Este domingo, 28 de julho, foi assinalado o Dia Nacional da Conservação da Natureza. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) orgulha-se do trabalho desenvolvido por todos os seus trabalhadores, técnicos e dirigentes, mas também pelos parceiros em diversos projetos de conservação e pelos cidadãos empenhados e ativos, no caminho da preservação do património natural nacional, que em muito contribuíram, no último ano, para a melhoria e recuperação de habitats e de espécies.
No âmbito do programa LIFE Lynxconnect, os esforços das autoridades portuguesas e espanholas levaram a que, recentemente, o lince-ibérico (Lynx pardinus) tenha passado do estatuto “Em Perigo” para ser classificado como “Vulnerável” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). De acordo com o último Censo do Lince- ibérico, a espécie superou a barreira dos 2 000 exemplares em 2023, 1 730 em Espanha e 291 em Portugal, estando a ser encetadas uma série de ações, em parceria com os municípios do Sabugal e de Penamacor, para preparar um possível regresso do lince à Serra da Malcata.
No Estuário do Sado, há 40 anos que decorre a monitorização e proteção da população de golfinhos roazes-corvineiros (Tursiops truncatus), atualmente com 27 indivíduos, sendo esta uma de três populações residentes de que se tem conhecimento em toda a Europa. Através da iniciativa “Proteger os Golfinhos”, o ICNF promove, ainda, ações de sensibilização da população local, turistas e visitantes, alertando para a singularidade da população que ali habita e para os cuidados a ter na navegação aquando do avistamento e aproximação a estes animais.
Em janeiro de 2024, foi criado o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado (PNMRA-PV), que se estende ao longo da costa de Albufeira, Lagoa e Silves, a primeira área marinha protegida a ser criada na costa de Portugal Continental no século XXI.
De forma a assegurar uma gestão eficaz, transparente e integrada nas Zonas Especiais de Conservação (ZEC), o ICNF já concluiu a consulta pública concluída dos Planos de Gestão para mais de 90% das ZEC em Portugal Continental, definindo objetivos e medidas de conservação, período de vigência e respetivo programa de acompanhamento para estes territórios.
No âmbito do projeto “Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha, o ICNF continua a promover a nidificação do abutre-preto, uma ave necrófaga com o estatuto “Criticamente em Perigo” em Portugal, sendo, igualmente, considerada de interesse comunitário e prioritária no contexto da Diretiva Aves. Recentemente, foi descoberta mais uma colónia desta espécie na Vidigueira, passando para cinco o número de colónias conhecidas de abutre-preto no país.
A proteção da águia-caçadeira, ou tartaranhão-caçador (Circus pygargus), prossegue, com os agricultores cada vez mais sensibilizados para a importância da proteção dos ninhos desta espécie que encontra nas searas as condições ideais para nidificar. Além da intervenção no habitat natural (in-situ), o programa de resgate e salvamento inclui também uma componente de conservação fora do ambiente natural (ex-situ), com a recolha dos ovos mais expostos a predação e outras ameaças para incubação, treino de voo, anilhagem e libertação. Em 2023, foram libertados no Alentejo, em parceria com a Liga para a Proteção da Natureza (LPN), 17 exemplares desta espécie nascidos em cativeiro.
Destacam-se, ainda, os esforços de conservação da águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) em Portugal e em Espanha, espécie que esteve extinta no nosso país entre 1980 e 2003. Os esforços de proteção incidem na correção de linhas elétricas de alta perigosidade e no combate ao uso ilegal de iscos envenenados. Em 2023, foram observados em Portugal 21 casais reprodutores e 20 crias voadoras, registando-se um aumento de cerca de 60% da população da espécie nos últimos anos.
O ICNF regista, também, com satisfação a adoção do Regulamento do Restauro da Natureza a nível europeu, que permitirá restaurar, pelo menos, 20% das zonas terrestres e marítimas da União Europeia até 2030, e de todos os ecossistemas que necessitam de restauro até 2050.
“Celebrar a conservação da natureza é um direito e um dever de todos nós. A perda da biodiversidade, a gestão dos recursos, a exploração justa e sustentável e o restauro são desafios globais e exigem o envolvimento de toda a sociedade”, considera Nuno Banza, presidente do Conselho Diretivo do ICNF.
O Dia Nacional da Conservação da Natureza, instituído pela Resolução do Conselho de Ministros (RCM) n.o 73/98, de 29 de junho, pretende homenagear o movimento associativo de defesa do ambiente através de uma das suas mais prestigiadas instituições, a Liga para a Proteção da Natureza, criando um momento anual de especial reflexão sobre a temática da conservação da natureza.