Fogos ateados com simples engenhos


Basta um pequeno isqueiro para atear um grande fogo, mas há outros engenhos artesanais usados para provocarem os maiores incêndios florestais. São ideias básicas em mentes à venda ou doentias, que são deixadas a arder mais lentamente para o incendiário ter algum tempo para se afastar da zona.

Garrafas de plástico com gasolina e com um pau dentro já com a ponta exterior em chama é um dos engenhos que é usado por mãos criminosas. Se a chama se manter, assim que chegar à gasolina dá-se a explosão que propaga o fogo. Um cigarro acesso com fósforos amarrados e lançado para a mata é outro dos métodos utilizado pelos incendiários. São apenas alguns segundos até o lume chegar às cabeças dos fósforos e pegar o fogo ao restolho florestal, mas é suficiente para a fuga.

Alguns dos engenhos apagam-se e alguns são encontrados por populares, bombeiros e autoridades, permitindo assim possíveis provas, nomeadamente impressões digitais. Com prevenção e vigilância os presumíveis incendiários têm sido detidos em zonas onde foram encontrados engenhos deste tipo.

Autarca de Gondomar revoltado

Nos incêndios em Gondomar, distrito do Porto, foram encontrados alguns por deflagrar e o próprio presidente da câmara, Marco Martins, lançou um apelo no Facebook para a população que encontrar algum objeto suspeito, comunique às autoridades. Marco Martins manifestou-se revoltado: “Desculpem mas vou ser mal educado. FILHOS DA P….. CRIMINOSOS. Este é apenas um dos vários engenhos que foram encontrados esta tarde em Gondomar junto a locais onde deflagraram incêndios… este e outros que não chegaram a arder, curiosamente colocados na linha de fogo. PF todas as informações façam chegar às autoridades com o máximo de elementos possíveis”.

100 mil hectares ardidos

Desde o início do ano, a GNR encaminhou para tribunal três mil autos, identificou cerca de 300 suspeitos e deteve dez pessoas pela prática do crime de incêndio. A Polícia Judiciária deteve 30 suspeitos. A grande maioria dos casos reporta às últimas semanas, durante os maiores incêndios que consumiram o país, com especial gravidade no Funchal, Madeira, onde três pessoas morreram vítimas dos fogos e muitas outras viram as casas a arder.

 Norte e Centro foram também zonas muito fustigados pelas chamas, que devorou floresta e algumas habitações.

Até agora a área ardida em Portugal atinge os 100 mil hectares, o equivalente a 100 mil campos de futebol. E o tempo quente e seco promete não dar tréguas.