostrar a todos os que se quiserem aventurar por aquela terra de gente acolhedora, gastronomia tradicional, paisagens inóspitas, mas muito belas.