Prémios da Estoril Sol entregues a Carlos do Carmo, Julieta Monginho e a Cristina Cosme

A Estoril Sol entregou ontem os prémios Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural e os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis

Prémios da Estoril Sol
Prémios da Estoril Sol entregues a Carlos do Carmo, Julieta Monginho e a Cristina Cosme - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

Decorreu ontem, 26 de novembro, no Auditório do Casino Estoril, a cerimónia de entrega do Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural a Carlos do Carmo, bem como os Prémios Literários Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, instituídos pela Estoril Sol, referentes a 2019, respetivamente, a Julieta Monginho e a Cristina Cosme.

Em representação da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, esteve ontem (26) presente no Auditório do Casino Estoril, Nuno Artur Silva, Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media – Cultura, para a entrega dos prémios instituídos pela Estoril Sol, referentes ao ano de 2019.

Dando inicio á entrega de prémios, Mário Assis Ferreira, Presidente da Estoril Sol, referiu que mesmo “em plena crise pandémica de Covid-19, que coloca tão exigentes desafios ao País e ao Mundo, a Estoril Sol mantém-se fiel à sua matriz em promover as Letras portuguesas, renovando, a atribuição do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís e do Prémio Literário Fernando Namora, em homenagem aos dois grandes escritores, para além do prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural.

O Júri representado no evento por Guilherme d’ Oliveira Martins, deliberou atribuir o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural, em quinta edição, a Carlos do Carmo, como “individualidade exemplar numa área que Vasco Graça Moura muito prezava e para a qual contribuiu com numerosos poemas: o Fado”.

Guilherme d’ Oliveira Martins, salientou o facto de Carlos do Carmo, desde cedo se ter revelado uma das suas principais vozes, tendo-se tornado um dos maiores intérpretes de um Fado, que ele soube renovar. “Desde cedo que a sua voz soube quebrar fronteiras, atravessar gerações, tornando o Fado uma manifestação artística de expressão universal. Essa expressão universal foi determinante para a Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, de que Carlos do Carmo foi um dos embaixadores”, realçando “o papel fundamental de Carlos do Carmo na divulgação dos maiores poetas portugueses, de que Vasco Graça Moura é um exemplo”.

Por motivos de saúde, Carlos do Carmo, não pôde estar presente na cerimónia tendo sido representado por sua filha Cila do Carmo, que agradeceu a distinção, lendo umas breves palavras que o fadista escreveu “ As maiores saudações a todos, obrigado pela distinção que envolve dois amigos, Mário Assis Ferreira, um velho e leal amigo e o Vasco que tanto me ensinou e que sabe a imensa saudade que me deixou e o orgulho que sinto ao receber o prémio com o seu nome.”

Julieta Monginho, foi a vencedora da 22ª edição do Prémio Literário Fernando Namora, com o romance “Um Muro no Meio do Caminho”, que Guilherme d’ Oliveira Martins, referiu como um romance construído sobre uma das mais pungentes tragédias contemporâneas: a dos refugiados, salientando “

escrevendo num registo muito vivo e dinâmico beneficiando da experiência pessoal que viveu no campo de Scios em 2016, a autora vai traçando retratos de mulheres mergulhadas num universo de dor e luto, mas também de esperança. Um livro que sob a forma de um olhar simultaneamente afetuoso e triste, nos revela a face de uma humanidade perdida de si mesma”.

A escritora, várias vezes premiada, agradeceu a distinção, dissertando sobre o recebimento do seu primeiro prémio ainda no liceu em “Fernando Namora foi o autor que presidiu ao primeiro prémio, na adolescência, que guardo com carinho. A proximidade entre o passado e presente comove-me, de tão nítida”. “Hoje se não se importam faço desta sala, um recanto dos claustros do liceu, um ponto acesso na memória e aprendiza que sou, leio na capa do premio duplamente entregue o nome do escritor a quem me sinto ligada, por amizade e afeto” concluiu Julieta Monjinho.

Relativamente à 12ª edição do Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís, o prémio foi entregue a Cristina Cosme com a obra original “Silvana”, considerado “um romance que articula, com desenvoltura o jogo de prudências e astúcias das relações humanas”.

Cristina Cosme, não quis deixar de prestar homenagem a Agustina Bessa-Luis, lendo um excerto de um conto da autora, em jeito de agradecimento, pelo prémio recebido.

Para a autora premida tudo se resume numa coisa “A essência escapa-se-nos, funde-se com a inutilidade e é preciso reavaliar. Mas vi com prazer redobrado que escrever é arte pura, um desafio ao ato criativo e à própria inteligência, à estética da palavra, do significante e do significado em conjugação tal que faz refletir e encanta”.

A obra será publicada pela Editora Gradiva, conforme o protocolo existente com a Estoril Sol.

Já no final da cerimónia, Nuno Artur Silva, agradeceu ao grupo Estoril Sol o convite dirigido ao Ministério da Cultura, para participar na cerimónia de entrega do premio Vasco Graça Moura – cidadania cultural, bem como dos prémios Fernando Namora e Agustina Bessa-Luis, felicitando os vencedores pela sua criatividade e originalidade sublinhando que a preservação do nosso património cultural exige um dialogo entre épocas entre gerações e claro entre criadores.

Para o Secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media – Cultura, “estes prémios evocam três figuras singulares não só da literatura portuguesa mas também da nossa cultura e cidadania e é por isso um honra associar-nos a esta forma de preservarmos a sua memória e o seu legado.”

Nuno Artur Silva, refere ainda que “Quando um premio invoca nomes como estes o seu objetivo e também a sua responsabilidade é a de preservar essa memória e de relembrar as obras e os percursos culturais de Fernando Namora, Agustina Bessa-Luis e Vasco Graça Moura, reconhecendo nos premiados qualidades únicas destas figuras”.

A concluir o Secretário de Estado deixou referiu ainda que “um premio é o convite permanente a que a cultura aconteça e os prémios Estoril Sol, são um incentivo à continuidade da cultura seja através de Julieta Monginho, Cristina Cosme e Carlos do Carmo, quer dos premiados anteriores e dos que estão por vir”. 

Relembramos que o júri presidido por Guilherme d`Oliveira Martins, foi ainda constituído por José Manuel Mendes, pela Associação Portuguesa de Escritores, Manuel Frias Martins, pela Associação Portuguesa dos Críticos Literários, Maria Carlos Gil Loureiro, pela Direcção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Maria Alzira Seixo, Liberto Cruz e José Carlos de Vasconcelos, convidados a título individual e, ainda, Dinis de Abreu, pela Estoril Sol.

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