Ribeira de Alpreade – A cereja no topo do bolo

A Ribeira de Alpreade foi o destino de mais uma das nossas jornadas por terras e trilhos do centro do país aprendendo, descobrindo e dando-vos agora a conhecer mais uma ‘cereja no topo do bolo’

Pelourinho e Casa da Câmara de Castelo Novo
Pelourinho e Casa da Câmara de Castelo Novo - ©Nuno Adriano

Ribeira de Alpreade

A ementa serve-se na vertente sul da Serra da Gardunha. À sombra deste gigante de granito, onde lusitanos lutaram ferozmente contra as legiões romanas, onde os muçulmanos deixaram o seu toque de intemporalidade no nome ancestral e onde os primeiros portugueses construíram uma fortaleza de granito, surge a Ribeira de Alpreade. Uma ribeira que nos faz crescer água na boca, não num sentido de satisfazer as nossas papilas gustativas, mas sim pelos encantos que nela se escondem e têm aquela capacidade de aromatizar os nossos sentidos. Chegou o momento de banquetearmos ao longo das suas margens…

Castelo Novo ‘Al dente’

A escolha do prato foi feita… A nossa jornada pedestre inicia-se no Largo da Igreja Matriz, na aldeia histórica de Castelo Novo. A harmonia desta aldeia evidencia-se na paisagem rochosa e agreste do sul da Gardunha devido à panóplia de estilos arquitetónicos, de onde se destacam, ao nosso olhar atento, o medieval, o renascentista e o barroco. Uma riqueza secular que torna este início de caminhada estimulador e nos transmite uma energia sem igual. É caso para dizer que está mesmo ‘al dente’.

Histórias Criativas…

Serpenteando pelas suas ruelas e becos, encaramos com o atelier Histórias Criativas. Aqui a criatividade é a palavra de ordem e cuja máxima expressão se atinge na confeção de peças especiais e únicas, hoje também símbolos das doze Aldeias Históricas de Portugal. São doze bonecos cujo ingrediente principal é a lã, cada um representando uma lenda da sua aldeia e elaborados com aquela paixão tão típica e sentida das gentes beirãs. Porque não experimentar e viver esta experiência?

Elixir para a mente…

“Parar é morrer”. Dando algum sentido e razão a esta expressão, a nossa aventura continua. Contudo, tudo muda quando passamos para a orla da ribeira de Alpreade. O ambiente urbano e rural começa a esbater-se: a natureza reclama agora a sua fama de prato forte. Este é um novo mundo, onde a natureza ganha vida e o ecossistema ripícola se exprime sem limites. A pureza e a frescura dadas pelas sombras dos freixos e amieiros são inigualáveis e dão à nossa ementa aquele toque do melhor chef local: a natureza. O som constante e ritmado da água pura como um diamante é um verdadeiro elixir para nossa a mente. É o tempero que ajuda a compor a nossa vontade de estar aqui.

O ‘stress’ não existe…

Sob os nossos pés, açudes e levadas, autênticas obras de engenharia tradicional, sucedem-se em catadupa. Eram eles que alimentavam e suportavam os moinhos de água e azenhas, hoje meramente ruínas, mas onde ainda podemos ver, expressas nas suas mós ‘in situ’, ou mesmo nas suas paredes de pedra imortal, as marcas de um tempo longínquo. Aqui o ‘stress’ não existe e nem sequer tem a ousadia de aparecer para estragar o nosso repasto.

Digerir as emoções…

Sempre ouvimos dizer que uma ementa não fica completa sem um ‘digestivo’. É este que contribui para digerir um milhar de emoções que vivemos quando chegamos ao términus desta caminhada pela ribeira de Alpreade e que nos consola neste final de tarde. Numa antiga azenha centenária e cuidadosamente recuperada, gozamos de iguarias locais, cuja conjugação de ingredientes passaram de geração em geração. Produtos artesanais feitos com mestria e recorrendo a produtos unicamente da terra. Sabe o que é mesmo isso? Não sabe, pois não? Então está convidado a vir gozar do nosso melhor cardápio…     

 

Nota: aconselha-se acompanhamento de guia local

 

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