Memories of Futures Past de ANDREW HART ADLER em exposição em Cascais

A mostra, com curadoria de Sofia Muller e Sousa, inaugura a 24 de janeiro e estará patente ao público até 24 de março. A organização é da Fundação Dom Luís e da Câmara Municipal de Cascais, no âmbito da programação do Bairro dos Museus.

ANDREW HART ADLER
Memories of Futures Past de ANDREW HART ADLER em exposição em Cascais

 

Nos últimos 35 anos, Andrew Hart Adler tem exposto a sua pintura nos dois lados do Atlântico, nos EUA e na Europa. O pintor viveu grande parte de sua vida em Londres, Paris, Munique, Côted’Azur, bem como na Costa Rica e Nova Iorque, antes de chegar à Cidade do Cabo, onde fixou o seu estúdio. A experiência de uma vida de viajante é o mote para o seu trabalho.

Andrew Hart Adler viaja. Ele é um viajante.

Nascido nos anos 50 em Nova Iorque, Andrew brincou nos corredores da Broadway nos bastidores dos ensaios de teatro, dança e música. O seu pai era um compositor e letrista famoso, Richard Adler, e a sua mãe, Marion Hart, para além de compositora e letrista, era também pintora.

Aos quatro anos, Andrew foi viver para Londres com a mãe. Desde muito pequeno começou a dar as suas primeiras pinceladas a óleo e, por volta dos sete anos, a mãe inscreveu-o numa Academia de Arte, onde recebeu a sua aprendizagem académica.

Andrew Hart Adler sempre viajou e pintou. Viveu em várias cidades da Europa, em Nova Iorque e na Cidade do Cabo, onde estabeleceu o seu estudio, enquanto observava, absorvia e se misturava com a cultura, forma de estar e costumes locais.

Andrew foi assistente do Willem de Kooning que se tornou o seu mentor e a sua maior influência. ‘Para criar Arte, mais do que técnica, é preciso experiência de vida’, dizia Kooning.

Viajar, para Andrew, é mais do que experiência de vida: é uma forma de se conhecer melhor. Fascina-o a cumplicidade entre o Homem e o Universo, e é nessa procura de equilíbrio e sentido da vida que pinta.

I lay myself bare as I paint

A pintura de Andrew é como a explosão de um pulsar, que se expande numa energia libertadora, como a que podemos sentir na dança, no teatro e na música, e essa corrente que se gera liberta-lhe o espírito e apazigua-lhe a alma.

Sentir-se nu em frente a uma tela é estar completamente aberto a absorver e a receber o máximo.

As suas pinturas trazem-nos até um momento específico e, instintivamente, compreendemos que fazem parte de uma história maior e levam-nos a um lugar antes do tempo e do entendimento; são passagens, encruzilhadas, flashes de memórias alucinadas, momentos fugidios, provocantes, mas sempre intensos e marcantes.

As imagens distorcidas e desfiguradas, moldadas por Andrew, forçam a uma paragem súbita, guardando nelas uma complexa densidade de emoções. Nalgumas, somos arrastados num êxtase sensual de formas e sensações, em breves espreitadelas de intimidade. Noutras, conseguimos sentir a dor, o desgosto e a solidão que, de alguma forma, nos é familiar, conscientemente ou não.

Uma coisa é certa, as pinturas de Andrew tocam as nossas emoções. Elas trazem-nos àquele momento específico, e a pulsão passa através de nós numa energia libertadora, com a consciência de que todos nós, observadores, artistas e Arte, fazemos parte desse mesmo Todo.

 

(Sofia Muller e Sousa – Curadora de Memories of Futures Past)