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Lagoas da Serra da Estrela: as princesas do reino

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Lagoas da Serra da Estrela: as princesas do reino
Lagoas da Serra da Estrela: as princesas do reino - ©Nuno Adriano

Lagoas da Serra da Estrela: as princesas do reino.

Diz-se que as miragens acontecem, por exemplo, no deserto, nas planícies ou mesmo em mar alto. Mas muitas vezes não passam disso mesmo: miragens. Uma ilusão ótica, uma construção da nossa mente que nos deixa consequentemente frustrados, uma espécie de mão cheia de nada quando nos apercebemos desse truque…

Olhando no horizonte da Serra da Estrela, algo brilha ao longe como pepitas de ouro encravadas nos maciços rochosos ou nos covões glaciários. São as lagoas da Serra da Estrela. Ao contrário das miragens, estas são bem reais e nós somos o testemunho disso.

As lagoas são vida.

O pico do Verão no planalto superior da Estrela pode ser tórrido e impiedoso, com uma longa exposição solar e com sombras reduzidas. Durante este período, as lagoas são a vida neste território, são elas que, conjuntamente com a altitude, a posição geográfica da montanha e a sua orografia mantêm um biótopo de características muito próprias, para além de serem um foco de atração turística, mas cuja relação tem que ser criteriosamente gerida e controlada.

Em conquista das lagoas.

Num dia de verão, com convidados especiais, iniciámos uma pequena incursão à procura das princesas do reino da Estrela. Mochila preparada, chamadas de atenção feitas, introdução temática à nossa caminhada programada e, de seguida, o tiro de partida. Em poucos metros, como se num ápice, a estrada esvaiu-se e num simples piscar de olhos entrávamos numa nova dimensão, tal como no portal da série de ficção científica Stargate.

Aquele abraço da Estrela.

A paisagem da Estrela é como que nos envolve, nos abraça num convite para entrarmos no seu mundo de particularidades infindáveis. Seguimos o trilho, passando por pequenos covões glaciários de planalto, por superfícies rochosas polidas pelos ancestrais glaciares, que da calote fluíam como dedos pelos vales, polindo, arrancando, transportando e estriando as rochas, deixando-nos hoje um legado natural incomparável em Portugal.

Somos invadidos por um rol de formas, cores e cheios, que surgem a tal velocidade, que tememos não conseguir caminhar com o ritmo pretendido, tal é a vontade de registar fotograficamente tantas particularidades. Um ecossistema frágil, detentor de espécies únicas ao nível da flora e fauna, que com atenção, olhando em pormenor e procurando nos locais certos, deixam-se mostrar, sabendo que são as cabeças de cartaz.

A miragem que é bem real.

Por entre este ‘oceano’ interminável de pontos de interesse e de conhecimento obrigatório para quem visita, chegamos ao destino que nos propusemos Um conjunto de lagoas naturais, que aproveitaram depressões criadas pelas antigas massas de gelo, e que aqui acumulam a água que verte dos declives adjacentes, proveniente das chuvas ou do degelo da Primavera. O silêncio aqui é ‘ensurdecedor’, a calma e paz transparecidas pela natureza envolvente dificilmente podem ser igualadas por um qualquer resort cinco estrelas.

Local para uma pausa daquelas que sabemos que não será, de antemão, curta. Isso é impossível aqui. Perante o calor e a água de cariz tépido e convidativo, mergulhamos nestas águas macias, tão leves e de uma transparência tão atroz para os nossos olhos. Longe das balbúrdias típicas do Verão, aqui quem controla o tempo e os momentos é a montanha e quem nela habita. Nós somos apenas os convidados e assim nos devemos comportar, pelo que devemos ter consciência do espaço onde estamos. O respeito perante a Natureza é tão importante como qualquer ato de cordialidade, pois é dela que somos oriundos, foi dela que evoluímos e será ela que nos vai colocar no devido lugar…

Um ‘spa’ natural.

Após o nosso café do montanheiro com produtos locais, sempre algo presente no nosso trabalho, repousamos sobre as rochas aquecidas ao sol no melhor ‘spa’ natural com o qual deparamos. Apreciamos várias espécies de anfíbios (rãs verdes e ibéricas) que agora tomaram conta das águas, das libelinhas que voam em torno das urzes que ainda têm reminiscências da sua floração, das borboletas que se aproximam de nós, tentando perceber que ‘seres’ são estes que invadiram os seus territórios.

E no fim, o sorriso sempre estampado.

Continuamos a nossa marcha paulatinamente, já numa trajetória de regresso à civilização. Falamos de experiências já vividas noutras caminhadas, neste e noutros destinos, mas garantidamente os olhos e sorriso dos nossos convidados quando proferem esta experiência não engana. É como o algodão. Isto é a Serra da Estrela, a rainha de todas as montanhas continentais que sempre mantém o seu véu de beleza interminável. Aqui a frustração das miragens não tem minimamente lugar, porque as miragens aqui são brutalmente reais…

 

NOTA IMPORTANTE: Em alguns dos locais mencionadas aconselha-se a visita com acompanhamento de guia

 

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