A Camisola Poveira é muito nossa!

Município da Póvoa de Varzim acompanha, a partir de agora, o Estado Português no devido seguimento judicial do caso em defesa da Camisola Poveira

Camisola Poveira
A Camisola Poveira é muito nossa! - ®DR

O Presidente do Município da Póvoa de Varzim foi contactado pela empresa Tory Burch que lamentou e se mostrou disponível para “agilizar a reparação dos danos causados à comunidade poveira por este ato irrefletido e indevido de apropriação cultural” da Camisola Poveira.

No contacto havido, o autarca, salientou que o “pedido de desculpas não é suficiente” tendo apresentado à empresa algumas cláusulas que “esta não acedeu, em tempo útil, à materialização da proposta na sua totalidade.”

Face ao acontecido, o “Município da Póvoa de Varzim decidiu aceder à vontade expressa pelo Estado Português de dar, a partir de agora, o devido seguimento judicial ao caso, por forma a salvaguardar, em nome da comunidade poveira, a valorização, proteção e preservação do património imaterial nacional.”

De salientar que a empresa Tory Burch após ter mudado o nome da camisola à venda no seu site para “Póvoa de Varzim – inspired sweater”, decidiu retira-la do site.

Reproduz-se, na integra, a notícia veiculada pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim:

“O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim confirma que foi contactado, pela primeira vez ontem ao final da tarde, por uma representante da empresa Tory Burch que, em nome da marca, reconheceu a gravidade do episódio, lamentou o sucedido e se disponibilizou, de imediato, a agilizar a reparação dos danos causados à comunidade poveira por este ato irrefletido e indevido de apropriação cultural. 

Apesar de agradecer o inevitável reconhecimento público do erro por parte da empresa, o Município da Póvoa de Varzim reitera agora o mesmo que comunicou aos representantes da marca, desde o primeiro momento – o pedido de desculpas não é suficiente.

O mesmo deve fazer-se acompanhar, imperiosamente, de uma justa reparação à comunidade poveira; em particular aos artesãos locais que, há mais de 150 anos, se dedicam à elevação da nossa identidade histórica e cultural através do fabrico da Camisola Poveira, com recurso a técnicas ancestrais e artesanais com origem no concelho da Póvoa de Varzim.

Esta condição base de restauração necessária imposta pelo Município da Póvoa de Varzim, em defesa da honra do património imaterial e identidade comunitária que orgulhosamente representa, traduziu-se na proposição das seguintes cláusulas:

  1. Estabelecimento de contacto direto entre a empresa Tory Burch e os artesãos da Póvoa de Varzim que se dedicam à confeção da Camisola Poveira, para a promoção de iniciativas conjuntas no futuro, visando a concertação de esforços com vista à elevação do artesanato local, a partilha de boas práticas e à construção de uma relação institucional entre o Município e a empresa, baseada em valores de boa fé, cooperação e consciencialização da diversidade cultural;
  2. A produção e confeção de um novo modelo ou versão da camisola ou de qualquer outro item ou peça de roupa/vestuário com símbolos, referências ou inspirações na cultura poveira, que a empresa Tory Burch pretenda comercializar de futuro, deve ser obrigatoriamente feito em Portugal, pelos artesãos locais radicados na Póvoa de Varzim;
  3. Financiamento por parte da empresa Tory Burch, em termos e condições a definir, da criação de um centro de formação de artesanato dedicado à profissionalização da confeção da Camisola Poveira, cuja instalação terá lugar no Centro Empresarial da Póvoa de Varzim;
  4. Continuação da identificação da inspiração na Póvoa de Varzim na designação doproduto comercializado com a referência da Camisola Poveira, pela empresa Tory Burch;
  5. Continuação da divulgação da origem, importância histórica, contextualização cultural e ligação direta àhiperligação do site da CMPVna caixa de descrição do produto comercializado com a referência da Camisola Poveira, pela empresa Tory Burch.

Pese embora o Município da Póvoa de Varzim tenha aberto esta janela de oportunidade de negociações com a empresa, esta não acedeu, em tempo útil, à materialização da proposta na sua totalidade.

Posto isto – e tratando-se da preservação de um ex-libris do nosso concelho com imensurável valor, não só para as gerações de poveiros que veem no mesmo um verdadeiro símbolo representativo de luta da classe popular contra as adversidades, mas também para a restante população portuguesa que, de forma carinhosa e patriótica, acolheu e dignificou esta causa – o Município da Póvoa de Varzim decidiu aceder à vontade expressa pelo Estado Português de dar, a partir de agora, o devido seguimento judicial ao caso, por forma a salvaguardar, em nome da comunidade poveira, a valorização, proteção e preservação do património imaterial nacional.”

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