Divórcio cinza ou separação tardia

O divórcio cresce entre as pessoas com mais de 50 anos, impulsionado por autoconhecimento e novos recomeços.

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Divórcio
Divórcio cinza ou separação tardia? - ®DR

O divórcio reflete mudanças nas relações familiares, sociais e legais ao longo do tempo. 

Após anos de atendimentos e pesquisas, a psicóloga gaúcha Daniela Salgado referência na chamada “Psicologia Sistêmica”. Explica seu ponto de vista e entendimento sobre a psicologia familiar e atendimento para com pessoas 50+. Com foco no aumento da expectativa de vida com qualidade, autoconhecimento, independência financeira e busca por novos objetivos.

Daniela exemplifica abaixo. 

Divórcio cinza 

A visão do divórcio cinza é positiva, segundo a psicóloga! O título deste texto nos mostra que a terceira idade, onde já em sua maioria tem os cabelos brancos ou prateados, vem buscando na psicologia um entendimento sobre a vida nos pós 50s. A base é esta abaixo.             

Principais motivos para o divorcio cinza           

Saida dos filhos de casa, antes “Síndrome do ninho vazio”, agora novas possibilidades. A nova geração da maturidade, entende que existe muita vida a ser explorada, para vivenciá-la com qualidade. Com mudanças comportamentais e sociais, tendo assim um sentimento de menor estigmatização do divórcio.  

Mudanças Positivas                                                                                                                                              Hoje os divorciados (Cinza) Viajam, trabalham, fazem transição de carreira, buscam novos propósitos e objetivos, casais podem seguirem em rumos diferentes! Não mais, aceitando um casamento morno. O “Autoconhecimento” é outro fator, já sabem o que querem sabendo mais ainda o que não querem. Neste relato acima, Daniela Salgado afirma que o divórcio cinza é positivo. 

Exemplos de pessoas, que buscaram ajuda na psicologia   

Ana Katarina Gomes 55 anos, De Recife-PE. 

Separada havia 5 anos, foi casada por 28 anos! Deste relacionamento tem 2 filhos Ayron e André. Explica como foi a transição de casada para divorciada. Os primeiros anos foram bem difíceis. Após 28 anos de uma vida compartilhada de total dedicação à família, a separação, há cinco anos, foi como perder uma parte de mim. No começo, me sentia muito sozinha, até meio perdida. A casa ficou silenciosa, a rotina mudou completamente. Tive momentos de profunda tristeza, tive que fazer tratamento com psicólogos, cheguei a questionar tudo o que tinha vivido, minha força para seguir em frente veio pelo amor que tenho aos meus filhos, eles me incentivaram muito nessa etapa tão difícil da minha vida e foi por eles que superei tudo. Filhos que em março deste ano me presenteou com uma viagem para Europa em família Eu e Eles. 

De repente, me vi tendo que redescobrir quem eu era fora daquele relacionamento. Foram muitas emoções misturadas dor, alívio, medo, liberdade. Com o tempo, fui entendendo que a separação não era um fim, mas o início de uma nova fase. Aprendi a me ver a me amar acima de tudo. 

A aposentadoria coincidiu com esse momento, o que me deixou ainda mais vulnerável, mas também abriu espaço para refletir e cuidar de mim. Voltar a estudar tem sido um dos meus suportes, um grande desafio. Voltar para universidade após 30 anos, me mantém ativa, focada e com a mente aberta para novos aprendizados. 

Ainda sinto falta de algumas rotinas, mas hoje me sinto mais inteira e em paz comigo mesma. Enxergo a separação como um processo doloroso, mas também como uma oportunidade de me redescobrir como mulher e como pessoa, tem sido libertador. Claro, ainda há dias difíceis, mas agora tenho mais clareza do meu valor e do que eu quero para mim. 

A terapia me ajudou a validar os meus sentimentos — a raiva, a tristeza, o medo, a culpa. Ao invés de fugir delas, aprendi a reconhecê-las como parte natural do processo. Também pude olhar com mais clareza para os padrões que existiam no relacionamento, sem me culpar excessivamente ou colocar o outro em um pedestal. Concluindo Ana Katarina. 

Monica Xavier -52 anos jornalista, De São Paulo capital. 

Separada há 8 anos. Esteve casada por 15 anos. Foi muito difícil tomar a decisão de me separar. Tive um casamento feliz, amei e fui amada, mas aos poucos fui percebendo interesses diferentes. Eu queria mais do que aquele relacionamento monótono e ele estava feliz e sem grandes planos para o futuro. Foram cerca de dois anos de observação, prós e contras até eu que decidisse que aquilo não me traria mais felicidade e que eu não poderia fazê-lo feliz. Para mim foi difícil, principalmente na questão financeira. Não tinha uma renda contínua, era autônoma e venho me reinventando profissionalmente desde então. Ainda com tamanhas dificuldades, sempre tive a certeza de que tinha tomado a melhor decisão. Me sentia em paz, hoje, tenho um namorado com quem compartilho a vida, mas morando em casas separadas. O relacionamento tem funcionado bem assim. 

aNOTÍCIA.pt

Fontes: Daniela Salgado – Psicóloga CRP -08654  (@psicologadanielasalgado)

NOTA: Texto redigido em português do Brasil