O terceiro e último dia da ModaLisboa, começou como nos dias anteriores, com 3 desfiles da categoria Lab, nos jardins circundantes ao Pavilhão Carlos Lopes.
Para a sua terceira coleção de pronto-a-vestir, a Morecco descobriu inspiração numa viagem à Índia, nas cores e nos trajes do Rajastão. A coleção é marcada por referências iconográficas tão variadas como o país que as inspira. A Morecco quis reinterpretar estas influências, integrando elementos como maillots e saias inspiradas em tutus, que dão o toque final ao styling (de David Motta) e que constroem o imaginário de verão da marca.
O segundo desfile de ontem, igualmente realizado no jardim, assinalou o regresso de Nair Xavier, (ausente deste certame nas ultimas edições), desta vez em parceria com a casa de alfaiataria Dinis & Cruz.
A coleção apresentada ”NGAKUYA”, uma reflexão sobre a ancestralidade, herança e sobrevivência cultural do povo afrodescendente tem como background a luta pela igualdade e o legado do grupo revolucionário, Black Panthers, na década de 70. Diniz & Cruz foram os responsáveis pela confeção dos fatos pelos tecidos, tendo o design sido da autoria de Nair Xavier.
O ultimo desfile no jardim coube à Eureka. A marca de calçado português, apresentou uma nova abordagem “glam-natural”, com a introdução de pedraria e pompons em modelos de linhas simples e elegantes. O conforto mantém-se na coleção primavera-verão 2018, com destaque para os sneakers inspirados nos anos 90. O minimalismo destaca-se com silhuetas delicadas, tacões atrevidos e uma refinada escolha da paleta de cores subtis e materiais metálicos.
Também, Olga Noronha, outra ausente da ultima edição da ModaLisboa, regressa à passerelle, para apresentar a coleção “In Tempérie”, um conjunto de peças que montadas numa base de malha de aço, e que formavam xailes e vestidos que flutuavam em redor das manequins. As peças por si só espelham e revelam variações físicas e (in)clemências emocionais. Os materiais usados foram o aço e a resina epóxi pigmentada.
Nadir Tati, a designer angolana que apresentou pela primeira vez uma coleção na ModaLisboa, como convidada em 2015 e que agora figura como um dos nomes fixos do calendário oficial deste evento, trouxe mais uma vez, as linhas estéticas da arte africana e converteu-as em silhuetas minimalistas, justas ao corpo. Peças coloridas, com padrões étnicos, vestidos compridos e turbantes, foram as principais apostas, nas criações para mulher. Já nas peças masculinas, as túnicas de cores quentes e as sandálias rasas de pele foram os elementos predominantes.
O inicio da noite, trouxe-nos o desfile de Luis Carvalho. Com as bancadas completamente lotadas, este criador apresentou a coleção “Eagle Eye” inspirada na forma e textura da ave rainha, a águia. As camadas e texturas da ave inspiram formas e detalhes nas peças. A silhueta alonga-se e ganha várias layers e proporções. São construídos looks com cores neutras e pastéis. O ocre surge como cor de contraste em materiais mais estruturados como as sarjas de algodão e os alinhados bem como nos tecidos mais fluidos como os cetins e cupros. Também na coleção masculina os bejes, os rosas e os amarelos, ganham destaque quer seja em fatos clássicos, em blusões, T´shirts ou camisas.
O desfile terminou debaixo de uma chuva de palmas, com toda a assistência de pé.
Com Mustra, voltam as peças de alfaiataria que o criativo define como “A pureza dos contornos, a suavidade de tudo, a fluidez das cores, a união harmoniosa entre o céu, o mar e a terra… Quem os viu uma só vez, os terá para sempre.” Goethe.
Nesta coleção, o regresso ao estilo Italiano, desta vez numa viagem à inigualável Sicília, o eterno jardim do mediterrâneo. Silhuetas que bebem inspiração nos descontraídos anos 50, que se traduzem numa coleção citadina, contemporânea, leve e sofisticada, na qual a cor é a protagonista. Cores como o azul, o laranja, o encarnado, o amarelo, o bege e o verde seco usadas em peças de algodão, linho, seda e de lã fria.
Para fechar com chave de ouro, nada melhor que o desfile do já veterano Filipe Faísca. A musa inspiradora deste ano foi Maria Borges a modelo da Vitoria’s Secret , que inaugurou e encerrou o desfile da coleção “Ertilizer” onde o passado conviveu com o futuro. Trazendo o passado ao presente, ouve de tudo um pouco. Bordados, foil, rendas, vidrilhos e plissados, que deram cor e movimento ao desfile.
No final, Filipe Faísca, foi igual a si próprio. Dançou, pegou em Maria Borges ao colo, e visivelmente satisfeito, agradeceu a todos, que de pé o aplaudiam.
Encerrou assim a 49º edição da ModaLisboa. Ao longo de três dias, o Pavilhão Carlos Lopes recebeu centenas de pessoas para assistir ao maior evento de moda de Lisboa.
A ModaLisboa regressa em março, no mesmo espaço, para a 50.ª edição, durante a qual serão apresentadas as coleções para o inverno de 2018/19.