Exposição “Rumo ao Infinito – Vista Alegre, 200 anos de criatividade” no Palácio da Ajuda

Em ano de celebração, a Vista Alegre, reúne numa exposição, um acervo ímpar no Palácio da Ajuda, um dos espaços mais emblemáticos de Portugal

Exposição Vista Alegre
Exposição “Rumo ao Infinito – Vista Alegre, 200 anos de criatividade” no Palácio da Ajuda - ©Armando Saldanha (Aldrabiscas)

A exposição “Rumo ao Infinito – Vista Alegre, 200 anos de criatividade”, inaugurada esta tarde pelo Presidente da República, no Palácio Nacional da Ajuda, é uma importante celebração do legado da marca Vista Alegre. Com um acervo que ultrapassa as 400 peças, a mostra é resultado de um cuidadoso trabalho de museologia e curadoria, sob a supervisão de Filipa Oliveira e Anísio Franco, em colaboração com a Diretora do Museu Vista Alegre, Filipa Quatorze. Este trabalho visou criar um diálogo harmonioso entre diferentes épocas, enfatizando a interligação entre o passado, o presente e o futuro da marca.

Um destaque especial da exposição é a instalação “Continuum”, da artista plástica britânica Clare Twomey, que foi criada especificamente para esta ocasião. Esta obra não só homenageia a Fábrica Vista Alegre, como também ressalta o compromisso da marca com a qualidade e a excelência que a caracterizam ao longo de dois séculos de atividade. A exposição é, portanto, uma oportunidade única para apreciar a evolução de uma das mais emblemáticas marcas de cerâmica e porcelana, num ambiente que valoriza a arte e a cultura.

Ao longo das salas desta exposição, o P 06 Studio, sob a direção criativa de Nuno Gusmão, recriou o universo da Vista Alegre com uma abordagem que combina tradição e inovação. Na Sala D. João IV, o visitante é introduzido no lifestyle da marca, com destaque para o mobiliário, iluminação, têxteis, cutelaria, cristal e porcelana, evidenciando a visão contemporânea e o futuro promissor da Vista Alegre.

A exposição começa na Sala dos Embaixadores, onde uma viagem cronológica explora o génio artístico e a excelência da marca. Com cerca de 400 obras históricas e centenas de peças em “chacota” (só com uma primeira cozedura) a exposição destaca momentos-chave da evolução da Vista Alegre, homenageando os artesãos que contribuíram para os 200 anos de legado da empresa. Este percurso não só celebra o passado, mas também aponta para o papel visionário da Vista Alegre como pioneira no seu tempo, moldando o futuro da porcelana e do design.

Destas cerca de 400 peças podemos destacar a raríssima “Chávena com Pires”, com decoração a ouro e rosa, ostentando medalhões policromados com “figuras alegóricas”, tendo o medalhão central a legenda “D. Izabel Maria”. Um conjunto da “Primeira Fornada em Grande da Fábrica da Vista Alegre”, que foi recentemente leiloado no Leilão Especial dos 200 Anos e que foi adquirido pela Vista Alegre.

Trata-se de uma das duas primeiras peças conhecidas produzidas pela Fábrica, destinada à Infanta Dona Isabel Maria (1801-1876), filha do rei D. João VI e regente do Reino (1826-1828); o “Refrescador” (2003) com decoração de Júlio Pomar; e a taça “Ouro sobre Azuis” (1997 – 2009), da autoria de Eduardo Nery.  Estas são apenas algumas das peças que se destacam nesta exposição que percorre a história da marca.

Ao longo desta jornada imersiva, os visitantes têm a oportunidade de assistir a vários conteúdos em vídeo, que proporcionam um olhar mais profundo sobre a herança e os processos criativos da Vista Alegre. A experiência culmina numa outra majestosa sala do Palácio, onde a instalação Continuum, da artista Clare Twomey, destaca a origem primordial de tudo: a matéria.

Nesta instalação, uma cascata de barbotina ocupa a Capela, convidando os visitantes a mergulharem nos sentidos através do som, brilho e movimento fluido da porcelana em estado líquido. Enaltecendo os artesãos que fizeram e fazem parte da história da marca, os visitantes poderão apreciar a arte do trabalho da Manufatura da Vista Alegre através da presença de um(a) pintor(a) que estará, ao vivo, a executar a sua arte. E como não há celebração sem música, toda a exposição terá como tema de fundo a composição especial de Rodrigo Leão, “Valsa Alegre”, para a celebração do bicentenário.

A Vista Alegre é um exemplo marcante de resiliência e excelência no panorama industrial global. Com 200 anos de história, destaca-se pela raridade da sua longevidade e pela constante inovação e adaptação. O sucesso da marca assenta na busca incessante pela qualidade, presente em cada detalhe das suas peças, desde a seleção dos materiais até aos acabamentos, enriquecidos pelo talento dos seus artesãos e rigoroso controlo de qualidade.

Fundada em 1824 por José Ferreira Pinto Basto, a Vista Alegre tornou-se um ícone da porcelana de alta qualidade, representando o melhor de Portugal no mundo. Apesar dos desafios, incluindo um período crítico de perda de valor, a marca foi revitalizada em 2009 pelo Grupo Visabeira, iniciando um novo capítulo de recuperação e expansão global.

Hoje, a Vista Alegre alia tradição e inovação, posicionando-se na vanguarda do setor. Com uma herança incomparável e uma visão orientada para o futuro, continua a encantar com peças que são símbolos de arte, história e excelência.

É esta história fascinante que ganha vida na exposição do Palácio Nacional da Ajuda, aberta ao público de 22 de novembro de 2024 a 31 de maio de 2025. A exposição poderá ser visitada de quinta-feira a terça-feira, das 10h às 19h.

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