Carnaval festa pagã, alegria do povo e tragédias pré-anunciadas em terra Brasilis

Hoje uma festa pagã, o carnaval já foi considerado dia religioso pela Igreja Católica.   

carnaval festa pagã
Carnaval festa pagã, alegria do povo e tragédias pré-anunciadas em terra Brasilis - ©Peter Rov

O carnaval uma data, uma festa, um momento que pessoas esperam com grande ansiedade. Seja aonde for na velha Europa ou no chamado “Novo Mundo” Américas.      Hoje uma festa pagã, o carnaval já foi considerado dia religioso pela Igreja Católica.   

O carnaval teria tido suas primeiras raízes na Antiguidade, entre o Egito e a Grécia, em uma comemoração popular que vibrava com a chegada da primavera. A festa marcava o fim do longo inverno e suas vegetações mortas. Era a volta dos dias longos e do sol brilhante, dos frutos nas árvores e dos passarinhos, das flores de todas as cores, da temperatura aceitável, da água para lavar tecidos e tomar banho nos rios. Motivo para agradecer não faltava e a ocasião merecia uma festa regada a vinho e alegria. “No mundo antigo, houveram as festas para Dionísio, os bacanais, onde os próprios deuses visitavam a Terra.

Graças a Deus uma festa pagã

Durante a Idade Média a Igreja Católica adotou a inevitável comemoração primaveril e resolveu incorporá-la como festa religiosa. Para definir uma data, marcou a terça-feira antes da Quarta-feira de Cinzas como a Terça-feira Gorda, Mardi Gras, a última farra onde o povo poderia se esbaldar antes de entrar nos quarenta dias de sacrífico e penitência até a Páscoa. “Quaresma” O berço do carnaval ocidental se encontra na Igreja, apesar dos antecedentes na cultura greco-latina. O próprio nome carnaval lembra esse fato. A palavra é a combinação de duas palavras latinas: “carnis” que é carne e “vale” que é uma saudação, geralmente no final das cartas ou no final de uma conversa. Significa “adeus”. Então antes de começar o tempo da Quaresma que é tempo de jejuns e penitências, se reservaram alguns dias para dizer “adeus” à “carne” .

Nos tempos medievais tudo era regido pela Igreja, os carnavais se realizavam dentro do espírito de alegria e de liberdade permitidas por esta instância. Leigos podiam se vestir de bispos e até de papas. As máscaras eram para esconder as identidades e, no fundo, para dizer que tudo na sociedade e na Igreja são máscaras. Bobos somos todos que as tomamos a sério e cremos nela. Mas chega um momento que nos damos conta de que, as máscaras são apenas máscaras e que os papéis sociais são criados e distribuídos conforme a vontade dos que detém o poder ” Opinião do jornalista que o relata este texto”.

No Concílio de Trento, em 1545, a comemoração foi liberada pela Igreja e passou a ser assumida como uma festa pagã. “Na medida em que a sociedade foi separando o sagrado do profano, o carnaval escapou do controle da Igreja. Ganhou sua identidade própria. Mas o seu significado básico continua o mesmo. O importante é que seja feito pelos populares, por aqueles que socialmente nada contam. No carnaval eles contam, são aplaudidos quando normalmente são eles que devem aplaudir”.

Quando passa a ser assumidamente do povo, a pândega já era comemorada com muito entusiasmo em vários lugares. Os venezianos adotaram fantasias que lhe permitiam cometer todo tipo de excesso e loucura. As máscaras das personagens da Commedia dell’arte protegiam o rosto dos foliões e eliminavam a diferença entre sexos e classes sociais. A festividade na Itália já era tão consolidada que a partir do Século 13 já tinha sido oficializada como feriado e recebeu o nome de Carnaval.

A festa pagã do Carnaval pelo Brasil

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, trouxeram com eles a religião católica, as festas pagãs. Diferentes de outros colonizadores, os portugueses se misturam, essa miscigenação distribalizou índios, desafricanizou negros e deseuropeizou brancos, fazendo nascer o festivo povo brasileiro.

As festas que cruzaram o oceano com os ventos do Século 17, estava a farra de carnaval que antecedia a Quaresma. Para a comemoração, os portugueses disseminaram o entrudo, uma espécie de brincadeira de rua onde escravos e a população faziam um lançamento mútuo de água (nem sempre limpa) e diferentes tipos de farinha. Os foliões ficavam todos lambuzados de alegria. A farra era tanta que durante a Colônia e o Império, o entrudo chegou a ser proibido diversas vezes. Até mesmo D. Pedro II, dizem os historiadores, gostava de brincar, jogando água nos nobres na Quinta da Boa Vista.

Nas ruas surgiram os cordões carnavalescos. Considerados resíduos dos cucumbis, uma festa popular marcadamente africana levada pelo som de ganzás, chocalhos, tamborins, marimbas e pianos-de-cuia. No cucumbi já se fazia o uso de fantasias para personagens, com rei, rainha e o capataz, mas também o rei negro, o caboclo índio e o quimboto feiticeiro. A ideia de inversão social de papéis nessa festa popular ganhava força também no Brasil, revelando grande significado sociológico e antropológico. “É uma sociedade que tinha muito escravo, que tinha esses elementos culturais, sim. Mas no Brasil se tem preconceito, mas não se tem segregação”, explica daMatta fazendo uma menção ao Mardi Gras comemorado na Congo Square de New Orleans, onde a segregação era marca do carnaval. A festa pagã do “carnaval é especialmente importante para os afrodescendentes, que sempre estiveram por baixo, eram os invisíveis. Agora se tornam visíveis, mostram a humanidade que lhes tinha sido roubada e continua ainda a ser roubada. Daí que no carnaval mostram todo o seu potencial criador. É clara a função social terapêutica da festa onde todos podem se recriar, dar vazão ao seu imaginário. “Essa reviravolta, para acontecer, deve vir acompanhada de uma mudança de consciência; daí a importância da bebida e da comida: elas alteram as relações entre todos. O tempo da liberdade de cada um ser, pelo menos por um momento, aquilo que gostaria de ser”.

Ps. Enquanto preparávamos este artigo boa parte do Brasil, sofre com a força das chuvas e deslizamentos de terras, como em todos os verões e carnavais, mais algumas tragédias pré-anunciadas.

aNOTÍCIA.pt

 

NOTA: texto redigido em português do Brasil