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“Pequenas Peças Desoladas” estreia hoje n´A Comuna

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“Pequenas Peças Desoladas” estreia hoje n´A Comuna


O Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana apresenta hoje, quarta-feira, às 21h30, a peça “Pequenas Peças Desoladas” do encenador espanhol Guillermo Heras, repetindo a exibição amanhã, quinta-feira.

A obra reúne um conjunto de reflexões que continuam a ser muito válidas porque reúnem temas que estão na ordem do dia, como o desemprego, as más condições laborais, a emigração, as guerras e os refugiados.

 

O aNotícia.pt esteve presente no ensaio da peça e conversou com os atores Adriel Filipe, Ana Perfeito, Elisabete Pinto e Tiago Fernandes:

 

aNotícia.pt: Como foi feita a preparação para cada um dos vossos papéis, já que cada um de vocês representa várias personagens?

 

Ana Perfeito: Neste espetáculo fazemos personagens todas muito diferentes umas das outras e como é um espetáculo contemporâneo  que fala sobre a sociedade atual, no fundo é buscar os “bonecos” da nossa sociedade, pegar em nós próprios e ver como conseguimos dar-lhes vida.

 

Elisabete Pinto: Acho que esse é o trabalho do ator, há espetáculos que, pelas suas características, o ator representa apenas um papel do princípio ao fim. Neste espetáculo, como se trata de pequenas peças isoladas e em cada uma fazemos uma personagem diferente, também existe um trabalho de observação da nossa parte, temos que trabalhar com aquilo que o mundo nos dá e transmite, por isso também construímos as personagens a partir daquilo que nos rodeia, de experiências, memórias e indo de encontro àquilo que o texto e o encenador nos pediam.

 

aNotícia.pt: Vocês apresentam-se com máscaras, algumas de animais. Porquê esse conceito de animalidade?

 

Ana Perfeito: Tem muito a ver com o texto do Guillermo Heras, onde existem pessoas que não sabem se são ou não animais. No fundo, vivemos numa sociedade assim, por vezes  somos de tal forma domesticados que não sabemos até que ponto somos humanos ou animais. São várias questões que se vão levantando nas diferentes peças, cada uma com a sua história. No fundo, é essa confusão ou simbiose que existe.

 

Anotícia.pt: Que feedback houve por parte do público que já assistiu à peça?

 

Elisabete Pinto: As pessoas refletiam, umas sentiam-se bastante incomodadas talvez por se identificarem com as várias realidades que pretendemos transmitir e outras porque, de alguma forma, mexeu com elas por se tratar de um espetáculo diferente do habitual, mais arriscado e ambicioso, pelo que notaram a diferença e o nosso crescimento de um espetáculo para o outro, de uma peça para a outra.

 

aNotícia.pt: O espetáculo foi apresentado em Outubro em Viana do Castelo. Que expetativas têm em relação ao público lisboeta?

 

Tiago Fernandes: Trata-se de um espetáculo com uma linguagem muito contemporânea e a temática que o autor aborda diz respeito a um espetador quer em Viana quer em Lisboa. No entanto, é um espetáculo muito urbano, por isso, à partida pode causar uma grande empatia com este público.

 

Elisabete Pinto: Acho que, do nosso reportório, é uma das melhores propostas que podíamos trazer à capital.

 

Ricardo Simões, diretor artístico da companhia desde Setembro de 2015, explicou que, por não ter sido obtido apoio nos últimos concursos de apoio às artes lançados pela DGArtes, foram necessárias “várias reestruturações, saíram alguns profissionais porque a estrutura era muito pesada para os recursos existentes”.

 

O artista indicou que “ficaram os mais antigos e os mais loucos, com a missão de tentar aguentar o barco”, ou seja, “neste momento passamos todos a ser tudo: atores, secretários e a trabalhar das nove à meia noite”, sendo que “o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo representa apenas cerca de 45% do necessário para pagar salários”.

 

O restante, esclarece, é conseguido através de patrocínios privados, da venda de alguns espetáculos, da rentabilização da residência no Teatro Municipal Sá de Miranda e na aposta numa programação mais eclética, pelo que, “felizmente, temos tido muito público”.

 

“Uma das grandes apostas quando ficámos sem subsídios foi a de abrir a Companhia e o Teatro à cidade”, refere Ricardo Simões, “pelo que criámos 3 oficinas de teatro que funcionam todas as segundas-feiras: uma com adolescentes, uma com seniores e outra com ex-trabalhadores dos estaleiros navais de Viana do castelo, com quem fizemos um espetáculo em 2014”.

 

O diretor artístico defendeu que “a aposta numa programação mais eclética, por um lado, e a aposta nos projetos com a comunidade, por outro,  tem sido o segredo porque essas pessoas são o nosso público e, felizmente, temos sido muito acarinhados”, por isso, “agora é continuar a ir à luta”.

 

Criada em dezembro de 1991 a companhia tem como principal objetivo “a criação artística e formação de públicos no Alto Minho”.

Em 23 anos de atividade apresentou 122 criações que contaram com quase 450.000 espetadores.